25 de Outubro de 2011
O Brasil tem hoje condições de dar o grande passo para se tornar uma economia desenvolvida. E o desafio principal, na próxima década, será o de industrializar novamente o País, de acordo com o economista e professor João Manuel Cardoso de Mello, um dos fundadores da Universidade de Campinas (Unicamp) e das Faculdades de Campinas (Facamp).
Durante palestra aos alunos da Facamp, nesta segunda-feira (24/10), na Primeira Semana de Economia, organizada pelo Centro Acadêmico de Economia da faculdade, ele defendeu que o País está diante de um momento que exige "escolhas certas". "Vamos jogar nosso futuro na nossa capacidade de industrializar novamente o Brasil. Nos anos 1980 desmontamos nossas principais cadeias produtivas. Hoje não temos o conjunto dessas cadeias integradas", disse ele.
Durante os anos 1980 e 1990, o País passou por um período de estagnação econômica. Com a volta de um crescimento de vulto, a partir de 2004, houve o surgimento de um mercado interno mais dinâmico, com criação de empregos, aumento de mobilidade social e parte da pobreza atenuada. Aliado a isso, a crise financeira internacional, que se intensificou em 2009, abriu espaço para maior participação do Estado na economia como financiador do desenvolvimento do País, na visão de Mello.
Além disso, o patamar alto de preço das commodities deixou o balanço de pagamentos brasileiro superavitário, condição histórica na avaliação do economista. "Não teremos problemas no balanço de pagamentos nos próximos 20 anos. Não só porque os preços das commodities subiram, mas também por causa do pré-sal, que vai nos assegurar divisas. O que sempre estrangulou o crescimento brasileiro foi o problema externo, o déficit na balança. Agora se abre uma nova perspectiva, com folga externa. Mas temos que tomar as medidas certas daqui para frente", afirmou Cardoso de Mello.
O grande entrave para uma industrialização maior do Brasil é a China, segundo Mello. A baixa carga tributária, possibilitada em parte pelo não fornecimento à população, pelo Governo, de serviços como educação, saúde e previdência social, aliada a salários baixos, legislação trabalhista frouxa e desvalorização artificial do yuan, juntamente com subsídios do Estado à produção nacional, tornam o produto chinês praticamente imbatível em uma competição de livre mercado. Por isso, Mello acredita que o Brasil precisa proteger a indústria nacional. "O IPI foi uma boa medida", disse.
No entanto, outras medidas precisam ser tomadas, como o fomento à produção baseado em uma estratégia de longo prazo por parte do Governo. "Temos que encarar o problema, pois vamos enfrentar os chineses. Esse é o grande tema de discussão dos próximos anos: se vamos ser capazes ou não de proteger as nossas indústrias. Desde os anos 1940 nós sabemos que a agricultura não gera emprego, nem renda, nem divisa fiscal. Tampouco devemos optar pelo caminho de ser uma economia baseada em serviços. É a indústria que gera emprego, renda e desenvolvimento fiscal do Estado".
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