O alerta é do ex-presidente do BNDES Luiz Carlos Mendonça de Barros que também aponta os caminhos que nortearão a economia brasileira até 2020.
té 2020 a economia brasileira deve crescer, em média, 3,5% ao ano. A estimativa é do economista Luiz Carlos Mendonça de Barros, ex-presidente do BNDES. Ele analisou o comportamento da economia na última década e traçou perspectivas para os próximos oito anos. A pesquisa foi tema do seminário "Análise econômica da última década e perspectivas para 2020”, apresentado nesta segunda-feira (29), na sede da Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul (Federasul), em Porto Alegre.
Mas para alcançar a média esperada, o país precisará se desvencilhar de alguns contratempos. Mendonça de Barros explica que o principal propulsor para o crescimento do PIB nos próximos anos deve ser o investimento em infraestrutura. Para isso, é necessário que o governo acelere o modelo de privatizações. “É complicado para o PT fazer justamente o que combateu por 25 anos, mas para a sociedade não interessa o que estava certo ou errado. São Paulo já tem estradas melhores do que nos Estados Unidos e Europa. Todo mundo paga porque sabe que o consumo e desgaste do carro são menores. Agora, tem que fazer uma coisa em que o sujeito ganhe dinheiro”, alerta.
Na visão de Barros, não basta querer conceder rodovias ou aeroportos à iniciativa privada se o valor cobrado for exorbitante. Neste caso, as concessionárias precisarão reverter o investimento repassando o preço ao usuário-contribuinte. “A [rodovia] Bandeirantes, em São Paulo, está ganhando uma terceira pista porque a empresa responsável viu que estava perdendo movimento”, defende.
Atualmente, a economia cresce graças à oferta, cada vez maior, de crédito para consumo. Como esse índice já alcança cerca de 16% do Produto Interno Bruto, Mendonça de Barros acredita que sua participação na economia tenha chegado ao limite – nos Estados Unidos, por exemplo, desconsiderando as hipotecas, o índice fica em 17%. “O Brasil continuará crescendo também pelo consumo, mas está no teto”, acredita.
Fatores externos também influenciarão, como uma possível crise do Euro – defendida por inúmeros economistas, mas refutada por Barros –, e as relações comerciais com a China. Um índice criado por economistas, denominado “termo de troca”, mostra que a situação atual é confortável em relação aos chineses. O termo de troca consiste na relação de preços envolvidos nas negociações entre dois países – trocando em miúdos, saber quanto o Brasil conseguiu vender para a China para cada 100 dólares em compras. Até o início dos anos 2000, a taxa era de 90. Ou seja, para cada 100 dólares gastos em produtos chineses, o Brasil vendia o equivalente a 90 dólares. Concomitantemente à chegada de Lula ao governo, a China ganhou espaço no cenário mundial e começou a afetar o preço das commodities, principal pilar da balança comercial brasileira. Com isso, o termo de troca entre Brasil e China saltou: hoje, para cada 100 dólares gastos do lado de lá, são recebidos 130 dólares aqui.
O estudo de Mendonça de Barros divide a história recente da economia brasileira em três períodos: a hiperinflação, os governos FHC e Lula e, por fim, a herança deixada a Dilma Rousseff.
Após lembrar a instabilidade econômica na época da hiperinflação, quando era difícil programar investimentos, o país entrou no Plano Real para navegar em águas mais brandas. Quando da eleição de Lula para suceder Fernando Henrique Cardoso, o que se viu foi a manutenção da estratégia macroeconômica – para Barros, um acerto – e o consequente fortalecimento da moeda. Soma-se a isso tudo o aumento real do salário mínimo, como forma de impulsionar o consumo. Em 1992, o país tinha 40% da população nas classes A, B e C – grupo formado basicamente por trabalhadores formais, enquanto os demais figuravam entre as classes D e E – informais. Em duas décadas, o cenário se inverteu, e hoje o Brasil tem 60% da população ocupando as classes A, B e C. Com o crescimento médio de 3,5% pelos próximos oito anos, o país deve chegar a 2020 com 72% da população nas classes A, B e C.
Além disso, a renda média alcançará índices de países como Estados Unidos e Coreia do Sul. A média nacional deve ficar em torno de US$ 17 mil. Em São Paulo, baterá na faixa dos US$ 24 mil. “A economia só muda a sociedade se tiver um período longo de crescimento, mesmo que seja pequeno”, acredita Barros.
Reforma tributária
Barros ironizou ao ser questionado sobre a pesada carga tributária que dificulta o desenvolvimento do país. “Já ganhei muito dinheiro apostando que não daria em nada cada vez que se anunciava uma reforma tributária”, disse. Mas sua incredulidade não se traduz apenas em crítica aos governantes. Barros acredita que a máquina pública realmente precise de inflados orçamentos para bancar as despesas com a população em geral.
“Nossa Receita é uma das mais eficientes do mundo. Ela recebeu a missão de arrecadar 35% do PIB e vai lá e faz. Mas por que precisa de 35% enquanto em países como o México é 20%, 22%? Porque gastamos demais. Antes de fazer uma reforma, precisamos gastar menos. O governo não queima dinheiro, gasta com o povo. A taxa de impostos precisa ser revista, mas antes dela, os gastos do governo é que devem ser analisados. Depois, reduzir juros para que caiam os custos do investimento”, defende.
O seminário "Análise econômica da última década e perspectivas para 2020” foi promovido pela Federasul em parceria com o Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (IBEF-RS).
Fonte:http://www.amanha.com.br/home-2/3844-crescimento-do-brasil-depende-...
Autor:Por Pedro Pereira
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