Para transformar é preciso um olhar translúcido. Enxergar dessa maneira é ver o potencial das coisas mesmo quando elas já estão rotuladas como sobras, restos, descarte, lixo. Criar a partir dessa lógica é transformar não apenas o material, mas alterar pequenos rumos do mundo. De pouco em pouco, com criativos gestos, designers e criadores aqui do Vale fazem nascer um cenário e, com paciência, um novo mercado e uma nova atitude.
Com criatividade e uma boa intenção, há na região a estilista que cria coleções com o refugo do tecido da indústria têxtil local, o casal que transforma um pneu sem graça em peça de decoração de qualidade e a jovem que criou uma técnica de reaproveitar o plástico para a criação de uma nova matéria-prima.
O que há em comum entre todos esses criadores é a vontade de fazer a diferença com um pensamento ético em relação a questões sociais, de consumo e de meio-ambiente.
— É mais que sustentabilidade. Coerência talvez seja a palavra-chave. É uma visão ampliada do mundo — busca explicar Celaine Refosco, fundadora do Instituto Orbitato, centro de pesquisa em moda e design com base em Pomerode e que já foi apoiador de diversos projetos que envolvem essa coerência.
Foi lá no Instituto Orbitato, de Pomerode, aproveitando essa energia boa da fundadora, Celaine Refosco, e de quem frequenta o local, que a publicitária Flávia Vanelli passou boa parte do tempo com o seu projeto Ratorói.
Pronta para novos e importantes passos, foi em 2009 que começou a trabalhar com uma técnica criada por ela mesma. No processo, Flávia aproveita resíduos plásticos para a criação de uma nova matéria-prima.
A inovação está na forma com que isso se dá. Na Ratorói, a transformação ocorre com tecnologia simples e sem a utilização de componentes que criariam novos resíduos. Apesar de ser de baixo custo, o resultado é de alta qualidade e muita versatilidade.
A marca Esiat usa de refugo de tecidos de empresas locais para criar suas roupas (Foto: Divulgação)
Em parte com o mesmo conceito de Flávia, a designer blumenauense Taíse Depiné vai ao extremo no conceito que criou para a marca de roupas Esiat. A ideia é simples e aplicada com grande qualidade estética. Taíse produz suas peças usando o refugo de tecido das empresas da região.
Partes que foram reprovadas ou foram usadas apenas para teste servem de ponto inicial para camisetas, vestidos, saias, shorts.
A marca SW Studio Art Design cria produtos com pneu e sisal. (Foto: Artur Moser)
Já o casal Tanyra Santos e Sandro Wosniak, de Blumenau, usa justamente como matéria-prima uma parte de um dos "inimigos" do conceito de sustentabilidade: o pneu. A peça final da SW Studio Art Design, empresa criada por eles, torna o pneu irreconhecível após o processo de agregar design ao produto.
Entre pufes, vasos e mesas de centro, Tanyra explica que a ideia nasceu com a vontade da inovação e do equilíbrio com o meio-ambiente e serve para educar sobre a sustentabilidade.
OS PROCESSOS CRIATIVOS
Ratorói
Material usado: Plástico descartado
O que faz: Através de calor e pressão, transforma o plástico, depois de uma seleção, em placas com diferentes tamanhos e grossuras. Pode ser usado desde o vestuário, para detalhes de peças, até design de móveis.
Esiat
Material usado: Sobra de tecido
O que faz: Usa o refugo da indústria têxtil local para produzir coleções femininas e masculinas.
Eurofios
Material usado: Retalhos de tecido
O que faz: Separa os tecidos descartados e os transforma em rolos de fios e novas malhas, que podem ser usados das mais variadas formas.
Dudalina
Material usado: Sobra de tecido
O que faz: O tecido descartado no corte das camisas é organizado e encaminhado para instituições, que produzem principalmente bolsas e luvas de cozinha.
SW Studio Art Design
Material usado: Pneu e sisal
O que faz: Usa o pneu como base e o sisal como revestimento para a criação de móveis e peças de decoração.
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