Plataformas reavaliam taxas para restaurantes e entregadores e destacam a pluralidade de serviço para chamar a atenção dos consumidores que buscam agilidade e conveniência.
Campanha do iFood usa personalidades para questionarem o nome do aplicativo em relação a sua ampla gama de entregas (Crédito: Divulgação)
O cenário dos aplicativos de entrega apresenta um novo momento de competitividade no Brasil. Seja por meio de parcerias estratégicas, revisão das taxas ou entrada de novos serviço no País, os players do segmento parecem dispostos a brigar, de forma mais incisiva, pela preferência do público.
Nas últimas semanas, iFood, Rappi e 99Food anunciaram investimentos para ampliar sua presença de marca não apenas entre o público, que já se habituou a pedir comida ou outros itens do dia a dia em suas casas, como também entre os entregadores e restaurantes, pilares fundamentais para o funcionamento do modelo de negócios desses aplicativos.
Além da competitividade entre si, essas plataformas devem também começar a disputar no segmento com aplicativos que ainda não são conhecidos dos brasileiros, mas também pretendem conquistar território no País.
Nesta semana, a plataforma chinesa Meituan anunciou um investimento de R$ 5 bilhões no Brasil para trazer ao País o Keeta, seu aplicativo de entregas.
Parte de um pacote de investimentos apresentados durante o Fórum Empresarial Brasil-China, em Pequim, há alguns dias, a versão nacional do app chinês prevê a geração de 100 mil empregos diretos e indiretos nos próximos anos, além da instalação de uma central de atendimento, que deve ser localizada na região Nordeste.
O Brasil é visto como um mercado potencial para o Keeta, que por enquanto opera somente em Hong Kong e em algumas cidades da Arábia Saudita.
Antes do anúncio da vinda da Keeta ao Brasil, também veio da China outro movimento que deve influenciar o cenário dos aplicativos de entregas no País.
A DiDi’s International Business Group, holding chinesa proprietária do aplicativo 99, comunicou, em abril, que investirá mais de R$ 1 bilhão para retomar o 99Food, app do grupo dedicado apenas à entrega de alimentos.
O 99Food não é desconhecido dos brasileiros: o aplicativo foi lançado em 2019, mas encerrou suas operações no fim de 2023, sob justificativa de que a companhia chinesa havia preferido concentrar os esforços na expansão das entregas e transportes por motos.
Agora, a situação mudou e a 99 deixou clara a intenção de investir na missão de redefinir a experiência digital no Brasil, de acordo com a própria companhia.
O objetivo da marca é fortalecer sua posição como um super app, um aplicativo completo pelo qual as pessoas podem ter acesso a serviços financeiros, de mobilidade e, também, de entrega de comida.
Em entrevista ao Meio & Mensagem, Bruno Rossini, diretor de comunicação da 99, falou sobre o retorno do aplicativo de delivery de comida ao Brasil. Ele relatou que a empresa procurou ouvir os restaurantes para entender como poderiam melhorar o serviço de entrega, bem como os desafios e oportunidades.
“Percebemos que eles buscavam uma alternativa, não apenas, mas também os clientes e os próprios entregadores parceiros, como os motociclistas. Todos queriam mais opções no mercado, que promovessem concorrência e empurrassem os serviços para um padrão mais elevado de qualidade”, disse.
Segundo Rossini, a estratégia da 99Food será oferecer uma alternativa acessível, com refeições mais baratas e preços justos tanto para os restaurantes quanto para os consumidores, além de posicionar-se como um parceiro real dos pequenos e médios negócios, apoiando na logística e impulsionando sua presença em plataformas de marketing e aquisição de clientes.
A 99Food já disponibilizou sua plataforma de autoatendimento para cadastro de restaurantes já está disponível para estabelecimentos de todo o País. Os comerciantes cadastrados não precisarão pagar comissão nem mensalidade por 24 meses e terão acesso imediato aos mais de 55 milhões de usuários.
Os restaurantes podem escolher entre dois modelos: Full Service, onde a 99Food cuida de todo o processo, com taxa de entrega fixa conforme a distância; e Marketplace, onde o restaurante recebe pedidos via 99Food, mas faz a entrega por conta própria.
Enquanto a 99Food investe para retomar seu serviço de entrega de comida no Brasil, o iFood, líder do segmento no País, quer reforçar, perante o público, que sua atuação vai muito além do delivery de alimentos.
