Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Demissões podem afetar big techs como plataformas de mídia?

Profissionais de marketing digital analisam que, apesar do período de reajuste de custos, empresas como Meta, Google e Amazon seguem valiosas perante os anunciantes.

Demissões big techs

Até o primeiro dia de fevereiro, o site layoffs.fyi, criado nos Estados Unidos para monitorar as demissões realizadas pelas empresas de tecnologia, contabilizou que 256 empresas, de diferentes portes, realizaram 82.769 cortes de funcionários neste ano.

Notícias de demissões têm sido frequente no universo das empresas de tecnologia desde o ano passado, quando big techs deram início a um movimento de cortes em massa até então nunca visto para um setor habituado a apresentar índices contínuos de crescimento.

Embora, na maior parte dos casos, companhias como Google, Amazon, Meta e Microsoft continuam tendo faturamento positivo e lucros, a realidade do negócio mostrou-se bem mais tímida do que as projeções feitas na onda do pós-pandemia, quando a digitalização acelerada fez com que essas companhias contratassem ainda mais e projetassem negócios e ganhos que não corresponderam plenamente às expectativas.

Considerado apenas os dados divulgados por Alphabet (Google), Microsoft, Meta (Instagram, Facebook e WhatsApp), Amazon, Salesforce e com as projeções da imprensa internacional sobre o Twitter, estima-se que essas gigantes de tecnologia, juntas, devam eliminar mais de 64 mil postos de trabalho.

Reflexos da crise nas big techs na publicidade

Apesar de terem assumido a necessidade de rever projeções e reduzir custos nos próximos meses, essas big techs ainda não têm, ao menos nesse primeiro momento, uma iminente ameaça em termos de captação de receitas publicitárias, segundo profissionais especializados em marketing digital.

“Em tudo o que li e analisei nesses casos das grandes demissões, não encontrei, ainda, algo relacionado a uma desaceleração de receita publicitária ou de perda de importância na área de publicidade digital”, analisa Léo Xavier, sócio fundador da Môre Talent Tech.

O profissional considera que há motivos particulares e diferentes para as decisões tomadas por cada uma dessas empresas, mas que há um ponto em comum. “Nenhuma empresa faz ajustes olhando para trás. Eles sempre se projetam para o que pode acontecer no futuro. E o que temos, sobretudo no mercado dos Estados, é uma projeção de inflação alta e também de recessão econômica, ou, no máximo, de baixo crescimento. Apesar de essas empresas continuarem crescendo, quando analisamos as receitas e lucros, elas precisam olhar e se preparar para o que vem à frente”, analisa.

Manutenção da importância como plataformas de mídia

Para o mercado anunciante e consumidores, de modo geral, essa fase de grandes cortes das gigantes de tecnologia não deve ter impactos significativos. Essa é a opinião de Alexandre Kavinski, CMO da Mirum. “São empresas muito robustas, avançadas e com posições de mercado invejáveis. Na maioria dos casos, a audiência dessas empresas, bem como seu faturamento, continuou crescendo. O impacto foi o fato desse crescimento ter sido menor do que o projetado”, explica.

Assim como Xavier, o CEO da Mirum também destaca uma conjunção de fatores que explicam a crise das big techs mas ressalta, sobretudo, o crescimento exponencial que essas companhias tiveram nos dois primeiros anos da pandemia, que as levou a inflarem os caixas e o volume das contratações. “Por outro lado, as projeções pós-pandemia se mostraram muito mais otimistas e a realidade não foi condizente com as expectativas. Sendo assim, a influência direta de acionistas e investidores, ao identificar resultados aquém dos projetados, passa a ser outro fator relevante na tomada de decisões para equilibrar as contas”, complementa.

Outro elemento que precisa ser considerado na análise é o de que o segmento de tecnologia foi um dos mais cresceu, e de forma acelerada nos últimos anos. De temos em tempos, os setores passam por readequações e redirecionamentos. E, tal como aconteceu com outras indústrias, agora é o momento das big techs, como pondera Luis Maia, CEO da Peppery. “Claro, alguns fatores se destacam mais nesse momento, como as consequências da pandemia, momento econômico mundial, pressão de investidores, guerras e outros temas, mas, essencialmente, é um movimento natural”, considera.

Para o mercado anunciante, Maia avalia que, no curto prazo, algumas marcas até podem sentir impacto na qualidade da troca de informações e na prestação de serviços, uma vez que muitas pessoas foram deslocadas de suas funções, mas destaca que, para os anunciantes, os caminhos são diversos e se renovam a cada dia e que, portanto, é necessário sempre cautela nas estratégias e no planejamento.

Bárbara Sacchitiello

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