Sofia Esteves responde. Ela é psicóloga com especialização em recursos humanos e presidente do grupo DMRH.
Trabalho há oito anos com marketing e nunca tive problemas em conseguir boas colocações no mercado. Tenho contatos na área, já mudei algumas vezes de agência e sinto que estou desenvolvendo minha carreira em um ritmo normal. Meu problema é que eu não gosto de usar redes sociais nem de fazer parte do mundo virtual. Desse modo, não tenho blog e não possuo perfil no Facebook, LinkedIn, Twitter etc, embora haja uma pressão enorme dos amigos e dos colegas da empresa para que eu faça isso. Acompanho a distância o que acontece nesses canais em razão do meu trabalho, mas não sinto vontade de participar ativamente. Essa postura pode prejudicar minha carreira?
COORDENADOR DE MARKETING, 30 ANOS
Resposta:
Há quem diga que a geração Y (nascidos a partir da década de 1980) não tem sua revolução, que os seus representantes não lutaram para modificar algo no mundo. Basta analisar rapidamente o seu questionamento para concluirmos que essa afirmação é um equívoco. O acesso e o uso da tecnologia estão cada vez mais constantes e isso tem modificado não só o mundo dos negócios, como também a nossa vida pessoal. As redes sociais refletem uma tendência de comportamento da sociedade, que é a de estender a vida offline para a online, a real para a virtual. E não são o Facebook, o Twitter e o LinkedIn os responsáveis por essas mudanças e, sim, o conceito de viver em rede. Esse é um processo sem volta: mudarão as redes e as formas de se conectar, mas viver em rede não será mais uma escolha, e sim um fato.
Posso entender o seu incômodo em usar e ser pressionado para estar presente nesses canais - é preciso mesmo muito cuidado antes de se expor neles. A cisão entre vida pessoal e profissional já não faz mais sentido em um contexto no qual o acesso aos e-mails de trabalho pode ocorrer via celular, que está conosco de segunda a domingo, dentro ou fora do horário comercial.
Mas é possível estar presente nas redes sociais com o objetivo de interagir e entender como elas impactam a sociedade e o comportamento das pessoas, sem necessariamente ter que compartilhar detalhes e informações da sua vida que você não gostaria. O problema de não estar nas redes sociais é estar fora do que é uma tendência de comportamento, fundamental para quem atua na área de marketing e precisa entender hábitos de consumo de clientes e consumidores. Já existiram outras tendências e novas ainda virão. No entanto, acredito que não acompanhá-las e não vivenciar como usuário essa nova maneira de se relacionar pode prejudicar sua carreira.
A minha recomendação é que você conheça cada uma das redes/mídias antes de começar a usá-las. As mídias são diferentes e cada uma tem objetivos e ritmos distintos que influenciam diretamente no conteúdo a ser postado. Antes de publicar algo, pergunte a si mesmo se falaria isso em um ambiente público; veja o benefício que aquela mensagem trará para a sua rede de contatos. Você pode optar por usar as redes só compartilhando e postando vídeos, apresentações e notícias relacionadas à sua expertise. Muita gente se tornou referência na rede usando as ferramentas dessa maneira, ampliando sua atuação profissional e até tornando sua rede um negócio lucrativo. No ambiente digital, o desconhecido pode se tornar reconhecido por boas ideias ou ações que influenciem outras pessoas, e daí nasce uma nova maneira de "networking".
Você mesmo mencionou que está construindo sua trajetória de carreira em um ritmo normal e isso está relacionado com os seus contatos na área e, por isso, já mudou algumas vezes de agência. O uso correto e saudável das redes sociais também vai possibilitar isso, só que em um formato um pouco diferente, mas que pode ser muito efetivo para o seu desenvolvimento profissional.
Fonte Valor Econômico 31/08/2011 - By Rafael Barros www.barrospesquisa.com.br
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