Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

 

publicada  em 02/02/2011 por Notícias Agrícolas

 

 

O produtor de algodão Yu Feng é um de muitos chineses que estocam a mercadoria em casa. Ele tem 3.500 quilos
Yu Lianmin, um produtor de algodão de Huji, China, colheu 3.000 quilos da mercadoria este ano. Apesar dos preços recordes do algodão, ele não vendeu nada.


Em vez disso, o produto está empilhado em dois quartos vazios de sua casa, e nas casas de muitos produtores rurais neste pequeno vilarejo chamado Yujia, parte de um município maior no norte da Província de Shandong, 354 quilômetros ao sudeste de Pequim. Os produtores estão esperando que o preço suba ainda mais, para ajudá-los a compensar os custos maiores com mão de obra e fertilizante, que subiram 20% no último ano.

 

"Acho que ainda há esperança de que os preços subam mais", disse Yu.

 

Não se sabe qual é o estoque de algodão nos vilarejos chineses, mas, com 25 milhões de produtores rurais da commodity, a agência chinesa que supervisiona a produção calcula que ele pode equivaler a 9% da oferta mundial de algodão. E a situação está ocorrendo em toda a cadeia de suprimento. Muitos descaroçadores e comerciantes de algodão do país estão mantendo seus armazéns cheios numa tentativa de obter preços mais altos, segundo a agência.

As expectativas de alta é que estão impulsionando a estocagem, que causa escassez no curto prazo e impulsiona ainda mais os preços. A situação está complicando um cenário já volátil para o algodão, que atingiu a maior cotação em 140 anos nos Estados Unidos e também se tornou um símbolo da inflação das commodities que está despontando no mundo inteiro.

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A China, maior consumidor mundial de algodão, é também a maior peça no quebra-cabeça mundial da commodity, ainda que não seja a única. A Índia parou em março de divulgar dados sobre o consumo de algodão de suas tecelagens, bem como exportações e importações, citando uma mudança no sistema de computadores. O Paquistão, terceiro maior consumidor, só divulga dados sobre a produção de algodão, o consumo ou estoques três anos depois de cada lavoura. O Uzbequistão, terceiro maior exportador, se recusa a divulgar dados sobre exportação ou estoque, o que faz dele um alvo constante de boatos, segundo a Comissão Internacional de Assessoria do Algodão, uma associação de governos de países que produzem, consomem e comercializam o produto.

Para piorar, não há dados disponíveis sobre o estoque de algodão no Brasil, na Argentina e no México.

"O problema de não divulgar os dados ao mercado é que a falta de informação gera boatos e especulação intermináveis", diz Terry Townsend, diretor executivo da comissão.

Boa parte da alta tem sido impulsionada por temores de que o mundo esteja ficando com escassez de algodão, em boa parte por causa da demanda da China, cujas importações têm crescido. As importações chinesas de algodão mais que dobraram em dezembro de 2010 frente ao ano anterior. Mas com pilhas e pilhas de algodão aparentemente sendo estocadas no país inteiro, alguns argumentam que há mais da commodity disponível e que as importações chinesas podem cair significativamente quando esse algodão entrar no mercado.

 

O efeito de tanto armazenamento, aparentemente com fins especulativos, é que um mercado já sob pressão — a produção tem caído enquanto a demanda tem subido — se tornou ainda mais turbulento.

Na China, os comerciantes geralmente fazem suas próprias pesquisas com os produtores. Mas para pessoas de outros lugares há poucas maneiras de obter essas informações. O governo chinês também tem estocado algodão em sua reserva estratégica, e dá poucos detalhes sobre quanto tem e qual é a qualidade.

"É difícil saber se há uma escassez artificial na China causada por especulação, ou se há escassez de verdade", disse Jordan Lea, presidente da americana Eastern Trading Co., que compra e vende algodão. "Temos acreditado que a China e outros países vão precisar importar mais algodão americano. Mas se isso não for o caso, o mercado vai cair." Os EUA são o maior exportador mundial de algodão.

Essa incerteza ajudou a piorar as oscilações no mercado de algodão e gerou reclamações de vários governos, produtores e consumidores do produto no mundo inteiro. Em 2010, o algodão foi o mais volátil de uma lista de 53 commodities negociadas em bolsa, segundo a Comissão Internacional de Assessoria do Algodão. A estocagem chinesa com fins especulativos é uma das maiores preocupações, afirma a comissão. O algodão atingiu a maior cotação dos últimos 140 anos na quinta-feira passada, fechando a US$ 1,6939 a libra na ICE Futures. No dia seguinte a cotação caiu 4,64 centavos de dólar, ou 2,7%, para US$ 1,6475.

"É um círculo vicioso de acumulação de matéria-prima e de riscos. Não sabemos quando tudo vai explodir", diz Gong Wenlong, diretor-presidente do Centro Nacional de Informação sobre Algodão da China, uma firma de dados financiada pelo governo. Ele calcula que 1,94 milhão de toneladas de algodão estão sendo mantidas fora do mercado, ante uma produção chinesa de 6,14 milhões de toneladas no ano passado.

Em Yujia, mais de 90% dos moradores ganham a vida plantando algodão. A cada inverno, intermediários dirigem até o vilarejo para comprar algodão dos produtores. Mas este ano tem havido poucas transações.

O algodão é produzido aqui há gerações. Yu, que planta algodão há mais de dez anos, diz que este é o melhor ano que já viu para a cotação do algodão. O preço subiu logo no início da safra e depois caiu no fim do ano passado, antes de subir de novo. Durante a baixa, Yu decidiu esperar por um preço melhor.

"Não podíamos aceitar os preços", diz Yu. Ele diz que mantém seu algodão em duas salas vazias de sua casa, que divide com os pais, por trás de portas trancadas para protegê-lo de incêndio e roubo.

Mais de 50% do algodão colhido em Huji ainda está sendo armazenado por produtores como Yu, diz Yu Dingyue, um diretor de semeadura que supervisiona mais de dez vilarejos. Shandong é a província chinesa com a segunda maior produção de algodão.




Fonte: The Wall Street Journal

 

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