O tema da coluna anterior foi a Síria, com a pergunta sobre o que será do país de Bashar Assad em 2013? Já sobre o país de Hugo Chávez, a pergunta tem um caráter de muita urgência: o que será da Venezuela nesta segunda-feira, na terça ou na quinta, dia da posse do caudilho bolivariano para um terceiro mandato?
Existem as dúvidas sobre o preciso estado de saúde de Chávez, que está em Havana, mas o vice Nicolás Maduro já antecipou que dispositivos constitucionais são “formalismos”. Há um limbo jurídico sobre onde e até mesmo quando Chávez pode tomar posse. Não existe dúvida, porém, que em caso de morte ou provada incapacidade física ou mental de um presidente-eleito, novas eleições devam ser convocadas em 30 dias (e isto vale para os primeiros quatro anos do mandato de seis).
Em termos mais urgentes, o chavismo estica no máximo a corda da ambivalência constitucional para não dar espaço para a oposição. Basta imaginar cenários em que Chávez não presta juramento na quinta-feira, mas não é declarado incapaz. O problema é que a saúde desta oposição não é tão vigorosa para se contrapor às veleidades e às venalidades do chavismo para sobreviver no poder, com ou sem Chávez.
Em termos imediatos (esta semana, nos próximos meses), não existe dúvida que o chavismo aguenta o tranco. Mais para a frente, é outra história, pois há uma bomba-relógio. A economia pode explodir e o chavismo implodir sem o seu fundador (embora o peronismo ainda esteja aí, saltitante, com dona Cristina).
No entanto, a dança em Caracas (e Havana) não é muito coreografada, difícil prever com precisão os passos adiante. Chávez tem o pendor de caudilho onipotente. Talvez tenha internalizado sua imortalidade. Na verdade, ele nunca preparou com afinco a sucessão. Meu colega gringo-carioca, Mac Margolis, tem um texto interessante. Ele escreve que o o “modelo bolivariano sempre foi coisa da imaginação hiperativa de um homem, uma parte controle e comando, duas partes improvisação”.
Chávez finalmente constatou sua mortalidade e indicou o vice Maduro como sucessor, mas o chavismo (que inclui de delirantes ideólogos de extrema esquerda a empresários oportunistas, conhecidos como “boligarcas”) tem suas facções. Um cabeça de facção é Maduro, associado a grupos civis, mais ideológicos, próximos de Cuba. Outro cabeça é Diosdado Cabello, reeleito no sábado presidente do Parlamento, e mais afinado com militares nacionalistas.
Neste momento de crise e incerteza sobre a posse de Chávez na quinta-feira, estas facções estão unidas para intimidar a oposição e firmar os passos do chavismo. Qualquer manobra será adotada esta semana para preservar o sistema. Passos são improvisados, mas a música é chavista e a oposição não foi convidada para dançar.
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