Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Debate sobre o peso das modelos de volta na Semana de Moda de Londres

Fonte:|g1.globo.com/Noticias|

LONDRES - O debate sobre a magreza das modelos ressurgiu com força total na Semana de Moda de Londres, após a polêmica criada pela inclusão de três mulheres curvilíneas no desfile do canadense Mark Fast.

Fast, um dos estilistas que desfilam suas coleções nas passarelas britânicas, polemizou no final de semana ao incorporar três modelos 'mais corpulentas' que de costume na apresentação de sua coleção para a próxima primavera-verão que definiu como "uma celebração do corpo feminino e dos numerosos mundos que o rodeiam".

Ainda que bem-vinda por parte desta lucrativa indústria, sua decisão também provocou a saída do estilista "por diferenças criativas em relação à seleção destas modelos", segundo declarou a diretora geral da marca canadense, Amanda May, ao jornal Daily Telegraph.

A polêmica iniciativa de Mark Fast começou com sua colaboração com a modelo Hayley Morley para a exposição fotográfica "All Walks Beyond the Catwalk", que reuniu oito estilistas com várias modelos profissionais de diferentes tamanhos, idades e origens étnicas para promover a diversidade nas passarelas.

Morley desfilou com o mesmo minivestido ajustado preto com que aparece na mostra. Na noite desta segunda-feira, voltou à passarela nas mãos do estilista emergente William Tempest.

"É um passo brilhante e positivo na direção da Semana de Moda de Londres", disse Sarah Watkinson, diretora da agência britânica 12+ UK, que representa as três modelos consideradas "curvilíneas", mas que vestem os tamanhos 40 e 42 europeus (equivalente a 38 e 40 brasileiros).

"Creio que os estilistas deveriam mostrar suas coleções em mulheres com mais curvas", acrescentou Sarah, dizendo também que suas modelos são "mais saudáveis".

O debate sobre as modelos extremadamente magras e pouco saudáveis surgiu nos anos 1990 com a ascensão de modelos como Kate Moss, representantes do conceito "heroin chic", mas se intensificou após a morte em 2006 de duas modelos sul-americanas anoréxicas, uma delas a brasileira Ana Carolina reston, aos 21 anos, pesando 40 quilos.

Desde então, diferentes capitais adotaram medidas para lutar contra este fenômeno, como que a passarela Cibeles de Madri, que vetou modelos que não alcançarem um mínimo de Índice de Massa Corporal (IMC).

Em junho passado, a editora-chefe da edição britânica da revista Vogue, Alexandra Shulman, escreveu para o nata dos estilistas pedindo que não fabricassem tamanhos "sempre muito pequenos", o que obriga a utilização de modelos cada vez mais magras.

"Chegamos a um ponto em que o tamanho da roupa não veste nem mesmo as modelos estrelas", afirmou em carta divulgada pela imprensa.

Vários estilistas presentes nesta semana londrina proclamam que querem fazer roupas para mulheres de todos os tamanhos, mas poucos cumprem a promessa em seus desfiles, em que continuam dominando as modelos supermagras, com algunas exceções como Carolyne Charles ou Issa London, da brasileira Daniela Issa Helayel, que privilegiam as curvas para mostrar seus biquínis.

"Nossa intenção não é apontar ou criticar uma maneira de trabalhar, mas sim dizer que chegou o momento de reconhecer que nossa indústria deve enviar um mensagem mais ampla e fazer algo para que outras mulheres possam se ver refletidas no trabalho dos estilistas", declarou Debra Bourne, cofundadora do projeto "All Walks Beyond the Catwalk".

O mundo da moda não está acostumado à diversidade, como reconheceu a cronista do jornal The Observer, Alice Fisher. "Pisquei os olhos, admito", escriveu Fisher. "Foi um lembre reprovador de minhas próprias idéias, quando espero ver um tamanho de modelo na passarela".

Os estilistas também precisarão de um adaptações, porque não poderão utilizar nas modelos mais corpulentas as roupas desfiladas pelas modelos atuais, nas quais não sobra uma grama.

"Uma das coisas que dizem, e acredito que é um ponto importante, é que se vamos ver mais modelos com curvas na passarela, a indústria terá que ter mais cuidado com as roupas de baixo e a maneira como são tratados seus corpos", explicou Debra Bourne, que recomenda a volta do sutiã e calcinhas nem tão pequenas, pois "esta não é a paça ideal para as mulheres com curvas".

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