Nos últimos anos, ecossistema ganhou tração no país, mas ainda esbarra em limitações institucionais e disseminação da cultura.
O termo inovação aberta nasceu há 20 anos, cunhado por Henry Chesbrough, professor e diretor executivo no Centro de Inovação Aberta da Universidade de Berkeley. Na época, ele escreveu a obra Inovação Aberta: Como criar e lucrar com tecnologia.
Na prática, a inovação aberta descentraliza a mentalidade de inovação de uma companhia, trazendo outros atores para colaborar e pensar em soluções para os problemas de mercado. A inovação aberta também estimula uma cultura de testagem que diminui o tempo de desenvolvimento.
Entre 2016 e 2020, o número de empresas que se relacionam com startups, por meio de iniciativas de inovação aberta, cresceu quase 20 vezes, de acordo com dados da plataforma 100 Open Startups. O número de companhias que trabalhavam com a modalidade era de 82, em 2016, e saltou para 1.635 em 2020.
Os setores que mais investiram em parcerias com startups estão os de serviços financeiros; alimentos e bebidas; varejo, comércio e serviços de distribuição; energia e serviços profissionais e comerciais.
“O ecossistema de inovação brasileiro vem evoluindo a passos largos nos últimos anos e está cada vez mais diverso. No entanto, quando comparado a outros países, ainda se encontra em uma jornada de crescimento”, explica Carolina Falcoski, gerente de inovação aberta da Nestlé Brasil.
Para checar nesse estágio, os executivos narram que foi preciso ultrapassar uma série de barreiras da cultura corporativa e driblar a falta de mecanismos de articulação institucional e leis específicas.
“Por se tratar de uma jornada em desenvolvimento, alguns processos corporativos ainda não conversam com a dinâmica necessária para operar inovação aberta”, analisa Falcoski. Ela acrescenta: “Desconhecimento e, até mesmo, desconfiança sobre o potencial da colaboração na inovação também são barreiras frequentemente enfrentadas”.
Para Bruno Rondani, CEO da 100 Open Startups, as empresas que já experimentaram a inovação aberta conseguiram criar núcleos fortes para a prática da inovação. No entanto, ainda é preciso desenvolver as lideranças e extrapolar limites corporativos.
“Existe um trabalho grande a ser feito em capacitação de lideranças ambidestras. Gestores e equipes capazes de lidar com as incertezas, complexidades e paradoxos que a gestão da inovação exige”, aponta o CEO da 100 Open Startups.
Ele também orienta as companhias que querem começar um programa de inovação aberta. “Duas recomendações básicas: olhar para dentro, capacitando e criando uma cultura aberta à inovação, e olhar para fora, fomentando e colaborando com o desenvolvimento do próprio ecossistema. Tentar fazer open innovation sem mudar seus paradigmas de gestão é impossível”, descreve.
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