O varejo brasileiro passa por seu maior momento de transformação. De um lado as implicações decorrentes da crise econômica, do outro, os novos modelos de negócios disruptivos que alteraram as relações de consumo. Um ambiente de grande complexidade e infinitas variantes, muitas fora de controle dos gestores, o que desafia as empresas. Fica a questão: para onde vai o varejo brasileiro? Dividi minha análise em duas partes.
Primeira parte: no que tange especificamente ao ambiente de negócios no Brasil
Existe um cenário exclusivamente brasileiro, fruto do nosso ambiente político conturbado e dos erros advindos das medidas econômicas tomadas nos últimos anos. Soma-se a estes elementos, os diversos desafios inerentes do setor varejista, como impostos, infraestrutura, crédito, logística, apoio a investimentos, entre outros. Neste contexto, a capacidade de gestão, execução e cumprimento da proposta de valor tornam-se prioridade na sobrevivência e perenidade dos negócios do varejo no Brasil.
Um dos pontos que merece extrema atenção neste momento é a eficiência e a produtividade, que anda em baixa no Brasil em relação a média mundial. Precisamos avançar em processos, estratégia e gestão, independente das conquistas em governança de boa parte dos médios e grandes varejistas brasileiros. Isso significa melhorar a performance, baixar custos, diferenciar-se e gerar vantagem competitiva.
Outro ponto é o chamado “erro zero”. Num período de tanta instabilidade e incerteza, não cabe erro em qualquer ponto de contato com o consumidor, que está cada vez mais seletivo, empoderado e conectado. Ganha em importância e visibilidade o ATENDIMENTO. E em tese o investimento em atendimento é menor do que em reformas e tecnologia. E leva a ótimos resultados.
Segunda parte: no que tange aos desafios do varejo na atualidade
A velocidade das mudanças no ambiente dos negócios implica uma nova abordagem. Os modelos de negócios tradicionais não atendem mais em sua plenitude as necessidades de consumidores e empresas. Isso se deve a revolução digital e o avanço tecnológico, que influem e possibilitam diversas novas ofertas de produtos e serviços, em boa parte de forma inovadora, ágil e disruptiva. Novas formas de conexão e relacionamento foram estabelecidas. O ambiente é de reinvenção e oportunidades. Sim, mais oportunidades do que ameaças. Oportunidades para experimentação e lançamento de novos produtos e serviços.
Relacionamentos de valor, experiência do consumidor, propósito e colaboração. O cenário é claro: o consumidor é digital, com vasto acesso a informação, valoriza a experiência em vez da posse, espera marcas com propósito que se assemelhem a seu modo de ser ou ver a vida, quer ser ouvido e colaborar, o que torna a relação mais complexa e personalizada. Cada consumidor quer ser enxergado e tratado como único. O desafio é enorme e a única forma de avançar é trabalhar em conjunto para atender desejos e necessidades. O que leva a repensar o ambiente das lojas em prol da melhor experiência.
Compreender e agir neste novo ambiente de negócios implica muita análise e tecnologia. É imperativo saber administrar a grande massa de dados para gerar informações que sejam úteis e relevantes. Há ainda uma grande oferta de dispositivos que falam entre si e conectam consumidores e varejistas (internet das coisas), alterando a lógica dos canais de relacionamento e vendas. A boa notícia é que existem diversas tecnologias disruptivas acessíveis que vão de plataformas de gestão, colaboração, nuvem, e-commerce e analytics, que estão disponíveis no mercado e auxiliam nos processos de gestão e tomada de decisão.
Concluindo, o ambiente é de mudança permanente e disruptivo
O cenário de crise no Brasil impõe aos negócios a máxima eficiência e produtividade, colocando a gestão como prioridade. A agenda de boa parte dos varejistas é de sobrevivência (mas sem deixar de investir nas pessoas).
O novo ambiente de negócios é fortemente influenciado pelo DIGITAL, que lidera as transformações e as mudanças, o que implica não só em combinar tecnologias (a tecnologia deixou de ser suporte para ser estratégica), mas pensar o modelo de negócio de forma diferente, inovar e investir em capacitação. As startups são ótimos exemplos de modelos digitais e disruptivos no varejo.
Os novos consumidores são DIGITAIS, engajados e empoderados, e querem mais das marcas e das empresas. Eles não só consomem, mas influenciam o consumo. Portanto, torna-se fundamental ter um propósito claro, contar uma história. Além das vantagens comerciais, este novo consumidor quer conhecer a sua causa para se conectar.
Concluindo: o varejo não tem escolha. O caminho é irreversível. O ambiente é de mudança permanente e disruptivo. É para lá que vai o varejo. O fundamental é atravessar a crise vivo e organizado (sem deixar de plantar para o futuro), porque ela vai passar. Pense agora em entregar valor, ter serviço superior, baixo custo e preço competitivo. Em breve chegará um novo ciclo e acredite, você estará melhor preparado.
Bons negócios!
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