A China ingressou na Organização Mundial do Comércio com uma queixa contra os Estados Unidos e a União Europeia. A segunda maior economia do mundo não quer mais ser tratada como uma concorrente desleal. E essa discussão tem reflexos no mundo todo. Inclusive no Brasil.
Todo clube tem suas regras. E para ser sócio pleno da Organização Mundial do Comércio é preciso ser uma economia de mercado.
Numa economia de mercado, os preços variam em função da oferta e da procura, e do custo de produção, com o mínimo de interferência do estado. Quando o governo ajuda algum setor da economia viola essas regras.
É o caso do que os economistas chamam de dumping. Produzir um bem por R$ 10, por exemplo, e vender mais barato, por R$ 6, no mercado internacional. É uma prática considerada desleal. É como se uma loja jogasse o preço das roupas lá para baixo para vender mais do que outra, mesmo tendo prejuízo. No caso de um país, quem arca com esse prejuízo é o governo, um incentivo proibido pela Organização Mundial do Comércio.
“Não há uma metodologia ou uma precisão absoluta sobre quando uma economia é de mercado e quando não é. Não é a OMC quem diz isso, cada país determina se um determinado parceiro comercial é uma economia de mercado ou não”, explica Roberto Azevêdo, diretor-geral da OMC.
A China entrou na OMC há 15 anos como uma espécie de sócio aprendiz. Aceitou uma cláusula do estatuto da organização que colocava o país em desvantagem em julgamentos sobre a prática de dumping. Essa cláusula venceu no domingo (11) e a China esperava ganhar o título de sócio pleno.
Mas, comparando as práticas chinesas com as de outros países, os Estados Unidos e a União Europeia - os dois maiores mercados consumidores do mundo - ainda não consideram que a China merece o selo de economia de mercado.
Nesta segunda-feira (12), a China entrou com uma queixa na OMC exigindo esse reconhecimento.
O ministro do Comércio chinês, Shen Danyang, disse que a resistência em aceitar o fim da cláusula pode atrapalhar o comércio bilateral com esses países.
Em 2004, o Brasil assinou um protocolo de entendimentos em que reconhecia a China como uma economia de mercado. Mas essa posição nunca foi oficializada.
Nesta segunda, o Ministério da Indústria e Comércio Exterior e Serviços e o Itamaraty preferiram não se posicionar.
A Confederação Nacional da Indústria diz que o preço baixo dos produtos chineses é artificial. “A China é um parceiro comercial do Brasil. O que as empresas, as indústrias têm hoje uma reclamação é dos produtos que entram no Brasil de uma forma com preços artificialmente compostos. Não dá para você ter uma competição normal, uma competição equitativa com os produtos chineses”, disse Carlos Abijaodi, diretor da CNI.
FONTE: GLOBO.COM - JORNAL NACIONAL
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