A morte da roupa feita sob medida já foi anunciada, alardeada e dada como certa – desde que os americanos teimaram em desenvolver algo mais prático e condizente com os “modernos” anos 60. Nascia o “ready-to-wear” (ou prêt-à-porter, para quem preferir) que fazia a roupa manufaturada e personalizada ser coisa de gente careta e sem imaginação. E, nessa toada, o ofício de alfaiate parecia, com o tempo, que iria desaparecer. Parecia. Os ventos agora sopram em outra direção.
O estouro da crise financeira mundial teve consequências para a moda. Uma delas foi o retorno do gosto por roupas clássicas, de qualidade e que durem mais do que uma estação. No mundo pós-crise, voltou a ser chique ter um costume (duas peças) ou um terno (três peças) feito com exclusividade e, por isso, com vida longa no guarda-roupa.
João Carlos Camargo, da Camargo Alfaiataria, é um dos profissionais que assistem ao renascimento do metiê.
Até 2015, o projeto é chegar a 30 lojas em todo o Brasil, por meio de pontos de venda próprios e de franquias
“No auge da crise, ganhei clientes que queriam estar bem vestidos, pois entendem o poder de uma roupa elegante”, diz o alfaiate João Carlos Camargo. Ele é um dos profissionais que já sentem os ares de mudança e preparam suas estratégias para atender à demanda que cresce não apenas aqui, mas no mundo todo. “Eu atendo clientes que agora começam a levar os filhos para fazer roupa comigo”, diz o profissional. E a razão para essa redescoberta do metiê? “A gente vende confiança”, resume Camargo.
Nesta nova etapa da profissão, os números animam. Camargo, por exemplo, viu sua produção de 100 ternos por mês dobrar, do ano passado para cá. Com duas lojas em São Paulo e uma em Brasília, Camargo tem planos ousados. “Meu projeto é, até 2015, quando a marca completar dez anos, ter 30 lojas espalhadas pelo Brasil”, revela o alfaiate. O próximo passo é partir para a franquia da grife Camargo Alfaiataria e conquistar mercados.
Ricardo Almeida: um dos mais conhecidos do setor, o estilista reforça treinamento de gerentes e planeja abrir mais três lojas
Com mais tempo de mercado, o estilista Ricardo Almeida, 55 anos, ainda é tido como referência de elegância masculina no Brasil – foi ele o responsável pela repaginada no visual do presidente Lula, há alguns anos. Almeida também vem colocando em prática sua meta de expansão. Atualmente, tem quatro lojas em São Paulo e uma em Brasília, no recém-inaugurado Shopping Iguatemi.
No cronograma ainda estão uma butique no Fashion Mall, no Rio de Janeiro. “Até o final do ano, quero abrir outras duas unidades, ainda sem local definido”, conta o estilista. Nas butiques é possível encontrar ternos e costumes prontos, semiprontos ou, ainda, ter as medidas anotadas para uma roupa exclusiva sob medida. Tudo isso para satisfazer a clientela exigente, Almeida investiu no treinamento de gerentes, que têm formação de alfaiates. A produção de um único terno demora até 45 dias.
O preço pode variar de R$ 2 mil a R$ 20 mil, conforme o tipo de tecido – que muitas vezes é importado da Inglaterra e da Itália. Opções mais em conta podem ser encontradas nas duas lojas da Alfaiataria Paramount, em São Paulo. Lançado em 2007, esse modelo de negócio do grupo têxtil Paramount foi criado para funcionar nos moldes das casas especializadas de antigamente, mas com uma pegada mais moderna, pensada para atrair os jovens. Para começar, os preços são mais acessíveis.
Um costume semipronto custa a partir de R$ 1.580. Um modelo sob medida, a partir de R$ 2.170. A alfaiataria também comercializa camisas feitas sob medida, blazers, gravatas e outros acessórios masculinos. “De todos os ternos vendidos por mês, 60% são feitos sob medida”, informa a empresa, cujos planos incluem a abertura de novos pontos de venda. Prova de que a elegância entrou de vez na lista de prioridades do executivo contemporâneo.
FONTE: ISTO É DINHEIRO
Por Renata Batochio
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