Atividade econômica cai ao menor patamar deste ano
Fonte: Brasilagro
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) de outubro, divulgado ontem, confirma que a desaceleração da economia brasileira não se ateve apenas ao terceiro trimestre. Como previsto pelos economistas, restará aos meses de novembro e dezembro registrar aceleração a níveis históricos para que o indicador não apresente retração pelo segundo semestre seguido.
O IBC-Br aponta queda do nível de atividade em outubro de 0,32% na série dessazonalizada ante o mês anterior. É a primeira vez no ano que o índice ajustado fica abaixo de 139 pontos. O último registro deste patamar foi em dezembro de 2010.
Na série sem correção, a retração foi menor, de 0,23% na comparação mensal. Se comparado a igual período do ano anterior, houve aumento de 0,69%.
Segundo Rafael Bacciotti, economista da consultoria Tendências, a retração era esperada, seguindo o desaquecimento da produção industrial e das vendas no varejo. "A queda realmente foi mais forte que a de setembro. Contudo, o nosso indicador de nível de atividade já apontava para essa retração", afirma Bacciotti. O recuo ficou próximo do previsto pelos economistas mais pessimistas. A mediana das expectativas era de queda da ordem de 0,1%. O mês contribui para a confirmação da piora do cenário interno, que, entre agosto e outubro apresentou retração da atividade econômica em 0,7%. A queda é a maior para três meses desde o primeiro trimestre de 2009. À época, o indicador recuou 2,9%.
Segundo Jayme Alves, economista sênior da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), a economia está piorando em ritmo mais acelerado do que o esperado. "Alguns fatores, como a queda no consumo das famílias e nos investimentos, reforçaram essa trajetória de desaceleração. Só não está pior por causa de atividades como a agropecuária", afirma.
De acordo com pesquisa realizada pela Febraban, 65% dos economistas consultados consideram que o cenário brasileiro está se deteriorando em passo maior que o esperado.
Retomada
Jayme Alves afirma que os últimos meses do ano serão marcados pela volta do crescimento do crédito, o que pode estancar a perda de dinamismo. "A partir de novembro, os dados trarão novidades. Mostrará uma retomada nas concessões de crédito", indica o economista da Febraban.
Para Alves, as medidas macroprudenciais, acionadas ao final de 2010, foram determinantes para a queda no mercado de crédito. "Isso tem um reflexo instantâneo no crédito. Sazonalmente, os últimos meses são fortes. Com essas alterações implementadas pelo Governo, temos um quadro positivo", comenta.
O pacote para estimular o crédito - diminuição do recolhimento compulsório dos bancos e menor nível de requerimento de capital para empréstimos a pessoas físicas - é como uma injeção de ânimo no sistema bancário, afirma Rafael Bacciotti.
"Isso fará com que o consumo no último trimestre seja maior do que no terceiro", diz o economista. "Enquanto que a redução da Selic deve ter seus efeitos observados apenas no próximo ano, esse estímulo, para alguns setores como o automotivo e da linha branca, é instantâneo", complementa Bacciotti.
Para o economista, alguns indicadores como as vendas de veículos pesados, produção de papelão e consumo de energia comprovam o reaquecimento da economia nos últimos meses. "Essa retração já está sendo revertida. Os dados preliminares mostram isso", diz Bacciotti.
Previsão
A Febraban divulgou ontem as estimativas para a economia brasileira. Segundo a Pesquisa de Projeções Macroeconômicas e Expectativas do Mercado para 2011-2012, o Produto Interno Bruto deve apresentar crescimento de 2,9% neste ano e de 3,4% no próximo.
Jayme Alves indica que os economistas do sistema financeiro estão cada vez mais pessimistas com a economia nacional. "Esta pesquisa traz mensagens claras com essas revisões negativas", diz. Na anterior, as projeções indicavam expansão de 3,2% em 2011 e de 3,6% em 2012 (DCI, 15/12/11)
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