Em maio, a empresa apresentou aos consumidores o posicionamento “iFood é Tudo Pra Mim”, por meio de uma campanha assinada por Nizan Guanaes, em parceria com a equipe de consultoria da NIdeias e a agência DM9.
O movimento destaca principalmente as outras categorias disponíveis no app, como mercado, farmácia, pet shop e shopping, reforçando que a plataforma vai além do delivery de restaurantes. Ao longo de 2024, essas categorias cresceram 50% em volume de pedidos e faturamento, segundo a empresa.
“Essa categoria se tornou ainda mais relevante com a chegada da Covid-19 dada a necessidade crescente por conveniência naquele momento. A partir daí, começamos a expandir nossas categorias. Porém, o fato de o iFood atuar com outras verticais além de comida já não é exatamente uma novidade”, ressaltou Ana Gabriela Lopes, CMO do iFood, em entrevista ao Meio & Mensagem.
A marca, inclusive, está brincando com seu próprio nome nas campanhas, sugerindo que a oferta de delivery de tantos produtos pode soar estranho para quem tem a palavra ‘food’ no nome.
Nesta semana, como parte da estratégia digital da campanha, o iFood convocou algumas celebridades conhecidas, justamente, por suas falas polêmicas, para debaterem a respeito do nome do iFood. Entre elas, estão Luana Piovani, Craque Neto, Sonia Abrão e Marcia Sensitiva. Em seus perfis, essas personalidades questionam por que o iFood ainda se chama iFood.
Não se sabe, ainda, se os planos da marca contemplam, de fato, uma alteração no nome para refletir a amplitude dos serviços. Porém, na prática, a ideia do iFood de ganhar mais território ficou ainda mais clara pela parceria firmada com a Uber no Brasil.
Divulgada nessa quarta-feira, 14, a estratégia pretende aproximar os serviços de mobilidade e delivery. Quem tiver uma conta no iFood poderá, pelo próprio aplicativo, solicitar uma corrida pela Uber, por meio da nova aba Mobilidade. Já dentro do app da Uber, a aba do iFood ficará visível para que os usuários possam, também, acessar os serviços de entregas.
A integração começa a partir do segundo semestre. “Hoje, apenas cerca de metade dos usuários usa as duas plataformas de maneira recorrente. Então essa parceria representa mais um grande passo na nossa missão de ajudar as pessoas a irem a qualquer lugar e obterem qualquer coisa com um toque”, disse Dara Khosrowshahi, CEO da Uber, no comunicado que divulgou a associação entre as duas empresas.
“O iFood transformou a maneira de pedir comida e itens do dia a dia no Brasil, assim como a Uber mudou radicalmente a forma de os brasileiros se locomoverem. Agora, essa integração marca um grande avanço, com as duas empresas inovando juntas para oferecer uma nova forma de acessar serviços cotidianos”, complementa Diego Barreto, CEO do iFood, no mesmo texto.
Enquanto o iFood foca na conexão com os consumidores, o Rappi decidiu mirar nos restaurantes parceiros. A meta da companhia é dobrar sua base de parcerias, passando de 30 mil para 60 mil estabelecimentos.
Para isso, foi elaborado um plano de ação, apresentado no último dia 5. A estratégia, feita em conjunto com a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), inclui taxa zero para os estabelecimentos e um pacote de benefícios para os entregadores.
Os estabelecimentos que aderirem ao programa do Rappi não pagarão taxas de intermediação e de entregador durante três anos. A única taxa que será cobrada é a de adquirência (valor cobrado pelas empresas de meios de pagamento), fixada em 3,5% do total do pedido.
Felipe Criniti, CEO do Rappi Brasil, explicou sobre os efeitos das taxas em entrevista ao Meio & Mensagem.
“Uma compra de R$ 100 custava R$ 17 para o restaurante. Ele recebia R$ 83. No mercado, essa taxa de venda custava R$ 35 para o restaurante. Ele recebia R$ 65. Com a nova proposta do Rappi, o restaurante paga somente R$ 3,50 e recebe R$ 96,50. Então, a margem sobe e temos perspectiva de crescimento e aumento de volume”, afirmou o CEO.
Já para os entregadores, a empresa preparou um pacote de benefícios com taxas que, de acordo com o CEO, visavam superar as da concorrência. A partir de 1º de junho, os entregadores da modalidade Bike receberão R$ 7 por entrega, enquanto os de Moto e carro, R$ 7,50 (era R$ 6,50).
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