Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Boa parte do PT já dá como certo que Lula será o candidato do partido em 2014. Se isso acontecer, Campos está fora da disputa

Ouçam as vaias no Mané Garrincha dirigidas contra Dilma.
Ouçam os protestos contra a gastança com a Copa do Mundo.
Ouçam o silêncio ruidoso do Apedeuta.

Anotem aí: é crescente o número de petistas — e de não petistas também — convictos de que será Lula o candidato do PT à Presidência da República em 2014. Na cúpula do partido, há quem considere que “o governo de Dilma acabou”. Há ocorrências curiosas em curso — ou nem tanto. Mesmo depois de ter ficado claro que os protestos estão caindo no colo da presidente — e só por isso ela teve de vir a público —, aparelhos sindicais solidamente dominados pelo partido estão estimulando a ida das pessoas às ruas. Desencanto com o petismo? Não!

A VEJA desta semana traz uma reportagem sobre os funcionários de Gilberto Carvalho que participaram da organização de um protesto, em Brasília, no sábado passado, dia da abertura da Copa das Confederações. Dilma, como vocês devem se lembrar, tomou não uma, mas três vaias estrepitosas no estádio. O malaise já estava no ar, não é? Tentem responder: por que cargas d’água funcionários da burocracia petista, subordinados ao homem mais poderoso no partido depois de Lula, atuariam na organização de um protesto que, caso se generalize, como ameaça acontecer, atinge o governo em cheio? Notem: a equação “hospitais” X “estádios da Copa” não é verdadeira, mas é verossímil quando se conhecem as deficiências da saúde.

No pronunciamento desta sexta (ver abaixo), a presidente tentou negar o óbvio: há, sim, dinheiro público nos eventos esportivos. Estádios que são verdadeiros elefantes brancos, que permanecerão ociosos depois do grande acontecimento, foram erguidos para despertar o ufanismo, o clima de “Brasil pra frente”, de “ninguém segura este país”. Há uma ameaça real de que acabe acontecendo o contrário.

Se o Brasil chega à final da Copa das Confederações, Dilma terá de aparecer no Maracanã. Seu nome será fatalmente anunciado pelo serviço de alto-falantes. Segundo o protocolo, vai discursar. Pelo menos 300 mil pessoas foram às ruas na capital fluminense. Há gente séria falando em mais de 500 mil. O Rio, mais do que São Paulo, resolveu mostrar a sua insatisfação. Uma vaia monumental espreita a presidente. A esta altura, há gente torcendo para que a Seleção Brasileira fique pelo caminho. Seria mais um duro golpe depois da confusão dos últimos dias.

A eventual transformação da Copa das Confederações e da Copa do Mundo num peso seria um desastre para Dilma. E isso está no horizonte. Os subordinados de Gilberto Carvalho, um lulista fanático, resolveram se meter justamente nessa área. Certamente não é para fortalecer a presidente como candidata do partido em 2014.

Biruta torta
Sei não… Ou a biruta da marquetagem entortou ou está havendo um trabalho deliberado para empurrar Dilma para o abismo, abrindo espaço para o “salvador”. Convenham: não é inteligente, em meio a toda essa confusão, abordar o financiamento das obras da Copa ou a forma correta de os brasileiros tratarem os estrangeiros. Ao fazê-lo, num clima de hostilidade que pode ser ainda crescente, a coisa pode ficar com cheiro de provocação. Esse pareceu-me um dos erros elementares cometidos pelos “çábios” ontem.

Há outro. Como vimos, os que criticam os estádios monumentais da Copa pedem uma educação e uma saúde melhores. Para a primeira, Dilma promete 100% dos royalties do petróleo; para a segunda, “trazer de imediato (sic) milhares de médicos estrangeiros…” De imediato? Milhares? Sei não… Há o risco de Dilma ter contratado já uma desfile de homens e mulheres de branco na Paulista. Está abrindo uma guerra com a categoria. E não em razão de uma reação corporativista, não. Até onde sei, não faltam médicos no país. Eles estão é mal distribuídos porque o estado não oferece as condições mínimas necessárias para que se fixem no interior do país. Também nesse caso, parece ter faltado sensibilidade. Vem confusão por aí.

O país não vive o seu melhor momento, mas não houve um agravamento de crise que justificasse, por si, as manifestações de rua, que degeneraram em violência como regra, não como exceção (escreverei mais a respeito). A perplexidade toma conta do governo, do partido e, sejamos claros, até da oposição. A minha explicação não coincide com nada que tenha lido. Fica para outro post. O mal-estar, no entanto, se instalou, e Dilma não parece muito equipada politicamente para enfrentá-lo.

O PT e o governo farão uma inflexão à esquerda. Vai adiantar? Não sei. Os mais céticos são os próprios petistas. Acham que Dilma não aguentará os embates e que é preciso devolver a bola a Lula. Até porque, nessa hipótese, Eduardo Campos, governador de Pernambuco (PSB) se retira da disputa. É gigantesco o risco de que as ruas tragam, sem querer, o Apedeuta de volta à cena.

Por Reinaldo Azevedo

Exibições: 72

Comentar

Você precisa ser um membro de Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI para adicionar comentários!

Entrar em Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

© 2024   Criado por Textile Industry.   Ativado por

Badges  |  Relatar um incidente  |  Termos de serviço