Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Coleção de inverno chegará ao menos 12% mais cara às prateleiras; para Abit, reajuste não repõe perdas dos fabricantes

Indústria começa a repassar aumento do preço do algodão aos lojistas; para Abit, reajuste não repõe perdas dos fabricantes

Renovar o guarda-roupa vai ficar mais caro no próximo inverno. Em um momento em que o custo da principal matéria-prima do setor, o algodão, triplicou em um ano, a indústria e o varejo estão em queda de braço para redefinir novos patamares de preços. Estimativas da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit) apontam que a coleção de inverno já custará no mínimo 12% mais neste ano que em 2010 para o consumidor.

 

A tendência é que os preços continuem a subir, pelo menos, até a metade do ano, quando a safra brasileira de algodão começa a ser colhida. O que ainda não há consenso no setor é se o consumidor vai aceitar esta alta ou se o consumo de roupas vai cair.

Os preços do vestuário cresceram 159% entre 1994 e 2010, menos do que a inflação, que variou cerca de 240%, segundo estimativas da Abit. “Fomos a âncora da inflação no Brasil desde o plano Real. Agora, o setor terá um novo nível de preços”, diz o presidente da Abit, Fernando Pimentel.

 

 

Queda de braço com o varejo

 

Foto: Ron Lima/FotoArena Ampliar

João Marchewsky, presidente da Buettner

 

Apesar de alta projetada de preços ao consumidor, a indústria argumenta que ela não repassa todo o aumento de custos para o consumidor. Segundo a Abit, o impacto na produção é maior – em média, de 40%. A concorrência entre os fabricantes e a pressão dos varejistas dificulta o repasse de preços pelas indústrias.

A fabricante de tolhas Buettner está com dificuldade de fechar novos pedidos depois que elevou seus preços cerca de 20% neste ano. Sem conseguir vender, ela decidiu fazer uma parada provisória na produção na semana passada.

A empresa opera apenas com metade de sua capacidade de produção, que chega a 600 mil toneladas por mês. “Não acredito que vamos retomar esse nível”, afirma o presidente da companhia, João Marchewsky. Para ocupar esta capacidade ociosa, a empresa estuda prestar serviços para outras indústrias, produzindo com suas máquinas parte da produção de companhias menores.

 

Foto: Ron Lima/FotoArena Ampliar

Máquina na Toalhas Atlântica, de Brusque

 

A concorrente Toalhas Atlântica também elevou os preços e reduziu a produção. De outubro para cá, a tabela sofreu três reajustes e custa hoje em média 30% mais, segundo o supervisor administrativo Rosimar Comandolli.

Além do preço maior do algodão, a Buettner e a Toalhas Atlântica enfrentam uma concorrência acirrada com outros fabricantes, que se intensificou com o declínio das exportações e aumento da importação. Em 2005, o setor exportava quase metade do que produzia, mas, hoje, esse número é de cerca de 10%, segundo os empresários ouvidos pelo iG.

A exportação brasileira de têxteis subiu 19% em 2010, para US$ 2,26 bilhões, enquanto o país comprou US$ 5 bilhões, uma alta de 45% na importação. Na Buettner, por exemplo, as vendas para o exterior despencaram de US$ 3 milhões ao mês para US$ 400 mil entre 2005 e 2010. De lá para cá, elas tentam direcionar essa produção para o mercado interno, em uma concorrência, principalmente, de preços.

A tendência é que as companhias mais capitalizadas aproveitem o momento de crise para roubar mercados das concorrentes, já que podem segurar mais facilmente os reajustes. “Não é o nosso caso”, diz o presidente da Buettner. A companhia teve prejuízo com as entregas feitas entre setembro e dezembro, já que fechou os pedidos antes da alta do algodão. “Agora temos que repassar os preços”, diz. Já a Toalhas Atlântica deve operar com margem de lucro quase zero até a crise passar, para evitar perder mercado.

 

 

Ponto de venda no varejo

Sem conseguir repassar preços maiores para os varejistas, os fabricantes de tecidos e roupas começaram a procurar pontos de venda próprios no varejo, segundo o presidente do sindicato das indústrias têxteis de Brusque, Marcos Schlösser.

No shopping de atacado e varejo Fip, em Brusque, o número de consultas das confecções para abrir lojas para o varejo chega a três por dia, o triplo do ano passado, afirma o Newton Crespi, dono do empreendimento. Um deles, por exemplo, foi um confeccionista que precisava reajustar em R$ 1 por peça os preços para uma grande rede varejista, mas só conseguiu negociar um repasse de R$ 0,10. “Eles não têm margem de negociação do atacado e vão tentar desovar a produção, com reajustes, no varejo”, diz o empresário.

 

Foto: Ron Lima/FotoArena Ampliar

O shopping Fip, de atacado e varejo, em Brusque

 

Além das indústrias, a região de Brusque atrai lojistas e consumidores, principalmente das regiões Sul e Sudeste, para compras de roupas e produtos de cama, mesa e banho. Na Fip, por exemplo, as vendas chegam a R$ 185 milhões, em um cálculo conservador, que considera apenas pessoas estacionam o veículo dentro do shopping e ficam mais de três horas comprando.

O aquecimento do varejo têxtil e de outros setores da indústria, principalmente a metalurgia, evita uma crise de empregos na região de Brusque. Apenas no shopping Fip, há 150 vagas para vendedor abertas. “As pessoas que perdem o emprego na indústria estão se recolocando em outros setores. Não temos um nível de desemprego alto na cidade”, diz o Valdirio Vanolli, presidente do Sindmestre, um dos sindicatos que representa os trabalhadores da indústria têxtil em Brusque.

 

 

FONTE: PORTAL IG

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