Agentes autônomos da inteligência artificial (IA) marcam a chegada da segunda geração da IA generativa, tecnologia que explodiu no mercado há pouco mais de dois anos, após o lançamento do Chat GPT. Essa é a leitura de John Roese, Chief Technology Officer (CTO) e Chief AI Officer (CAIO) global da Dell Technologies, que trouxe algumas das previsões da companhia para 2025 em um evento online com a imprensa na última sexta-feira (08).
“Uma das minhas previsões para 2025 é que a palavra do ano será ‘agentivo'”, disse o executivo. “Isso representa uma mudança fundamental na forma como vamos implementar e desenvolver sistemas de IA corporativos. É algo muito poderoso e complementa significativamente o que temos hoje.”
Segundo o CTO e CAIO da Dell, os agentes se diferenciam da “primeira geração” da IA generativa por serem muito mais distribuídos e especializados, diferente das características monolítica e reativa dos LLMs tradicionais. “O que nós vimos na primeira geração foram sistemas para os quais você enviava um prompt e eles te davam uma resposta”, afirmou. “Nesta nova fase de arquiteturas definidas por agentes, vemos uma sofisticação dos sistemas. Eles não são mais puramente reativos, e isso é uma mudança profunda.”
Essa “sofisticação” ocorre porque os agentes de IA têm a capacidade de se conectar com pessoas, mas também podem atuar de forma autônoma, operando tarefas sem intervenção humana. Na prática, isso trará mais granularidade para a atuação de sistemas de inteligência artificial, rompendo com as “caixas pretas” da LLMs.
Uma das vantagens da abordagem é minimizar riscos de alucinações. Diferente dos modelos generalistas, modelos especialistas são treinados em tarefas específicas e com grupos de dados específicos, reduzindo a chance de erros e evitando que o agente realize ações que fujam do seu escopo de atuação.
Além disso, pontua o CTO e CAIO da Dell, os agentes de IA têm um potencial maior de distribuição, o que será importante para o avanço de dispositivos pessoais embarcados com IA, como os PCs de IA.
“As infraestruturas atuais de IA estão, em sua maioria, confinadas a grandes centros de dados. Elas exigem uma quantidade significativa de poder de processamento em um único local. Em uma arquitetura de agentes, as tarefas podem ser distribuídas de maneira muito mais flexível”, pontuou. “Muitos dos agentes que criamos não estarão localizados em data centers, mas nossos dispositivos, convivendo conosco, e, como se comunicam entre si por meio de linguagem natural, podem interagir como um conjunto colaborativo”.
Além do avanço dos agentes de IA, a Dell Technologies prevê que 2025 será um novo ano de explosão do uso da tecnologia dentro do setor corporativo – acelerando a evolução de prova de conceito para planos em produção. Para Roese, conforme o mundo entrar no “terceiro ano” de disponibilidade da tecnologia, empresas devem estar prontas para evoluir seus projetos experimentais ou provas de conceito (POCs) para o próximo nível.
“A maioria dos clientes ao redor do mundo ainda está no que chamamos de ‘prisão de POC’ e não conseguiram sair dessa etapa. Quando olhamos para 2025, estamos animados, porque, como vimos na Dell, não é preciso mais construir tudo sozinho. Existem muitas, muitas ferramentas e frameworks prontos que podem ser adotados e que fazem com que tudo funcione mais rapidamente. Há uma compreensão melhor sobre quais casos de uso devem ser priorizados”, avaliou.
Sobre o mercado latino-americano, Luiz Gonçalves, presidente da Dell Technologies para a região, afirma que também vê um avanço da adoção de IA da fase de conceito para a fase de produção, mas pontua alguns desafios. Um deles é o nível de maturidade de dados. Segundo um estudo da Catalyst, 94% das empresas na América Latina preveem algum tipo de desafio na preparação de dados.
“Não é simples ter a prontidão de dados. A IA é alimentada por um fluxo constante de diferentes fontes e formatos”, indica. “Isso não é uma tarefa trivial. Os dados precisam ser checados para garantir qualidade, confiança, relevância, privacidade, proteção e compliance com as políticas da companhia”.
“Não há nenhuma área que não será afetada ou transformada pela IA”, disse Roese. Talvez você não seja um desenvolvedor de software no futuro, mas um ‘compositor’ de software. O código será escrito por IAs, mas quem decide qual código deve ser escrito? Que problema você está resolvendo? O que é um bom código? O que é um bom resultado? Isso é um trabalho humano.”
Mais dois temas serão tendências de TI em 2025 para a Dell Technologies, incluindo a soberania de IA. De acordo com o CTO e CAIO da empresa, a IA é a tecnologia “mais complexa e importante” já desenvolvida pela humanidade e não é possível que sua gestão fique apenas nas mãos do setor privado. Nesse cenário, é preciso que governos atuem no desenvolvimento.
“O conceito de IA soberana é muito simples. Ele afirma que cada governo no mundo deve ter uma estratégia para garantir que seu país, sua população, sua sociedade não fiquem para trás, permitindo que aproveitem essas tecnologias e criem vantagens para seu país e sua população”, pontua.
Isso, é claro, inclui o uso de IA pelas próprias estruturas governamentais. Para Gonçalves, presidente da Dell para a América Latina, o setor público da região ainda está em “estágios iniciais” de adoção e implementação destas ferramentas, mas há um potencial grande de retorno uma vez que esses sistemas se integrem à gestão pública.
“O principal fator para impulsionar a adoção de IA no setor público é a produtividade”, afirma. “A IA pode aprimorar os serviços públicos, a mobilidade, o planejamento urbano, a saúde, a gestão de desastres e a sustentabilidade, entre outras áreas.”
Por fim, prevê a Dell, o ano de 2025 será marcado pelo uso da IA na difusão de outras tecnologias emergentes, incluindo a computação quântica, a evolução do 6G, do zero trust e mais. “Há um ou dois anos, pensávamos na IA de forma independente de outras tecnologias. IA era uma tecnologia que fazia algo, enquanto telecomunicações e computação quântica eram outras. No último ano, ficou muito claro que a IA impacta todas as outras tecnologias do mundo, isso significa que todas as tecnologias ou são facilitadoras da IA ou são habilitadas pela IA.”
No caso da computação quântica, por exemplo, o executivo afirma que a IA deverá tornar mais simples a interação com sistemas quânticos, além de acelerar a otimização de algoritmos quânticos para que a tecnologia se torne comercialmente viável mais rapidamente. O mesmo vale para o setor de telecomunicações: conforme as redes estão se tornando muito grandes para serem operadas somente por pessoas, a IA terá um papel importante na gestão e manutenção destes sistemas. “A IA não é apenas uma entre muitas tecnologias, ela é a tecnologia fundamental que está transformando todas as dimensões”, finaliza.
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