Petistas festejam resposta da presidente e fim da cordialidade
BRASÍLIA Não vai haver réplica pessoal do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que mantinha até agora uma relação amistosa com a presidente Dilma Rousseff, mas sua estranheza com o posicionamento de Dilma em defesa do ex-presidente Lula ficou clara no tom duro do editorial intitulado "Em defesa do contraditório", divulgado no início da noite de ontem pela direção do PSDB. O documento foi acertado em almoço do presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), com Fernando Henrique em São Paulo.
Enquanto lideranças petistas comemoram a defesa que Dilma fez de Lula ao rebater a crítica de Fernando Henrique - de que Lula deixou uma herança maldita -, os tucanos dizem que ela só aceitou a polêmica para agradar ao ex-presidente e e se solidarizar com ele.
- Dilma não respondeu ao artigo de Fernando Henrique. Foi um movimento unicamente de solidariedade a Lula. Desde quando uma presidente responde a um artigo? Para ela, teria sido melhor se tivesse ficado calada -disse Sérgio Guerra.
No editorial, o PSDB começa pregando que a democracia pressupõe o contraditório, "coisa com a qual o PT não consegue lidar bem", mas que Fernando Henrique vai continuar escrevendo artigos e apontando as mazelas do governo. "Nos causa surpresa, em especial, a reação da presidente Dilma Rousseff, que - cedendo às pressões de seu partido - acabou se excedendo na defesa do legado recebido de seu antecessor. Infelizmente, usando os mesmos métodos utilizados pelo ex-presidente Lula: este, sim, um especialista em tentar reescrever a História brasileira de acordo com suas conveniências", diz o editorial tucano.
O texto acrescenta que houve inúmeras tentativas do ex-presidente Lula e de petistas em tentar negar a existência do mensalão:
"No afã de defender a herança recebida de Lula, a presidente Dilma incorreu em alguns erros ao ressaltar que seu antecessor havia recebido um país sob "intervenção" do Fundo Monetário Internacional (FMI) do governo FHC. Esqueceu a presidente de lembrar o pânico gerado, em 2002, nos meios financeiros só com a possibilidade de vitória do candidato do PT (...) Estas, sim, foram as razões que levaram o então presidente Fernando Henrique a negociar um acordo com o FMI. Um acordo, aliás, que teve o aval de todos os candidatos à Presidência, inclusive, o do PT".
Entre os petistas, o clima era de comemoração com o aparente fim da cordialidade entre Dilma e FH. O líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP), disse que o ex-presidente tucano provocou a reação da presidente ao atacar a gestão petista a um mês das eleições:
- A presidente Dilma só fez um freio de arrumação, colocar as coisas nos seus devidos lugares. O governo da presidente Dilma é de continuidade, continuidade de um Brasil que está dando certo. O FH pediu esse tom. A um mês das eleições, o presidente Fernando Henrique querer descolar a Dilma do Lula?
A ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, afirmou:
- A presidente falou e falou muito bem. Está dito.
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) foi à tribuna e tentou colocar panos quentes na polêmica:
- Eu não tenho nenhum problema de ciúmes dela com Fernando Henrique, porque eu também tenho uma relação de muito respeito com ele.
fonte:Autor(es): Maria Lima. O Globo -
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