Pela primeira vez na história, a China deslocou o Brasil do posto de principal fornecedor estrangeiro de têxteis e vestimentas ao mercado argentino. O anúncio foi feito pela consultoria Investigações Econômicas Setoriais (IES).
De janeiro a abril deste ano, a participação do Brasil nas importações de têxteis e vestimentas da Argentina caiu de 41,9% para 26,4% ante o mesmo período de 2007.
Simultaneamente, nos últimos dois anos, a participação da China nas importações do setor feitas pela Argentina subiu de 15,8% para 31,9%.
No entanto, a presença do Oriente na Argentina destaca-se mais ainda se for levada em conta a fatia de mercado da Ásia como um todo no setor têxtil argentino. Segundo o relatório divulgado ontem pela IES, a presença dos países asiáticos, incluindo a China, aumentou de 31% para 44% no período.
Os dados da IES reforçam as reclamações dos industriais têxteis brasileiros, que nos últimos meses alertaram para perda de mercado argentino do Brasil para a China. Os industriais brasileiros de vários setores afirmam que seus produtos estão sendo barrados na fronteira argentina.
Segundo eles, as licenças não-automáticas chegam a demorar até seis meses. Esse atraso, especialmente no setor têxtil e de vestimentas, desestimula os importadores argentinos, já que o produto, quando consegue entrar no país, está fora de temporada ou de moda.
O governo argentino nega, e diz que dificilmente as licenças não-automáticas chegam a demorar os dois meses admitidos pela Organização Mundial do Comércio (OMC). As medidas protecionistas aplicadas desde meados do ano passado pelo governo estão complicando a entrada dos produtos brasileiros por meio das mais variadas medidas alfandegárias e não-alfandegárias. Elas abrangem um amplo leque, que vai das licenças não automáticas, passando por cotas, até valores-critério.
QUEDAS
Dados de um relatório da consultoria Abeceb indicam que em vários setores nos quais os argentinos alegam suposta "invasão" de produtos (entre eles, do Brasil) está ocorrendo, na realidade, uma queda das exportações para a Argentina.
É o caso dos celulares (o Brasil é o principal fornecedor da Argentina), cujas importações argentinas, de todo o mundo, recuaram 209,7% no primeiro quadrimestre deste ano, ante igual período de 2008.
Também houve queda nas importações de colheitadeiras, que despencou 126%. O setor de tratores, que também exige da presidente Cristina medidas protecionistas, registrou redução de 45,2% nas compras ao exterior.
Segundo a Abeceb, "as necessidades internas de mostrar saldo comercial positivo levaram à implementação de medidas de restrição que funcionaram como represa à entrada de produtos externos em nossa economia. Essas medidas foram complementares à menor demanda local, produto da redução da atividade industrial e de um consumo menos dinâmico". "As medidas de restrição afetam o total de 608 posições alfandegárias, se forem considerados como restritivos os requisitos de licenças não-automáticas, produtos de compromissos com preços, medidas antidumping vigentes e acordos setoriais com o Brasil."
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