Frank Leung, dono da empresa de sapatos femininos New Wing Footwear, de Hong Kong, tem ido a lugares que nunca imaginara visitar. Ele foi a Dhaka (Bangladesh) e Adis Abeba (Etiópia) em busca de outras bases de produção além de sua fábrica em Dongguan, no sul da China. Mas, apesar de muito procurar, ficou decepcionado.
A pressão para transferir produção é clara. Os custos de mão de obra na China subiram entre 15% e 20%, anualmente, nos últimos dois anos, estreitando as margens e criando dificuldades para Guangdong, o centro da indústria de transformação chinesa.
Os custos mais elevados, junto com a alta do yuan, forçaram Leung a reduzir o número de funcionários em Dongguan, de 8.000 há três anos para os atuais 3.000.
Os salários em Bangladesh, diz ele, são de 20% a 30% inferiores aos da China. Além disso, as pessoas trabalham 48 horas por semana, mais do que a norma legal de 40 horas na China. O governo oferece isenção tributária por 10 anos.
Mas, em vez de ficar animado, Leung está abalado. "Eles têm congestionamentos de tráfego insanos e todo mundo usa gerador nas fábricas [porque o suprimento de energia elétrica é irregular]", diz. "A logística torna muito difícil trabalhar de forma eficiente."
Algumas semanas após ir a Dhaka, Leung voou para Adis Ababa. Os salários lá são ainda mais baixos que os de Bangladesh, mas ele não conseguiu encontrar indústrias fornecedoras, como fabricantes de solas de sapato e papelão.
"Na Etiópia, os congestionamentos são menores, mas eles estão no meio do nada", diz. A pobreza opressiva na Índia desestimulou-o por completo, após uma visita a Chennai. Agora, Leung já não tem certeza se vai, afinal, levar sua produção para fora da China.
O clima para os industriais em Guangdong levou muitos a se deslocarem para países no sul e sudeste da Ásia. Na semana passada, a GaveKal Dragonomics, empresa de pesquisas, previu que o crescimento das exportações da China cairá para apenas 9% no próximo ano. Deduzido o aumento de preços que os fabricantes chineses repassaram aos compradores no Ocidente, neste ano os volumes de exportação aumentaram só 12% nos primeiros três trimestres.
Muitos donos de fábricas, como David Liu, cuja empresa produz bolsas, avaliaram a possibilidade de mudar para países como o Vietnã, mas optaram por permanecer em Dongguan porque as redes de fornecedores e a produtividade da mão de obra são melhores. Liu fez viagens a Hunan, na China central, para ver se uma fábrica lá seria viável. Mais uma vez, a distância dos fornecedoras liquidaram a ideia.
Ele então optou por tentar reter seus trabalhadores mais antigos e qualificados em Dongguan, dando, por exemplo, quartos particulares aos casais e instalando ar-condicionado. O usual é que os trabalhadores vivam em dormitórios com seis a oito pessoas.
Liu diz que suas margens de lucro caíram de 10% para 3%, mas ele repassou aumentos de preços de 8% ao ano a varejistas europeus, onde suas elegantes bolsas são vendidas por € 300 a € 400.
Liu é a regra, não a exceção. O preço unitário das exportações chinesas para a UE subiu 10% entre janeiro e agosto. Essa alta foi ligeiramente superior à da Turquia, mas bem inferior à de México (17%) e Índia (23%), diz a GaveKal.
Apesar disso, a decisão de Pequim de dobrar os salários dos operários com aumentos do salário mínimo ano a ano durante os próximos anos incentivará as fábricas a emigrar da China.
Algumas empresas optaram por manter bases na China e expandir no exterior. A Texhong Textile abriu fábricas de fios para tecelagem no Vietnã em três etapas, entre 2007 e este ano, segundo Charles Hui, diretor financeiro da empresa, que tem ações negociadas em Hong Kong. Os salários no Vietnã equivalem a 1,2 mil yuans por mês, em comparação com 2 mil yuans na China. E as fábricas vietnamitas são mais automatizadas e exigem menos trabalhadores.
Hui diz que empresas de donos chineses relutam em se mudar porque "não estão familiarizadas com a gestão de trabalhadores que não têm a mesma cultura".
A GaveKal descobriu que mesmo setores tão intensivos em emprego de mão de obra como o têxtil, de vestuário e de brinquedos, para os quais as manchetes sugerem que as fábricas estão fugindo para o Sudeste Asiático, os fabricantes chineses elevaram seus preços em 10% a 20%, neste ano, "sugerindo que eles ganharam algum poder de fixação de preços".
Para Dong Tao, economista do Credit Suisse, o motivo é simples: "Nenhum país em desenvolvimento que pode igualar metade da eficiência que a China oferece." A combinação de enorme contingente de mão de obra e maior produtividade, bem como portos e estradas melhores que em outros países, torna difícil encontrar uma alternativa.
Fonte:|http://www.valor.com.br/internacional/1090252/chineses-vao-ao-exter...
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A que verdade...Sem querer tirar o "furo" da Reportagem da proxima edicao da REVISTA TEXTIL, onde esse tema bem como o do "Dumping Embutido" sera brevemente discitido esse e um tema a ponderar no meu artigo de fundo. Ha sempre um modo que fazer aldo mais baratinho, quase que igualzinho, fabricado por gente bem pobrezinha, artigos esses que sao comprados pelos que so olham o precinho camarada. E sem sofisticacao global, esse povo ( a maioria de nos) sao as vitimas naturais desses predadores internacionais. Bem cedinho ele verao os seus filhos desempregados, os seus paisinhos no misere, e tudo isso por nao observar o acima dito: Ha sempre um modo de fabricar algo
mais baratinho... Mas a que preco deveremos comprar esses produtos? Sam de Mattos
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