Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Ao afundar a emenda que acabava com a pouca-vergonha dos suplentes parentes, um pequeno grupo de senadores mostra que não ouve a voz das ruas — nem dá atenção para mínimos padrões de decência

Edison Lobão, Edson Lobão Filho; Garibalde Alves Filho e Garibaldi Alves (Fotos: ABr :: Câmara :: Ag. Estado :: Folhapress)

Edison Lobão (PMDB-MA) foi nomeado ministro das Minas e Energia, e então o filho, Lobão Filho, virou senador -- sem ter tido um só voto; Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN) foi para a Previdência Social -- mas deixou no Senado, com plenos poderes de senador, o pai, Garibaldi Alves (Fotos: Agência Brasil :: Câmara :: Agência Estado :: Folhapress)

É de se perguntar como é possível, no atual clima do país, com milhões de brasileiros indo às ruas para protestar contra uma longa lista de barbaridades, um pequeno grupo de senadores tenha a cara de pau de fazer naufragar, no Senado,  a proposta de emenda à Constituição (PEC) que proibia que senadores escolhessem como suplentes seus cônjuges ou parentes de até segundo grau – como filhos, irmãos, pais e primos.

E vejam só, amigas e amigos: o projeto era parte da “agenda positiva” do Congresso em resposta às manifestações das ruas… Proposta pelo senador José Sarney (PMDB-AP) — ponto para ele, que já tanto critiquei  neste blog –, a PEC também abolia a figura do segundo suplente.

(Fotos: Folhapress :: Câmara :: Ag. Estado :: Arquivo)

Íris Resende (PMDB-GO), atual prefeito de Goiânia, colocou a mulher como suplente quando era senador. Para disfarçar, quando ela assumiu adotou o nome de solteira, de Íris de Araújo; depois, acabaram se separando. O atual deputado Jader Barbalho (PMDB-PA), quando senador, não viu o menor problema ético em colocar como seu suplente o pai, Laercio Barbalho (Fotos: Folhapress :: Câmara :: Agência Estado :: Arquivo)

Continuamos, então, com essa pouca-vergonha de republiqueta de bananas — nem elas, na verdade, devem ter coisa parecido — de ver maridos, esposas, pais, filhos, tios e primos suplentes de senadores e assumindo o lugar do titular sem ter tido um só voto. Esta página está coalhada de exemplos, atuais e passados, de políticos que não tiveram o menor pejo em beneficiar a parentela na hora de se apresentar como candidato perante o eleitorado.

Mas nunca se viu, nem se vê, candidato na televisão avisar o eleitor que o suplente é seu parente.

ACM e Antonio Carlos Júnior; Acir Gurgacz, Assir Gurgacz (Fotos: Ag. Senado :: Jornal Diário da Amazônia)

ACM (DEM-BA), falecido em 2007 -- um ácido crítico de tudo e de todos -- achou normalíssimo ter o filho, Antonio Carlos Júnior, como seu suplente; Júnior assumiu após a morte do pai e exerceu o cargo até o começo de 2011; Acir Gurgacz (PDT-RO) incidiu nos dois itens questionados da questão dos suplentes de senador: seu suplente é o pai, Assir Gurgacz, milionário que vive no Paraná e que financiou sua campanha (Fotos: Agência Senado :: Jornal Diário da Amazônia)

Atenção: não é que a PEC não tivesse obtido grande apoio no Senado. Façamos justiça ao Senado: dos 65 senadores presentes à votação, ontem à noite, 46 votaram a favor. Infelizmente, porém, por mandato constitucional, o número de “sim” não chegou aos 49 — três quintos dos 81 senadores — necessários.

A ausência de dezesseis senadores ajudou a enterrar o projeto. O mais imoral de tudo — embora seja legal – é que a derrubada da PEC teve o apoio de oito dos atuais 16 suplentes que exercem o mandato. Anotem os nomes deles: Antonio Carlos Rodrigues (PR-SP) — SUPLENTE DA SENADORA MARTA SUPLICY, ANOTEM AÍ –, Ataídes Oliveira (PSDB-TO), Clésio Andrade (PMDB-MG), Eduardo Lopes (PRB-RJ), Gim Argello (PTB-DF), Ruben Figueiró (PSDB-MS), Wilder Morais (DEM-GO) e Zezé Perrella (PDT-MG).

Perrella envergonhou ao senador que substituiu por morte — o ex-presidente Itamar Franco (PPS), homem de bem que certamente teria votado a favor do fim desse absurdo.

O senador Roberto Requião (PMDB-PR), um dos maiores críticos “de tudo isso que aí está”, metido a moralizador e palmatória do mundo, votou pela MANUTENÇÃO da atual obscenidade, vendo na PEC um “moralismo udenista” e classificando a proposta de “irracional”.

Anotem aí, eleitores do Paraná: Requião, que recheou de irmãos e outros parentes sua administração quando governador do Estado nas últimas duas gestões (2003-2010), é perfeitamente coerente

http://veja.abril.com.br/blog/ricardo-setti/

Exibições: 160

Comentar

Você precisa ser um membro de Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI para adicionar comentários!

Entrar em Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Comentário de Romildo de Paula Leite em 12 julho 2013 às 9:12

   Quando as manifestações pararem e os políticos perderem o medo as bandalheiras voltarão.

Comentário de petrúcio josé rodrigues em 12 julho 2013 às 7:36

NA VERDADE OS ANIMAIS SEMPRE PROTEJEM SUAS CRIAS. OS LOBOS TAMBÉM AGEM ASSIM, PRINCIPALMENTE, QUANDO SÃO ASSESSORADOS POR ARTISTAS (OS GARIBALDES DA VIDA).

SER EMPOSSADO SENADOR SEM QUE HOUVESSE NENHUM VOTO, ESTÁ CERTISSIMO. ISTO OCORRE COM FREQUÊNCIA NO MUNDO ANIMAL.

Comentário de petrúcio josé rodrigues em 12 julho 2013 às 6:59

na verdade, esta e a CARA  DA  CORRUPÇÃO BRASILEIRA, QUE PARTE DOS POLÍTICOS DE LEGISLAM.

LESGISLAM SEMPRE EM CAUSA PRÓPRIA.

AI ESTÃO A VERDADE EXPLICITA.

SABE-SE CARO ROMILDO LEITE, QUE A PENELA  ESTÁ EM "EBULIÇÃO". O CALDO TRANSBORDARÁ LOGO, LOGO.

Comentário de Romildo de Paula Leite em 10 julho 2013 às 10:26

O senador Roberto Requião (PMDB-PR), um dos maiores críticos “de tudo isso que aí está”, metido a moralizador e palmatória do mundo, votou pela MANUTENÇÃO da atual obscenidade, vendo na PEC um “moralismo udenista” e classificando a proposta de “irracional”.

Comentário de Romildo de Paula Leite em 10 julho 2013 às 10:24

Continuamos, então, com essa pouca-vergonha de republiqueta de bananas — nem elas, na verdade, devem ter coisa parecido — de ver maridos, esposas, pais, filhos, tios e primos suplentes de senadores e assumindo o lugar do titular sem ter tido um só voto.

© 2024   Criado por Textile Industry.   Ativado por

Badges  |  Relatar um incidente  |  Termos de serviço