BNDES e escolha dos “campeões nacionais”: essa gente nunca aprende!

[Romildo de Paula Leite]

A política de seleção dos “campeões nacionais” é um retumbante fracasso. Não preciso nem citar o Grupo X, de Eike Batista, ou a JBS. Basta mencionar que os desembolsos do BNDES dispararam, chegando a R$ 200 bilhões por ano, e a economia parou de crescer, talvez até caindo em território negativo. A indústria, principal foco das ações do BNDES, é o setor que mais sofre. Claramente a estratégia falhou, como os liberais alertaram.

Simplesmente não funciona essa coisa de concentrar poder no estado, como se os “clarividentes” e “oniscientes” burocratas e políticos tivessem a capacidade de administrar a economia de cima para baixo. Isso gera distorções nos incentivos e na alocação de recursos. Os empresários passam a “investir” em lobby para conquistar subsídios e benesses, em vez de investir em produtividade.

Mas a turma intervencionista nunca aprende, não é mesmo? Afinal, Luciano Coutinho, o presidente do BNDES, é o mesmo que na década de 1980 defendia a Lei da Informática, querendo “proteger” o setor de tecnologia no Brasil para impulsioná-lo. Deu no que deu: atraso tecnológico de décadas em nossa economia.

O economista Marcelo Miterhof, que trabalha no banco, usou sua coluna na Folha hoje para justificar a postura do BNDES, e ainda para sustentar que ela não só não falhou, como precisa de ainda mais intervenção estatal para funcionar. É sério! Para quem tem somente um martelo tudo se parece um prego. Essa gente só consegue enxergar progresso por meio de ação estatal, e quando tudo fracassa, conclui que é preciso ainda mais intervenção. Diz ele:

É preciso mais para que o capitalismo brasileiro “cresça e apareça”, desenvolvendo competências tecnológicas e empresariais em setores inovadores. Para isso, além de financiamento, é preciso articular outros instrumentos: demanda, P&D, câmbio etc. A crítica é menos pelo que foi feito e mais pelo que ainda está por fazer. 

Ou seja, nosso capitalismo de estado precisa de mais um empurrão do… estado! Mais investimento em pesquisa, mais estímulo à demanda (ainda mais?), câmbio (?), etc. O economista do BNDES acha que o governo fez pouco! Se ao menos tudo for mais “articulado”… o câmbio deve ser artificialmente controlado (como se já não fosse), o governo deve cuidar dos mínimos detalhes para “coordenar” a economia toda e fazer com que nosso capitalismo “cresça e apareça”.

É um espanto! Não só ver que muita gente ainda pensa assim, apesar de tantas evidências de que isso não funciona, mas o fato de que essa gente está no poder! Até quando?

Rodrigo Constantino