Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Nossa editora Vivian Whiteman discute os assuntos mais quentes do momento.

Você me desculpe se eu desconfio e quero distância de qualquer coisa chamada “corpo de vingança”, ou “revenge body”. Além de ser o título do novo programa de TV de Khloe Kardashian, #revengebody é uma das hashtags em ascensão no momento.

O que significa? Praticamente, emagrecer e/ou conquistar um corpo “fitness”. Não parece necessariamente ruim. Mas, na verdade, parece sim. Por que emagrecer ou adotar uma rotina de exercícios seria uma vingança? Uma vingança contra quem ou o quê, afinal?

Em seu novo show, Khloe ajuda pessoas gordas a ganhar um novo shape. Todo discurso começa em torno da saúde, mas logo de cara nos deparamos com o slogan do programa: “Transforme seus haters em seus maiores incentivadores”. Em certo momento, Khloe pergunta para quem é o tal revenge body, ou seja, estão se vingando de quem? Uma participante conta que quer se vingar de uma ex-melhor amiga que a humilhava. Outra era desrespeitada e xingada pelo namorado. A própria Khloe começa bem quando relata que comia para compensar sentimentos negativos, mas depois anuncia que resolveu agir porque cansou de ser chamada de “a irmã gordinha” quando comparada às outras Kardashian.

Nas redes, há gente querendo se vingar de comentários maldosos dos pais, colegas, de gente desconhecida da internet – a lista realmente impressiona. Pode-se argumentar que as pessoas estão, na verdade, se vingando da gordura, de problemas de saúde, de uma vida que não querem mais (como aliás diz o programa de Khloe) etc. Mas mesmo isso é bastante equivocado quando generalizado dessa maneira. E o que fica no ar é um perfume de ódio, de autodepreciação, de jogar para agradar uma plateia sádica e preconceituosa.

Vamos lá. É óbvio que mudar seu corpo pode ser algo positivo. É evidente que muitas vezes perder peso é uma questão urgente de saúde. É claro que exercícios fazem parte de uma vida equilibrada. Mas é preciso esclarecer algo de uma vez por todas: é possível ser gordo, bonito, feliz e saudável. Sim, é possível. A medicina e milhões de pessoas mundo afora provam isso todos os dias. E, sim, há muita, mas muita gente magra que tem uma alimentação péssima. Há muita gente que malha e se enche de substâncias químicas nocivas à saúde. Há muitos corpos esculpidos na base do bisturi e que não são conquistados com exercícios.

Recentemente, a grife Lane Bryant lançou uma campanha que mostra mulheres gordas fazendo exercícios. Veja bem, mulheres que já têm uma rotina de exercícios. Inclusive mulheres gordas fazendo posições bem difíceis de ioga. Mulheres que são gordas por fatores genéticos e porque provavelmente não seguem dietas restritivas em termos calóricos. Mas que comem bem e direito, bons alimentos, nutritivos etc.

Certa vez, uma amiga gorda disse que publicaria os exames médicos dela (todos ótimos!) para esfregar na cara das falsianes que, por trás de uma “preocupação com a saúde”, destilavam veneno e gordofobia contra ela. Aliás, basta uma gorda publicar uma foto de biquíni para atrair um batalhão de médicos de Instagram indicando dieta. Apenas parem com isso. Aliás, você já pensou em quantas atletas gordas competem, por exemplo, nas Olimpíadas? E em todas as tops plus size cheias de saúde? E é só o começo.

Me perdoe a viagem, mas pensei em uma relação com o episódio da saga Star Wars chamado A Vingança dos Siths. Nesse episódio, os vilões sith se aproveitam de um momento de fraqueza do jedi Anakin Skywalker para corrompê-lo e transformá-lo em Darth Vader. É como pegar a “luz” de palavras boas como saúde, autoestima e bem-estar e levá-las para o lado escuro, conectando-as com o conceito de vingança.

Saia dessa, amiga. Que a força esteja com você!

http://elle.abril.com.br/moda/corpo-de-vingaca-sai-dessa-amiga/

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