Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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A opinião pública brasileira se forma optando por extremos que não trazem soluções para o desenvolvimento

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) exulta: temos 61% dos biomas naturais preservados; o aumento da produtividade fez “pouparmos” mais de 70 milhões de hectares que serviriam ao plantio; em nenhum país áreas tão extensas são destinadas aos povos indígenas; há muitos anos a agropecuária garante balança comercial, alimentação barata e, agora, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).

Impossível deixar de lembrar o céu azul anil, palmeiras, sabiás e, claro, Galvão Bueno.

Organizações ambientalistas retrucam em uníssono: a produção agropecuária foi responsável pela destruição de grandes porções do Cerrado, da Floresta Amazônica e da quase totalidade da Mata Atlântica; desaloja índios de terras constitucionalmente concedidas; simula situações de trabalho escravo no campo; envenena com agroquímicos a pureza de leites maternos; gera monstros transgênicos de resultados imprevisíveis.

Impossível deixar de lembrar os cenários de devastação do filme Mad Max.

O Brasil faz rolar discussões importantes pelos extremos. Comparando ao futebol, parece um time com goleiro, um jogador no meio de campo e nove pontas.

O goleiro para defender nosso corporativismo endêmico. Assim são jornalistas, médicos, reitores de universidades, motoristas de caminhões. O volante-armador distribui o jogo, entre nós, os caras livres e o Estado, culpado por tudo.

O governo, desesperançado, responde: “tenho culpa eu”? Certo de um dia ser agraciado.

Para nós, políticos e funcionários públicos ignoram nosso polpudo arcabouço de leis para impedir e punir os culpados, salvando a nossa inocência diante de tantas mazelas.

É a impunidade, insistimos, como a Conceição de Cauby Peixoto, pois ninguém sabe ninguém viu tudo o que foi escrito e por nós aprovado sendo desrespeitado por nós mesmos.

Nas brasas de minhas sardinhas, percebo claros os extremos quando vejo o que se pensa do que escrevo.

Reclama-se do modelo agrícola. Acha-se absurdo perto de 85% da área que utilizamos para a produção estar concentrada em apenas sete culturas (soja, milho, cana-de-açúcar, café, laranja feijão, arroz). Somente nós?

Por acaso, isso não é o que vocês e o planeta elegeram consumir? Plantássemos 50 milhões de hectares com agave, o que faríamos com ele?

Mais: bater nisso para demonstrar fraqueza é imensa bobagem. Produzimos com expressão ajustada à demanda mais de 60 culturas agrícolas em milhares de municípios. Tanto quanto a qualidade e produtividade das colheitas, nossa agricultura vale pela importante diversidade.

Se não acreditam, consultem um extraordinário levantamento realizado e publicado anualmente pelo IBGE, Produção Agrícola Municipal. Tá no sítio do instituto. Você ficará sabendo o que e quanto se planta em Calçoene, no Amapá, ou como anda a laranja em Arauá, Sergipe. Qual a área, quanto e o que foi produzido, qual o valor dessa produção.

Algo que as preguiçosas folhas e telas cotidianas nem sonham informar-lhes. É assim que acaba se formando a opinião pública brasileira. Optando por extremos que não trazem soluções para o desenvolvimento. Seguimos o caminho como Deus fez a mandioca. De qualquer jeito.

Digo isso depois de, nesta semana, presenciar uma reunião sobre os destinos do País em Vargem Grande do Sul (SP), num pequeno café e tabacaria da cidade.

Afiei meus ouvidos, embora não necessário. Os brados eram retumbantes. Propunha-se a volta a um passado sadio: seguidas viagens de helicóptero que fossem despejando nossos corruptos em alto mar.

Todos concordavam com a delicada proposta, ao mesmo tempo em que reclamavam da carga tributária, da inflação, dos transportes, dos outros, enfim.

Até que um dos “ministros” não se fez de rogado e perguntou ao colega mais próximo:

- Você tem inscrição de produtor rural?

- Tenho.

- Sabe o que é? Uma concessionária me propôs vender um SUV (veículo utilitário esportivo, na sigla em inglês) nas condições favorecidas dadas às máquinas agrícolas. Mas precisa ser produtor rural.

- Tem problema, não. Passo o número por e-mail.

Haja helicópteros!

http://www.cartacapital.com.br/economia/brasil-pais-de-extremistas-...

por Rui Dahe

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Comentário de Sam de Mattos em 29 julho 2013 às 11:36

Romildo: Tudo na base de oferta e procura, Quando essas terras forem de interesse vital, parte delas seao usadas. Agora o Papa se foi. Voltemos ao "engajamento". Um bom dia para vc.

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