No semestre, déficit com o país vizinho foi de US$ 48 milhões, diz MDIC.
'Quem quiser acesso ao Brasil, tem de garantir ao seu mercado', diz Barral.
Alexandro Martello
Do G1, em Brasília
Com uma forte queda nas exportações brasileiras para a Argentina no primeiro semestre deste ano, o país vizinho passou a registrar, no período, um superávit comercial com o Brasil, algo que não acontecia desde 2003, informou nesta quarta-feira (1) o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
No primeiro semestre, o déficit comercial do Brasil com a Argentina somou US$ 48 milhões, segundo o MDIC. Nos seis primeiros meses de 2009, as exportações do Brasil para a Argentina recuaram 42%, para US$ 4,93 bilhões, enquanto as vendas argentinas para o Brasil toralizaram US$ 4,98 bilhões, com uma queda de 19,5% frente ao primeiro semestre de 2008. Deste modo, as importações argentinas recuaram menos da metade do registrado nas exportações do Brasil para o país vizinho.
Barreiras comerciais
Além da crise financeira internacional, que tem diminuído as vendas de produtos brasileiros para quase todos os mercado do mundo, a queda das exportações para a Argentina também está relacionada com o estabelecimento, no fim do ano passado, de licenças não automáticas para as importações.
Entre os principais setores brasileiros afetados por barreiras comerciais impostas pela Argentina estão: têxteis (queda de 44,7% nas exportações no semestre); Calçados (-26,7%), eletrodomésticos da linha branca (-42,3%), móveis (-50,2%) e embreagens (-4,2%).
Situação 'preocupante'
"A situação das barreiras com a Argentina é preocupante. O Brasil tem interesse no desenvolvimento harmônico, mas qualquer parceiro comercial que queira acesso ao mercado brasileiro deve garantir acesso ao seu mercado em bases recíprocas. Sobre retaliação, eu não tenho nada a declarar", disse o secretário de Comércio Exterior do MDIC, Welber Barral.
Segundo o secretário, qualquer decisão no que se refere ao comércio com os parceiros do Mercosul não será tomada de "afogadilho" e acontecerá em "alto nível", ou seja, será tomada pela Câmara de Comércio Exterior (Camex), fórum que reúne ministros de estado.
Entretanto, Barral acrescentou que o déficit comercial de US$ 48 milhões registrado com a Argentina no primeiro semestre deste ano é "pequeno." "O Brasil não tem obsessão em ter superávit com todos os parceiros comerciais", afirmou.
China ultrapassa Estados Unidos
Enquanto a Argentina passou a registrar superávit com o Brasil, os Estados Unidos perderem o posto de principal comprador dos produtos brasileiros no primeiro semestre deste ano. As vendas externas para a China somaram US$ 10,45 bilhões, enquanto os Estados Unidos compraram US$ 7,23 bilhões no mesmo período. "As exportações tem aumentado como um todo para a Ásia. Vamos ter um saldo importante com a China", disse Barral, do MDIC.
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