Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Os maiores eventos de moda no Brasil e no mundo, à parte as feiras, giram em torno dos desfiles. Grandes temporadas anunciam nas passarelas o que a indústria vai oferecer na próxima estação: São Paulo Fashion Week, que aconteceu em meados de março, o Fashion Rio, que começa hoje, assim como o Dragão Fashion cearense e, na semana passada, o Minas Trend Preview. Ao mesmo tempo, as marcas aproveitam para usar o desfile como sua própria estratégia de marketing - quantos desfiles com celebridades há por aí?

 

O que pode se considerar como os primeiros desfiles de moda eram a apresentação que Charles Worth, patrono da alta-costura parisiense - fazia para suas clientes com jovens beldades, em meados do século XIX. Na década de 1940, nos EUA, Eleanor Lambert organizou a Press Week, que seria precursora da New York Fashion Week. O objetivo? Estimular a moda norte-americana no pós-guerra, para que ela deixasse de ser um reflexo do que se via na alta-costura em Paris.

Aos poucos, os desfiles das grandes maisons foram buscando sua inspiração na arte, da contracultura, do étnico, e de vários outros elementos alheios ao universo interno da moda. Tornaram-se um dos maiores símbolos, e meios de comunicação, da moda.

 

O resultado é uma nova arte performática híbrida quase totalmente desvinculada dos aspectos tradicionalmente comerciais da indústria da confecção.

 

Ginger Gregg Duggan, em O Maior Espetáculo da Terra, publicado no periódico 

Fashion Theory (link aqui)

 

As supermodelos dos anos 1980 tornaram o espetáculo conhecido do grande público, além do círculo dos profissionais e das consumidoras vorazes de alta moda. Trouxe também maior profissionalização dos desfiles - das modelos aos produtores. No Brasil, isso foi acontecer no final dos anos 1990 e começo dos anos 2000, com a criação das primeiras grandes semanas de moda - SPFW e Fashion Rio.

 

É nos desfiles e em todos os seus elementos (roupa, casting, locação, trilha sonora) que a marca mostra seu conceito e suas propostas. Como disse Maurício Ianês, em entrevista a Mariana Rachel Roncoletta, os desfiles não são feitos para o consumidor final - é para criar a imagem da coleção, e não do produto em si.

CONCEITO

 

No final dos anos 1960, Paco Rabanne criou vestidos conceituais, feitos de placas de plástico ligadas por elos metálicos. O desfile foi apresentado por modelos negras, descalças, ao som de uma composição experimental, Le marteau sans maître, de Pierre Boulez.

 

Enfim, como sair de um desfile desses falando "Que lindo!" ou "Que elegante!"? Os espectadores saíram atônitos, com ideias fervilhando na cabeça. "Isso foi um desfile? Aquilo são roupas?", "Quem usaria (e quando) essa proposta de vestuário?". Temos aqui o início contemporâneo da moda com base em investigações conceituais.

 

Patricia Sant'Anna, O Desafio da criação de imagem de moda em um mundo global, parte do livro Styling e Criação de Imagem de Moda. Editora Senac

 

Hussein Chalayan é mestre em criações conceituais, desde as roupas-mobília aos vestidos de luzes LED. Em 2007, produziu vestidos que se transformavam em plena passarela, chegando ao ápice de deixar a modelo inteira nua com a roupa que se escondia inteira em baixo do chapéu.

Alexander McQueen também se tornou famoso pelos desfiles conceituais e performáticos. Em 1999, dois robôs instalados na passarela jorram tinta no vestido branco da modelo.

A Dior, na era John Galliano, viu desfiles de alta-costura virarem verdadeiros espetáculos, com quase 1 hora de duração - desfiles comuns costumam não ter mais que 15 minutos. Um deles é o oriental-encontra-os-anos-1950 Madame Butterfly de primavera-verão 2007.

No Brasil, um dos desfiles que mais marcou a nossa recente história em semanas de moda foi o de Jum Nakao, na SPFW em 2004. Como o estilista desejava se retirar do mercado de moda, preparou uma apresentação em que roupas de papel eram violentamente rasgadas no final pelas próprias modelos. O episódio rendeu um documentário e um livro, a Costura do Invisível.

Ronaldo Fraga é um dos designers de moda brasileiros que mais investem no conceitual. De Pina Bausch a Noel Rosa, passando pela crítica à exploração do Rio São Francisco, seus desfiles apresentam muito mais do que a roupa. Para o verão 2008, a inspiração em Nara Leão trouxe Fernanda Takai para cantar ao vivo na passarela de barquinhos. No inverno 2009, crianças e velhinhos foram os modelos de um emocionante desfile de roupas praticamente iguais.

Leia também:

Styling e criação de imagem de moda. Organização de Astrid Façanha e Cristiane Mesquita. Editora Senac

Enciclopédia da Moda, de Georgina O'Hara. Editora Companhia das Letras.

Vivian Berto

leia o texto no blog

Tendere - Pesquisa de Tendências e Consultoria em Moda, Beleza e Design

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