publicada em 02/02/2011 por Notícias Agrícolas
O produtor de algodão Yu Feng é um de muitos chineses que estocam a mercadoria em casa. Ele tem 3.500 quilos
Yu Lianmin, um produtor de algodão de Huji, China, colheu 3.000 quilos da mercadoria este ano. Apesar dos preços recordes do algodão, ele não vendeu nada.
Em vez disso, o produto está empilhado em dois quartos vazios de sua casa, e nas casas de muitos produtores rurais neste pequeno vilarejo chamado Yujia, parte de um município maior no norte da Província de Shandong, 354 quilômetros ao sudeste de Pequim. Os produtores estão esperando que o preço suba ainda mais, para ajudá-los a compensar os custos maiores com mão de obra e fertilizante, que subiram 20% no último ano.
"Acho que ainda há esperança de que os preços subam mais", disse Yu.
Não se sabe qual é o estoque de algodão nos vilarejos chineses, mas, com 25 milhões de produtores rurais da commodity, a agência chinesa que supervisiona a produção calcula que ele pode equivaler a 9% da oferta mundial de algodão. E a situação está ocorrendo em toda a cadeia de suprimento. Muitos descaroçadores e comerciantes de algodão do país estão mantendo seus armazéns cheios numa tentativa de obter preços mais altos, segundo a agência.
As expectativas de alta é que estão impulsionando a estocagem, que causa escassez no curto prazo e impulsiona ainda mais os preços. A situação está complicando um cenário já volátil para o algodão, que atingiu a maior cotação em 140 anos nos Estados Unidos e também se tornou um símbolo da inflação das commodities que está despontando no mundo inteiro.
A China, maior consumidor mundial de algodão, é também a maior peça no quebra-cabeça mundial da commodity, ainda que não seja a única. A Índia parou em março de divulgar dados sobre o consumo de algodão de suas tecelagens, bem como exportações e importações, citando uma mudança no sistema de computadores. O Paquistão, terceiro maior consumidor, só divulga dados sobre a produção de algodão, o consumo ou estoques três anos depois de cada lavoura. O Uzbequistão, terceiro maior exportador, se recusa a divulgar dados sobre exportação ou estoque, o que faz dele um alvo constante de boatos, segundo a Comissão Internacional de Assessoria do Algodão, uma associação de governos de países que produzem, consomem e comercializam o produto.
Para piorar, não há dados disponíveis sobre o estoque de algodão no Brasil, na Argentina e no México.
"O problema de não divulgar os dados ao mercado é que a falta de informação gera boatos e especulação intermináveis", diz Terry Townsend, diretor executivo da comissão.
Boa parte da alta tem sido impulsionada por temores de que o mundo esteja ficando com escassez de algodão, em boa parte por causa da demanda da China, cujas importações têm crescido. As importações chinesas de algodão mais que dobraram em dezembro de 2010 frente ao ano anterior. Mas com pilhas e pilhas de algodão aparentemente sendo estocadas no país inteiro, alguns argumentam que há mais da commodity disponível e que as importações chinesas podem cair significativamente quando esse algodão entrar no mercado.
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