Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Educação ao investidor na moda abre espaço para indústria de cursos

Educação ao investidor na moda abre espaço para indústria de cursos

SÃO PAULO – O Brasil passou por mudanças econômicas ao longo dos últimos anos que resultaram em melhora nas condições de emprego e renda, o que permitiu à população pensar mais sobre como gerir seu dinheiro e até mesmo em investir. Essa transformação abriu portas para a expansão de uma indústria: a de cursos sobre finanças pessoais e investimentos, que tem feito novas empresas abrirem e as corretoras, lucrarem um pouco mais.

Em Porto Alegre, os sócios da XP Investimentos perceberam há cerca de oito anos a dificuldade das pessoas em terem conhecimento para operar na bolsa de valores. Eles tinham de passar noções básicas do mercado a cada novo cliente e o faziam por meio de reuniões individuais, que duravam muito tempo. Foi então que tiveram a ideia de criar, em 2003, a XP Educação, dois anos após a abertura da corretora, para poder passar conhecimento aos investidores.

O resultado é que hoje a corretora fatura cerca de meio milhão de reais por mês com esta área. “Na verdade, a estratégia de cursos é a captação de clientes e fidelização, o foco não é com a receita que venha dessa área educacional. É captar alunos, para que se tornem clientes, e capacitar os clientes que já são da casa, com cursos moderados e atualizados”, informou o diretor da XP Educação, Leandro Moreira. A corretora conta com dez cursos e 25 palestras gratuitas.

Na Futura Investimentos, corretora atuante no Nordeste, o investidor começa com cursos sobre introdução ao mercado financeiro e, depois disso, sobre como investir, entendendo as diferentes estratégias. “Além disso, estamos lançando cursos profissionalizantes, para quem quer começar a trabalhar na área de mercado financeiro”, disse o gerente de Educação da corretora, Eric Lassmann. Ele afirmou ainda que a empresa dá cursos para uma média de 400 pessoas em todos os escritórios, que estão em cidades como Aracaju, Recife, Salvador, João Pessoa, Fortaleza e Maceió, mas não informou qual o faturamento da corretora com a área educacional.

Empresas de cursos e palestras

Não são somente as corretoras que estão atentas a este mercado de cursos. Existem empresários formando negócios para poder aproveitar esta onda. A Pyxis Academia de Investimentos é um deles. As sócias Anceli Marcos e Elaine Mello eram investidoras que sentiam uma lacuna no mercado de educação para investidores, foi então que decidiram oferecer cursos e palestras.

“Entramos no mercado sem conhecimento nenhum. Vimos de tudo no mercado, quem ensina de forma certa e de forma errada. Atuamos há dois anos nesta parte educacional e, antes, éramos investidoras comuns. A gente se especializou e damos hoje orientações”, disse ela, sobre a empresa voltada para educação financeira e treinamento, que tem parceria com corretoras, faculdades e empresas. Do faturamento da Pyxis, 60% estão relacionados com os cursos – que podem ter um valor de R$ 120 a R$ 1 mil - e palestras – que têm preços entre R$ 500 e R$ 2 mil.

A Calil & Calil Centro de Estudos e Formação de Patrimônio também atua nesta área. Segundo Mauro Calil, a empresa consegue atingir cerca de 10 mil pessoas por ano com suas atividades, sendo que muitas são feitas através de corretoras e instituições financeiras. A média de custo é de R$ 350 entre cursos que vão de três a seis horas. A receita da empresa com o segmento fica em torno de R$ 350 mil por ano.

“A nossa principal fonte de renda é que somos contratados como instrumento de educação financeira. Somos contratados para dar o curso, isso é mais comum, e o contratante pode ou não cobrar de seu aluno, depende do interesse comercial dele e, do outro lado, nós também fazemos cursos que cobramos do aluno. Os nossos alunos pagam no mínimo R$ 200, podendo pagar até R$ 600”.

O futuro da indústria

Segundo contou Lassmann, da Futura, o mercado de cursos registrou uma estagnada no último ano, pressionando os preços para baixo, fazendo com que as corretoras não foquem mais na fonte de receita que vem deste serviço, mas no benefício da captação do cliente. O problema é que, com o preço baixo, pode haver queda de qualidade. “Não acontece em todas as empresas, mas a maioria baixa a qualidade para manter o mesmo número de pessoas e ganhar clientes. Só que tem empresas que ainda mantêm a estratégia de qualidade dos cursos”.

Já Anceli, da Pyxis, acredita que este mercado está em plena expansão, porém somente os profissionais que fazem um trabalho sério é que vão se manter vivos. “O Brasil tem um mercado extenso a ser explorado, principalmente em bolsa de valores e mercado de capitais. E também na educação financeira nas escolas. Existem muitas pessoas no mercado que não são sérias. Se fizer curso, você vai ver muita gente que coloca em risco o dinheiro do outro, que apresenta técnicas que, se olhar o histórico, não dão certo”, afirmou.

Calil, por sua vez, acredita que o Brasil está no “pré-primário” em termos de educação financeira e que as pessoas tendem a buscar isso, já que muitos não contam com o assunto durante a formação. Mas, em meio a este crescimento, o investidor deve saber ponderar o que é um bom curso de um enviesado. “Se uma corretora chama para um curso gratuito, ou um banco, obviamente quer que seja cliente. Ser ou não cliente, fazer ou não a operação, comprar ou não o produto, a decisão final é sua. As pessoas precisam ter isso em mente. Nem todos têm”.

Moreira, da XP Educação, acredita que a educação financeira ainda é um assunto pouco abordado no Brasil. “Lógico que nos últimos anos passou a ser muito mais abordado. Na XP, a quantidade de alunos cresceu vertiginosamente, mas eu não levo para a banalização, porque é um assunto muito importante, que as crianças não aprendem nem na escola nem com os pais”.

 

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Comentário de Tadeu Bastos Gonçalves em 15 maio 2011 às 12:15
Como será que está o mercado de cursos para ganhar dinheiro com moda, para depois investir?

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