Eventos corporativos abrem espaço para discutir a reponsabilidade da cultura corporativa na saúde e bem-estar dos colaboradores.
No dia 1º de janeiro de 2022 entrou em vigor a nova Classificação Estatística de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde, o CID. Entre as várias mudanças, a nova Classificação estabeleceu que o burnout passa a ser uma doença ocupacional. Ou seja, relacionada ao trabalho. Em paralelo, a pandemia fez com que as pessoas repensassem seu propósito e, consequentemente, o trabalho.
Também em janeiro, a Robert Half, empresa de recrutamento especializado, iniciou uma pesquisa a partir da tese de que a tendência da fuga de talentos também pode estar se desenvolvendo no Brasil, com o recorte dos profissionais qualificados de mais de 25 anos. Para isso, entre 3 e 30 de novembro do ano passado, a empresa ouviu mais de 1.100 profissionais, igualmente divididos entre recrutadores, empregados e desempregados.
No estudo, 49% dos empregados disseram que pretendem buscar novas oportunidades em 2022. Ao serem questionados sobre a motivação, 61% querem mudar de empresa, mas permanecer na mesma área. Os outros 39% afirmam ter interesse em uma nova área, segmento ou profissão. Com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), a consultoria ainda concluiu que 51% das demissões dos profissionais qualificados no terceiro trimestre de 2021 ocorreram a pedido dos próprios profissionais. Por profissionais qualificados, são consideradas as pessoas acima de 25 anos, que possuem curso superior completo e atuam no mercado de trabalho privado.
Com esse contexto, a saúde mental e o bem-estar no trabalho têm se tornado um tema, cada vez mais, urgente dentro dos círculos corporativos. “O burnout é a patologia da aceleração”, explica Alexandre Coimbra Amaral, psicólogo, escritor e colunista do jornal Valor Econômico. O profissional dividiu painel com Michele Salles, diretora de diversidade e inclusão na Ambev e fundadora e conselheira da consultoria Carreira Preta, no Rio2C 2022.
Michelle conta que entre as várias definições de desempenho, conceito que pauta a sociedade contemporânea, um ponto é comum – o foco no resultado. “O desempenho tem a ver com a expectativa sobre o resultado”, afirma a executiva. Para ela, o desejo de entregar cada vez mais e de maneira mais acelerada, sem levar em conta os processos e suas dificuldade seria uma das causas do problema. “Isso é adoecedor e vai levar todos nós a um colapso, em algum momento da vida”, destaca Alexandre. Ele defende, inclusive, que o próprio conceito de descanso foi contaminado.
“Estamos descansando para ficar melhor para a produtividade”, contesta o colunista do Jornal Valor Econômico. A diretora de diversidade e inclusão da Ambev também destaca o dever das empresas de reconhecerem seu papel nessa crise. “Dentro das empresas, temos o espaço e a responsabilidade de estudar e atualizar políticas”, aponta. Alexandre complementa: “Se tem uma pessoa com burnout na minha empresa, esse é um problema organizacional”, destaca.
Nesse sentido, com a ascensão do trabalho híbrido e o home office, eles argumentam que definir os limites entre trabalho e vida pessoal não deve ser uma tarefa exclusiva dos profissionais, porque isso alimenta uma lógica de culpa. “Esse parâmetro do tempo do profissional tem que ser institucional”, argumenta o psicólogo e escritor.
Taís Farias
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