Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Com trabalho remoto, agências expandem fronteiras na contratação

Com a intensificação do trabalho remoto na pandemia, agências expandem seus olhares para talentos de todo o Brasil, mas ainda enfrentam desafios de integração.

De maio a novembro de 2020, auge da pandemia da Covid-19, a população brasileira ocupada e não afastada no País foi de 74 milhões. Desse número, 8,2 milhões passaram a trabalhar de maneira remota, segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Posteriormente, com a flexibilização das medidas de distanciamento social, a dinâmica de trabalho em algumas agências de publicidade passou de totalmente remota para híbrida. Algumas delas, inclusive, tornaram a ida ao escritório uma escolha do funcionário e não uma obrigatoriedade, ampliando a possibilidade de contratação de pessoas de todos os lugares do Brasil.

 

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Time de atendimento da Dell na VMLY&R (crédito: Divulgação)

Durante anos, o mercado publicitário brasileiro se concentrou sobretudo no Sudeste do País, mais especificamente em São Paulo e no Rio de Janeiro. Essa realidade ainda não mudou. Entretanto, nos últimos anos, o índice de pessoas de outras regiões brasileiras trabalhando em algumas das maiores empresas de publicidade, como Artplan, Publicis, VMLY&R, WMcCann, Soko, AKQA, F.Biz, DPZ, FCB, iD\TBWA e R/GA, cresceu.

A Publicis Brasil, por exemplo, conta atualmente com funcionários espalhados em mais de 40 cidades de 20 estados brasileiros; a F.Biz possui 45 colaboradores fora do eixo Rio- São Paulo; a iD\TBWA conta com sete funcionários fora dessas duas cidades; já a AKQA lançou, em 2021, o programa AKQA na Sua Casa, focado na contratação de jovens que residam fora desse eixo. No ano de criação do projeto, a agência contratou três pessoas e, neste ano, foram mais três.

Residente em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Fernanda Hartmann começou a trabalhar remotamente como diretora de atendimento Sênior da VMLY&R em março de 2021, um período ainda delicado da pandemia. Responsável pelo atendimento da Dell – que também trabalha de forma remota – ela coordena um time de 16 pessoas que estão espalhadas pelo Brasil, com gente em São Paulo, Espírito Santo e Rio Grande do Sul, tanto na capital quanto no interior. “Essa descentralização acaba facilitando encontrar os talentos para as posições que não necessariamente estão baseadas numa cidade específica”, opina Fernanda.

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Raoni Leão, diretor de criação associado da WMcCann, mora na Bahia e trabalha remotamente (crédito: Divulgação)

Raoni Leão, diretor de criação associado da WMcCann, também trabalha remotamente na agência. Esta é a segunda passagem do diretor baiano pela agência. Antes da pandemia, ele atuou por dois anos como redator senior no time de Banco do Brasil, mas sempre fugiu do eixo Rio-São Paulo por não querer morar numa cidade grande. “Antes da pandemia nunca tinha imaginado em trabalhar em uma grande agência de forma remota. Hoje, eu moro na Bahia e estou super integrado com o time, com os clientes”, afirma.

Desafios do home office

Para Leão, o trabalho remoto está tão integrado em sua rotina que já é um processo natural. “Eu direciono a parte criativa da minha pauta para os horários que me sinto mais produtivo e tento usar as ferramentas de comunicação para manter diálogos abertos com todo o time da agência de forma coletiva e individual”, explica o diretor, reforçando que o processo se torna mais colaborativo por natureza.

Manter o diálogo aberto com todos do time é essencial para uma boa dinâmica de trabalho. Fernanda, da VMLY&R brinca que ela e seu time trabalham o dia todo em reunião, porque essa é a maneira que eles encontram de se manterem conectados. Entretanto, a diretora reforça que é preciso ter bastante disciplina e colaboração para essa dinâmica funcionar. “Trabalhar remoto e fora do ambiente presencial exige essa disciplina e organização para que possa acontecer essa inclusão, para que possamos ter momentos de socialização”, completa.

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O diretor de criação associado da WMcCann enfatiza que saber gerir o tempo e estar integrado com o tempo dos times tanto da agência quanto dos clientes é fundamental para trabalhar neste modelo. “É preciso estar bem atento a agenda diariamente, pois o trabalho remoto é cheio de reuniões e calls que surgem de repente, o que para um criativo pode acabar espremendo o tempo de pensar, fazer brainstorms e estar mais concentrado. Mas a comunicação constante também é importante para ser assertivo e saber que todos estão remando para o mesmo lado, mesmo à distância. Quando se encontra esse equilíbrio, tudo flui com mais flexibilidade e confiança”, complementa.

Integração

Apesar de se sentir integrado com o time e com os clientes, para Leão a maior dificuldade do home office 100% são as relações interpessoais que não envolvem assuntos do trabalho. “No trabalho remoto, você acaba tendo mais contato com aqueles que você lida diretamente, e as relações são muito mais objetivas e profissionais. Isso é uma forma diferente de integração que, no meu ponto de vista, é algo positivo e necessário. É mais fácil separar o trabalho da vida pessoal”, comenta.

Ter momentos de integração e descontratação é muito importante para Fernanda e seu time. Por isso, pelo menos uma vez por mês, ela e sua equipe se unem para fazer um happy hour online. A diretora ainda enfatiza que a agência precisa estar o tempo todo se esforçando para abraçar os times. “É um desafio constante de fazer com que as pessoas se sintam parte de uma agência maior. Esse é um ponto que estou sempre levantando. Não é um conto de fadas, mas até quando vamos recrutar, é que preciso ficar claro para pessoas desse time, como o time funciona. Tem pessoas que vão se adaptar e tem pessoas que não.

Apesar de todos os desafios e adaptações, ter pessoas de diversos lugares do Brasil nos times das agências é essencial. “Ganhamos em diversidade cultural, pontos de vistas, olhares mais diversos, culturalmente, regionalmente”, afirma Fernanda, da VMLY&R. “Ganhamos muito com pontos de vista diferentes, é como se ganhássemos mais olhos para abranger uma parte maior do Brasil”, completa Leão, da WMcCann.

Amanda Schnaider

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