Fonte:|Valoronline!
Vanessa Jungerfeld, de Florianópolis
Ulrich Kuhn pode deixar o Conselho da Hering para ser vice de Ideli: "O PT mudou e a Ideli nem de longe é a do passado"
Dois nomes de peso do setor têxtil catarinense vêm sendo cogitados como possíveis candidatos nas eleições de 2010: Ulrich Kuhn, membro do Conselho de Administração da Hering e presidente do Sindicato das Indústrias Têxteis do Vale do Itajaí (Sintex), e Udo Döhler, presidente da indústria Döhler, do segmento de cama, mesa e banho, sediada em Joinville (SC). Ambos são filiados ao Partido da República (PR), que poderá sair em uma chapa com o Partido dos Trabalhadores (PT) na disputa pelo governo do Estado, em uma dobradinha que envolve a candidatura da senadora Ideli Salvatti (PT).
Kuhn, aos 66 anos, não nega seu interesse em sair como vice de Ideli. Há mais de 10 anos ele era filiado ao então PFL, que depois passou a ser chamado de DEM, e neste ano filiou-se ao PR e não vê problema na aproximação com os militantes petistas. "O PT de hoje não é o de ontem. Os partidos mudaram", disse, acrescentando que hoje a política está mais relacionada a pessoas do que a partidos em si. "A Ideli nem de longe é o que era no passado. Eu a conheço desde que era uma militante deputada estadual. Hoje ela é uma guerreira, interessada pelo Estado e pela aproximação com os empresários".
Kuhn entende que se houver Ideli e ele em uma mesma chapa será como reproduzir um modelo que já existe hoje no âmbito do governo federal, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o vice José Alencar, também empresário do setor têxtil, e fonte de inspiração para sua candidatura. "Ele contribuiu até para o Lula não ser o Lula do passado", diz.
"A política não estava no meu projeto de vida. Acabou entrando, diz. Kuhn está há 23 anos na Hering e desde 1984 preside o Sintex. Para Kuhn, há chances reais de levar o Vale do Itajaí à chapa que disputará o governo do Estado. "Os empresários estão muito afastados da política. Disputar é uma forma de não ficar só do outro lado reclamando", diz.
O empresário do Vale do Itajaí diz que o desgaste da carreira política aumenta as dificuldades de se encontrarem empresários dispostos a disputar. "Esses escândalos todos fazem os empresários dizerem: nisso eu não me meto".
Já Döhler, que há anos fazia parte do PL, que então virou PR, preferiu não dar entrevista sobre o assunto, ainda que as especulações sobre uma possível candidatura em 2010 sejam cada vez mais intensas. Aos 67 anos, além de presidente de uma grande empresa têxtil, ele foi por quatro vezes presidente da Associação Comercial e Industrial de Joinville (Acij), tendo seu último mandato de dois anos encerrado no meio deste ano. Döhler é citado como um dos nomes que articulou o início da construção de um campus da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em Joinville e que alertou para o risco da falta de energia na região norte por falta de investimentos em infraestrutura. No ano passado, foi construída uma nova subestação da Eletrosul na região botando fim a esse risco.
Para o prefeito de Joinville, Carlito Merss (PT), faz cada vez mais sentido que o PR se associe ao PT no Estado. Ele diz não ver mais grandes distâncias entre os empresários e o partido que representa os trabalhadores, ainda que outros partidos historicamente tenham sido a casa de empresários catarinenses, como o PL, PFL e o próprio PMDB. "Os empresários que têm a cabeça mais aberta entenderam desde 2002 que Lula foi um grande aliado do setor produtivo, com política industrial e de crédito. Quem se desveste de preconceitos já entende isso", afirma. "A relação com os empresários e o PT avançou ainda mais quando alguns setores tiveram crise e fomos seus parceiros por meio do Ministério da Fazenda com desoneração tributária e financiamentos do BNDES", afirmou.
Os nomes do setor têm sido apoiados por outros empresários catarinenses do mesmo ramo. "Não digo que o setor careça de representatividade hoje, mas pessoas diretamente ligadas à política são, sem dúvida, bem-vindas porque vão defender nossos interesses", destaca Ênio Kohler, diretor de marketing da Lepper, indústria de cama, mesa e banho de Joinville. Entre os principais pleitos que Kohler espera ver atendido é a desoneração da carga tributária.
Já o diretor de relações institucionais da Karsten, Felipe Cavalcanti, entende que o setor têxtil tem pouca representatividade política e "tem recebido poucos benefícios do governo". Cavalcanti também considera Alencar um exemplo a ser seguido, principalmente no seu combate às altas taxas de juros. Na sua opinião, os empresários devem mirar em um futuro político programas de financiamento de investimentos para o setor têxtil, a fim de auxiliar na modernização dos parques fabris para que se consiga "criar uma barreira contra eventuais produtos asiáticos".
Na avaliação do vice-presidente da Teka, Marcello Stewers, o ingresso de empresários é uma tendência: "Acho que os empresários querem entrar para moralizar".
Além do setor têxtil, o varejo catarinense também se articula para lançar um nome ao Legislativo. Nilso Berlanda, dono da rede Berlanda, do segmento de móveis e eletroeletrônicos, que já foi candidato anteriormente, sem sucesso, vai tentar uma vaga de deputado estadual pelo DEM. " Está na hora de pessoas de bem estarem mais envolvidas na política", afirma ele, que por anos era filiado ao PMDB, estando há três anos n a Secretaria de Desenvolvimento Regional de Curitibanos (SC).
Nilso, aos 48 anos, diz que trocou de partido há alguns meses porque teria mais chances no DEM do que no PMDB. Mas entende que a questão partidária será secundária em 2010. "Hoje a população está votando na pessoa e não mais no partido".
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