Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Documento oficial alerta para desindustrialização - Desindustrialização preocupa o Ministério do Desenvolvimento

Fonte:|valoronline.com.br|
Documento oficial alerta para desindustrialização

O país vive um processo de desindustrialização? O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio tomou partido nesse debate em
documento no qual afirma que o processo existe, é preocupante e ameaça
as contas externas. O trabalho, que circula reservadamente na equipe
econômica e foi obtido pelo Valor, sugere que o governo
deveria criar uma "diretriz" para elevar o saldo comercial, hoje em
torno de 9% das exportações, para um nível mínimo de 14%.

No primeiro semestre, o superávit comercial foi de US$ 7,9 bilhões. Para eliminar a necessidade cobrir as contas externas com investimento do exterior, seria necessário saldo de US$ 19,5 bilhões. Segundo o
Ministério do Desenvolvimento, o governo deveria estimular exportações,
numa clara oposição às intenções do Ministério da Fazenda, que tem
proposto controle de importações.

O documento sustenta que é evidente a "reprimarização" da pauta de exportações. No primeiro semestre, a participação dos manufaturados foi de 40,5%, abaixo dos 43,4% dos produtos básicos, "composição que
retrocede ao patamar de 2008". A indústria de transformação, que chegou a
ter superávit de US$ 31,9 bilhões em 2005, registrou déficit de US$
13,9 bilhões no primeiro semestre deste ano. Setores como têxteis,
confecções, móveis e veículos, que eram superávitários, operam com
déficit. O setor de veículos passou de superávit anual médio de US$ 9,1
bilhões (2004-2007) para déficit de US$ 3,1 bilhões em 2009.

O déficit da indústria cresce à medida que aumenta a valorização do real em relação ao dólar. José Velloso Dias Cardoso, diretor da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas (Abimaq), diz que o aço
longo de países europeus, por exemplo, chega ao país com preço 40%
inferior ao do produto nacional. A mesma tendência ocorre em outros
produtos siderúrgicos, como vergalhões e fio-máquina. O preço do aço
nacional chega a ser o dobro do chinês, diz Velloso.

De janeiro a setembro, a importação de produtos siderúrgicos somou US$ 3,95 bilhões, quase o dobro dos US$ 2,06 bilhões do mesmo período do ano passado. A indústria metalúrgica ainda tem superávit, mas o saldo
caiu de US$ 3,66 bilhões de janeiro a setembro de 2009 para US$ 689,7
milhões nos três primeiros trimestres deste ano.


Desindustrialização preocupa o Ministério do Desenvolvimento


O país vive um preocupante processo de "desindustrialização negativa" que pode ameaçar as contas externas, alerta documento reservado do

Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC)
obtido pelo Valor. O documento, que circula na equipe
econômica, diz ser um "fator de preocupação e sinal de alerta" a
influência da balança comercial no aumento do saldo negativo nas contas
externas, que torna o Brasil cada vez mais dependente de investimentos
especulativos. Ele sugere ao governo criar uma "diretriz" para elevar o
saldo comercial, em torno de 9% das exportações.

O governo, segundo o MDIC, deveria fixar um "nível mínimo" considerado aceitável para a relação entre saldo comercial e exportações, e apoiar exportadores para garantir esse resultado. No
primeiro semestre, essa relação superávit/exportações ficou em 8,8%,
para um saldo de US$ 7,9 bilhões. Para eliminar a necessidade de cobrir
as contas externas com investimentos em carteira (ações e títulos) do
exterior, seria necessário que o superávit no período tivesse sido de
US$ 19,5 bilhões, desempenho considerado "inexequível" pelo próprio
ministério.

O documento propõe que, após fixado o "nível mínimo aceitável" para o saldo comercial (segundo sugere, no primeiro semestre deveria ter sido
14,3%), o governo adotaria medidas para elevar as exportações de forma a
reduzir pela metade a necessidade de financiamento para as contas
externas.

Numa clara oposição às intenções do Ministério da Fazenda, que tem proposto medidas de controle das importações no debate interno do governo, o MDIC argumenta, no texto, que a busca de um saldo comercial
mais alto deve ser feita com iniciativas de estímulo às exportações, com
"medidas estruturantes" - como redução de tributos sobre exportadores,
simplificação de procedimentos burocráticos e políticas de incentivo à
desvalorização do real.

