Capital e trabalho advertem Dilma sobre ameaça chinesa
Da noite para o dia, a China deixou de ser um país explorado e depois um gigante isolado para se tornar a potência emergente e talvez até futura líder do mundo. Como nada ocorre de graça, a China trouxe ao cenário mundial uma agressiva política cambial, um sistema político fechado, modelo comercial cheio de mistérios e uma presença internacional pesada. Membro permanente do Conselho de Segurança da ONU e detentor de bomba atômica, a China é uma realidade no planeta. No que toca ao Brasil, a agressividade asiática está incomodando. Há dias, os chineses compraram sete distribuidoras brasileiras de energia, como se estivessem adquirindo um pequeno hotel ou uma franquia do Mcdonald"s.
Durante oito anos, o presidente Lula fez uma política neutra. Não se tornou um aliado firme nem opositor. Prometeu reconhecer a China como "economia de mercado" e , de fato, não o fez. Contentou-se com ganhos em soja e minério, mas deixou que o mercado interno se abrisse para os manufaturados de lá. Em resumo, o Brasil vende minério e compra aço da China. Mas industriais e trabalhadores arregaçam as mangas ante o perigo amarelo. Do lado dos trabalhadores, afirma o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), presidente da Força Sindical: "Queremos falar com a presidente Dilma, a equipe econômica e os parlamentares para mostrar o mal que isso está causando à economia. Há que se limitar as importações de produtos chineses, pois isso tira empregos dos brasileiros".
Empresários e sindicalistas pretendem convencer o novo governo a adotar medidas de proteção contra as importações e de incentivo fiscal e tributário a setores afetados pelo avanço do processo de substituição da produção local por estrangeiros. Entre eles, estão a cadeia de abastecimento do setor automotivo, bens de capital, eletroeletrônicos, calçados e têxteis. Em janeiro e fevereiro, trabalhadores e a Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) vão organizar eventos para alertar o novo governo. No âmbito da Fiesp - entidade polêmica, sempre ativa e jamais omissa - foi criada a Comissão de Defesa da Indústria Brasileira (CDIB). Além de pontos gerais, a CDIB aponta um caso específico: baterias para motos e jet ski. O segmento não tem tarifas antidumping como meio de proteção.
Denuncia a CDIB: "Isso acontece desde 2000 e, da mesma forma que todos os demais produtos que sofrem com a concorrência asiática, os chineses têm preços que chegam a ser bem menores que os custos relativos à matéria-prima utilizada para a fabricação de um mesmo produto. Assim, é impossível conseguir chegar sequer próximo a esses preços com o custos de produção no Brasil".
José Luiz Simonelli, um dos membros da CDIB e também da Enerbrax Acumuladores, afirma que o mercado há dez anos era suprido pela indústria brasileira numa proporção de 70% contra os produtos importados. Atualmente esta posição se inverteu e o mercado se abastece de 70% de produtos importados e 30% de produtos nacionais. Num mercado que cresceu muito nos últimos anos, em termos absolutos a perda da indústria nacional foi muito grande. A alíquota de 18% é irrelevante para os chineses.
Nesse ramo específico, alerta Simonelli: "A médio prazo, ocorrerá o fechamento de inúmeras fábricas e perdas de postos de trabalho". E, com a política cambial vigente, o que se verifica em baterias para motos vale para TVs, computadores, automóveis, peças para aviões, agulhas e parafusos. O Brasil está perdendo seu mercado interno para os chineses. Com Celso Amorim, o Itamaraty foi leniente. Resta saber como será a política de Dilma e do novo chanceler, que, pelo nome, merece um voto de confiança: Antonio Patriota.
FONTE: http://www.monitormercantil.com.br/mostranoticia.php?id=89030
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Jorge,
Em muitos casos só o custo que temos aqui de Estamparia já é superior ao produto acabado que chega importado da China.
Desenvolvi junto a um cliente no inicio do ano passado uma ligannete que era produzida com fio liso 100% PES. O produto foi um sucesso durante 5 meses! Seu consumo chegava a 50 tons/mês e tinha até "briga" na sua porta pelo produto.
Logo chegou o importado...
Ele na ocasião trabalhava com o preço de R$21,00. O importado chegou a R$16,00 com 120 dd de prazo de pagamento. Qualquer cor ou já estampado com diversas opções. Este cliente teve que queimar tudo a preço de custo.
Hoje ele faz a importação pois teve que se manter no mercado e este mesmo artigo chega por R$12,00.
Vamos fazer uma conta de padeiro:
Fio: R$7,00
Facção: R$1,80
Tingimento: R$3,00
Estamparia: R$7,00
Perda: 3%
Não precisamos nem somar pra verificar que a competição é injusta!
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