Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Em 12 meses varejo recua 6,8%, o pior resultado desde 2001. Outubro tem a pior taxa desde 2008.

As vendas do comércio varejista brasileiro registraram a quarta queda seguida. Em outubro, em relação a setembro, o recuo foi de 0,8%, segundo IBGE.


Puxada por uma queda no desempenho de hiper e supermercados, as vendas no varejo recuaram 0,8% na passagem de setembro para outubro, segundo a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada nesta terça-feira pelo IBGE. Essa foi a quarta contração mensal seguida e representa o pior desempenho para o mês desde 2008 (-1%). Frente ao mesmo mês do ano passado, o recuo foi muito mais intenso, de 8,2% — a 19º taxa negativa consecutiva nessa comparação e a pior desde maio (9%). No ano, o volume de vendas encolheu 6,7%. Em 12 meses, a retração chega a 6,8% e é a mais intensa desde 2001.

– O resultado de outubro amplia o ritmo de queda do setor – avalia a gerente da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE, Isabella Nunes.

A expectativa em pesquisa da Reuters era de baixa de 0,7% na comparação mensal e de queda de 8,2% sobre um ano antes. O Bradesco previa recuo de 0,5% frente a setembro e de 7,6% em relação a outubro de 2015.

Além das vendas de supermercados, combustíveis puxaram o resultado de outubro para baixo, mostrando a dificuldade de recuperação econômica mesmo diante dos sinais de descompressão da inflação. Para a gerente da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE, esse contexto mostra o peso da inflação e da queda na renda no poder de compra das famílias:

– O segmento de alimentos é muito emblemático porque reflete a condição de vida das famílias. Tem um peso muito grande, pois a maior parcela do consumo das famílias é destinado a esse segmento. Então, se a atividade não vai bem, é porque as famílias estão tendo de cortar até itens de primeira necessidade. O que tem relação direta com a evolução da renda real e das pressões inflacionárias.

O segmento hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo caiu -0,6% na passagem do mês e 6,5% frente a outubro de 2015, vigésima primeira taxa negativa consecutiva e a mais intensa desde junho de 2003.

O varejo ampliado, que inclui as atividades de veículos, motos, partes e peças e de material de construção, encolheu 0,3% em relação a setembro e tombou 10,0% na comparação com outubro de 2015. No ano, a queda acumulada é de 9,3% e, em 12 meses, de 9,8%.

Já a receita nominal de vendas do varejo recuou 0,5% frente a setembro, acumulando alta de 4,8% no ano e de 4,3% nos últimos 12 meses. Frente a outubro de 2015, o avanço na receita foi de 1,9%. No ampliado, a receita ficou no negativo em todas as comparações: caiu 0,5% ante setembro; 2,7% frente a outubro do ano passado; 0,8% no acumulado do ano; e 1,4% nos últimos 12 meses.

O varejo brasileiro vem mostrando dificuldades durante todo o ano em meio ao cenário de inflação e juros elevados. Segundo Carlos Thadeu de Freitas, economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio, o setor deve ter em 2016 seu pior ano desde o ínicio da série histórica da pesquisa, que é de 2003. De acordo com as projeções da entidade, o recuo este ano deve ficar entre 6% e 6,5%, frente aos – 4,3% registrados ano passado.

– Ainda não chegamos ao fundo do poço e vamos começar o ano que vem muito fracos. Só é possível enxergar alguma melhora a partir do segundo trimestre do ano, quando a atividade econômica deve começar a melhorar, com a queda dos juros já fazendo efeito para o consumidor e a inflação esteja mais baixa – avalia Thadeu, que espera um resultado positivo do setor em 2017.

E o cenário para o setor varejista não deve apresentar mudança em breve. O Índice de Confiança do Comércio brasileiro apurado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) voltou a cair em novembro.

Alberto Ramos, economista-chefe para a América Latina do Banco Goldman Sachs, destacou em relatório que as perspectivas de curto prazo para o consumo e as vendas continuam fracas devido à contínua desaceleração dos fluxos de crédito, do elevado endividamento das famílias e do comprometimento do rendimento disponível para novas dívida, e do aumento do desemprego e queda dos salários reais.

DESEMPENHO POR SETORES

Na análise por setores, a queda mensal de 0,8% foi puxada ao recuos registrados em hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,6%); combustíveis e lubrificantes (-1,7%) e, em menor medida, artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (-0,1%). Por outro lado, ficaram no azul equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (7,1%); outros artigos de uso pessoal e doméstico (0,8%); tecidos, vestuário e calçados (0,5%); e livros, jornais, revistas e papelaria (0,4%). Móveis e eletrodomésticos não variou, após acumular perda de 9,5% entre fevereiro e setembro.

Na comparação com outubro do ano passado, as vendas varejistas caíram 8,2% em outubro de 2016, com todos os setores ficando no vermelho. O IBGE destaca que outubro deste ano teve um dia útil a menos do que o do ano passado. A maior influência negativa também ficou com hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-6,5%). Em seguida aparece móveis e eletrodomésticos (-13,3%) e, depois, combustíveis e lubrificantes (-10,4%). Os demais setores tiveram os seguintes desempenhos: tecidos, vestuário e calçados (-12,1%); outros artigos de uso pessoal e doméstico (-7,6%); artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (-6,1%); livros, jornais, revistas e papelaria (-17,3%); e equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-6,7%).

Já o recuo de 0,3% no varejo ampliado na passagem de setembro para outubro foi influenciado principalmente pela perda de 0,3% de veículos e motos, partes e peças (-0,3%). Material de construção perdeu 4%, ampliando o recuo frente aos 3,1% de queda registrados no mês anterior.

Frente a outubro do ano passado, o tombo do varejo ampliado foi bem mais expressivo, de 10%. Veículos, motos, partes e peças encolheu 13,5%. No ano, a perda acumulada é de 14,5%. Material de construção teve retração de 13,8% ante igual mês de 2015. Neste ano, o setor já encolheu 12,2%.

RESULTADO POR ESTADOS

A avaliação do IBGE por estados mostra que de setembro para outubro as vendas varejistas recuaram em 15 das 27 unidades da federação. As maiores quedas foram registradas em Roraima (-1,9%), Piauí e Amapá (ambos com -1,7%). Acre (2,3%) e Rondônia (1,7%) ficaram com os maiores avanços.

Em relação a outubro do ano passado, o volume de vendas recuou em 25 dos 27 estados e a quedas mais intensas foram na Paraíba (-18,7%) e no Amapá (-16,9%). Já as maiores influências sobre a taxa geral vieram de São Paulo (-6,4%) e Rio de Janeiro (-10,6%).

No varejo ampliado, na comparação com outubro de 2015, as vendas encolheram em todas as unidades da federação — com exceção de Roraima (7,8%). As principais quedas foram registradas em Pará (-16,5%), Tocantins (-14,7%) e Mato Grosso (-14,4%). O maior impacto negativo também ficou com São Paulo (-10,7%), seguido por Rio de Janeiro (-11%).

Fonte: O Globo

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