25/10/11 - O presidente da Eletrobras, José Costa Neto, disse ontem que o Ministério de Minas e Energia e o Ministério do Meio Ambiente precisam ampliar os entendimentos mútuos de forma a possibilitar a volta da construção de hidrelétricas com reservatórios, formato que encontra grande resistência por parte dos órgãos ambientais.
Segundo Costa Neto, o custo ambiental do acionamento de termelétricas para cobrir a demanda de energia elétrica na ponta ou para poupar água nos reservatórios existentes é maior do que o impacto gerado pela construção de novos reservatórios.
Durante apresentação, na abertura do 21º Seminário Nacional de Produção e Transmissão de Energia Elétrica, em Florianópolis, Costa Neto disse que 45,5% da matriz energética brasileira é de fontes renováveis, contra apenas 13% no mundo e disse que o país dispõe de potencial para manter a mesma proporção nos próximos 20 anos.
O executivo citou estudos recentes, elaborados por órgãos domésticos e internacionais, alertando para mudanças no regime de vazão dos rios devido ao aquecimento global. Para ele, esses estudos tornam "mais premente a necessidade de construção de hidrelétricas com reservatórios". As grandes hidrelétricas brasileiras licitadas recentemente, como Jirau, Santo Antônio e Belo Monte, têm como principal característica o fato de terem sido planejadas com reservatórios mínimos, fazendo com que a capacidade de geração caia muito nos períodos secos.
Costa Neto defendeu a renovação geral das concessões do setor, que estão vencendo entre 2015 e 2017. Ele ressaltou que não falava como governo, mas como presidente de uma empresa que, embora controlada pela União, é parte interessada no problema. A Eletrobras tem quase 14 mil megawatts (MW) de capacidade geradora com concessões a vencer no período, o que representa aproximadamente um terço da geração total da empresa. Na transmissão, o vencimento atinge 92% dos 57 mil quilômetros de linhas da estatal.
Na opinião do presidente da Eletrobras, as exceções para a renovação automática devem ser somente para "aquelas concessionárias que não estão prestando um bom serviço ao consumidor". Segundo ele, os ganhos que as empresas venham a ter com a renovação das concessões deverão ser repassados ao consumidor.
O executivo afirmou que, de todos os segmentos do setor elétrico, o da distribuição "é aquele no qual, talvez, faça menos sentido fazer uma relicitação das concessões". Costa Neto ressaltou que, no caso das distribuidoras, já são feitas reavaliações econômico-financeiras periódicas (a cada quatro ou cinco anos, dependendo da empresa), nas quais os ganhos apurados são repassados ao consumidor na forma de redução de tarifas.
O executivo propôs também que o Brasil retome o programa nuclear, reforçando a segurança das futuras usinas, tão logo esteja superado o impacto causado pelo acidente do complexo japonês de Fukushima, parcialmente danificado em março deste ano por um terremoto seguido de tsunami. Segundo Costa Neto, o Brasil é um dos poucos países com grandes reservas de urânio e domínio do ciclo de produção de energia nuclear. "É uma opção que o Brasil não pode desprezar." Costa Neto avalia que, além das vantagens técnicas e de disponibilidade de matéria-prima, as usinas brasileiras já são, pela tecnologia usada, mais seguras do que as de Fukushima. "E as próximas serão mais ainda."
Para o dirigente da estatal, o Brasil deve manter a meta de construir quatro usinas nucleares até 2030, além de Angra 3, já em construção. A Eletrobras é a controladora da Eletronuclear, empresa que opera Angra 1 e 2 e que constrói Angra 3. Hoje, a potência instalada do Brasil em energia nuclear é de cerca de 2 mil MW, devendo alcançar 3,4 mil MW quando Angra 3 entrar em operação, em maio de 2015.
De acordo com cálculos apresentados por Costa Neto, se toda a atual frota brasileira de veículos leves passasse a ser abastecida por energia elétrica, a necessidade adicional de geração no país seria de 8.074 megawatts (MW) médios, o equivalente a quase 100% da capacidade instalada da usina de Tucuruí, no Pará "É um número significativo, mas não apavorante."
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