Baseados no desempenho das exportações no primeiro semestre, os técnicos do ministério previam que as exportações teriam de ter crescido US$ 5 bilhões acima do resultado obtido entre janeiro e junho, ou 35%
além do desempenho do mesmo período em 2009. No segundo semestre, o
surpreendente desempenho das exportações elevou a previsão de
exportações, de US$ 180 bilhões para US$ 195 bilhões, o que reduziria o
esforço para obter o superávit maior - o número exato teria de ser
recalculado pela equipe econômica.

O documento, concluído em julho, mesmo mês em que, coincidentemente, o Banco Central interrompeu a escalada de alta nas taxas de juros, toma partido no debate se há ou não desindustrialização no país argumentando
que é evidente a "reprimarização" da pauta de exportações (predomínio de
bens primários, como minério de ferro, soja e grãos). A
desindustrialização não se caracteriza pela queda na produção física da
indústria, que pode até aumentar, argumenta o estudo. "A característica
fundamental do processo de desindustrialização é a perda relativa de
dinamismo da indústria na geração de renda e emprego na economia",
define o texto.

Para o ministério, a "reprimarização" ameaça o país desde 2007 e ficou evidente no primeiro semestre, quando a participação dos produtos manufaturados (máquinas, veículos, eletrodomésticos) no total das
exportações foi de 40,5%, abaixo dos 43,4% da participação de produtos
básicos - "composição que retrocede ao patamar de 2008", diz o
documento.

Enquanto o Brasil exporta cada vez mais commodities (ferro, soja) do que importa, o comércio de produtos manufaturados segue tendência inversa, e passou, de um superávit em favor do país de US$ 4 bilhões em
1992, para um déficit de US$ 9,8 bilhões em 2007 - valor que subiu para
US$ 30,5 bilhões só no primeiro semestre de 2010. O ministério prevê um
"déficit histórico", até o fim do ano. A indústria de transformação, que
chegou a um superávit recorde de US$ 31,9 bilhões em 2005, passou a ter
mais importações que exportações a partir de 2008 e registrou um
déficit de US$ 13,9 bilhões no primeiro semestre de 2010.

Setores de "baixa-média" tecnologia como os de têxteis, confecções e móveis, que mantiveram superávits comerciais até o começo da década, já têm déficits ou, como no caso de móveis e indústrias diversas, deverão
ter saldo negativo até o fim do ano, prevê o MDIC. No caso de couro e
calçados, as vendas de couro têm compensado o déficit no subsetor de
calçados.

Outro exemplo da "deterioração" é o segmento de veículos automotores e equipamentos de transporte, considerado de média-alta e alta intensidade tecnológica e que passou de um superávit anual de, em média,
US$ 9,1 bilhões entre 2004 e 2007 a um déficit de US$ 3,1 bilhões em
2009, que deve se elevar neste ano. O déficit no primeiro semestre já é
maior que o alcançado em todo o ano 2000 por setores de intensidade alta
e média-alta, que já eram deficitários, como o de máquinas de
informática, elétricas e de comunicação, equipamentos
médico-hospitalares, automáticos e de precisão e químicos e artigos de
borracha.

Há uma "tendência estrutural de geração de déficits em importantes segmentos da tecnologia de transformação", nota o documento, que classifica essa tendência de "um sinal de alerta para uma possível
vulnerabilidade da atividade econômica nacional e para as contas
externas do país". Nos últimos três anos, as exportações aumentam a um
ritmo inferior ao do crescimento do país e, na falta de medidas
compensatórias, o câmbio influencia diretamente a perda de
competitividade das vendas da indústria ao exterior, mostra o estudo. Já
as importações aumentam acima do ritmo de crescimento da economia,
ameaçando o saldo comercial, e os investimentos diretos já não são
suficientes para cobrir as necessidade de financiamento do déficit nas
contas externas totais.

É um cenário preocupante, "posto que reflete uma dependência de capitais de curto prazo, sujeitos a volatilidade e nervosismos dos agentes financeiros internacionais", alerta o ministério.



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