Há o impacto dos ativos que podem ser vendidos com a fusão das duas empresas, após análise do Cade, o órgão antitruste brasileiro.
Ao criar a maior empresa de shoppings centers no país em número de empreendimentos, a fusão de BR Malls e Aliansce vai deixar um rastro de impactos no setor que devem ser sentidos rapidamente. Tem efeito bem mais relevante no mercado do que a união de Aliansce e Sonae Sierra, em 2019, que, inclusive, de certa forma preparou a Aliansce para essa tacada anunciada hoje.
Com o acordo, há negócios que ficam mais pressionados a se movimentar de alguma forma, como a Ancar Ivanhoe, pelo poder de negociação e de eficiência que a nova operação cria em suas principais áreas de atuação, como o Rio de Janeiro e São Paulo. A família Carvalho, controladora do grupo, já vinha sondando acordos no setor para fortalecer a operação nacional, inclusive com a BR Malls. Com a união com a Aliansce, o projeto de acordo sai da mesa.
Mesmo operações sem relação de concorrência tão direta com a carteira de BR Malls e Aliansce, como a Iguatemi, tendem a sinalizar ao mercado que também estão se mexendo em busca de um papel de liderança nesse processo de consolidação desse mercado. Há informações no mercado de que a Iguatemi já vem avaliando novos ativos em São Paulo.
“De certa forma, a forte alta de ações no mercado hoje também reflete essa expectativa de que, finalmente, esse setor se mexa e cada um busque se fortalecer mais no seu segmento”, diz um ex-executivo do setor, hoje sócio de um fundo.
Nessa provável espiral de impactos com o acordo, os efeitos devem variar na intensidade.
“Iguatemi e Multiplan são outro patamar em termos de portfólio, não batem de frente com BR Malls e Aliansce, só que isso pode destravar negócios nos grupos, como forma de dar um aceno ao mercado de que estão ativas e não vão só assistir a isso tudo”, afirma um gestor de fundo imobiliário.
No caso da Iguatemi, como o Valor já antecipou, a empresa tem interesse em aumentar a sua participação no Shopping Higienópolis, da capital paulista, e avaliou ativos da Brookfield, recentemente. Ainda favorece esse movimento a reestruturação societária homologada em novembro de 2021, que teve como um dos efeitos a simplificação da estrutura e abertura de espaço para futuras captações no mercado — sem que família perca o controle da companhia.
Além disso, ainda há o impacto dos ativos que podem ser vendidos com a fusão das duas empresas, após análise do Cade, o órgão antitruste brasileiro. “O Cade já estava muito atento a esse negócio antes mesmo de BR Malls e Aliansce se entenderem, e a conta que começará a ser feita é o que vai ficar fora do acordo. Pode ter um ou outro negócio que valha a pena para negócios médios ou regionais analisarem a compra”, diz esse ex-executivo do setor.
Em termos de valor de mercado, a maior empresa do setor continua a ser Multiplan, valendo R$ 14,5 bilhões nesta manhã, seguida de BRMalls e Aliansce em R$ 14 bilhões. Em número de empreendimentos, a operação surge líder, com 69 shoppings e R$ 38,5 bilhões em vendas de lojistas ao ano, mais que o dobro da venda dos lojistas da Multiplan, ampliando o poder de barganha da empresa junto a acordos comerciais com varejistas.
Fonte: Valor Econômico
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