Campinas - O efeito das taxas de juros nos negócios industriais está representando um sério problema para os empresários, que podem retrair os investimentos previstos para os próximos meses. A expectativa é negativa, pois os empresários acreditam que as taxas de juros irão aumentar nos próximos meses. Esta análise consta da pesquisa de sondagem industrial elaborada pela Faculdades de Campinas (Facamp ) em parceria com o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) na regional de Campinas. Levantamento feito junto aos associados do Ciesp Campinas no mês de abril aponta que para 76% dos empresários da região de Campinas as taxas de juros atualmente praticadas no Brasil são um problema na sua empresa.
O dado preocupante é que 86% dos empresários consideram que as taxas de juros irão aumentar nos próximos 12 meses; apenas 4% acreditam que haverá uma diminuição das taxas de juros atuais em 12% ao ano.
Os dois principais efeitos negativos das altas taxas de juros, apontados pelas empresas, referem-se aos custos do capital de giro (46%) e dos investimentos (44%). Os comentários dos empresários mostram que, quando há a decisão de investir, muitas empresas são afetadas negativamente por precisarem recorrer a empréstimos bancários como garantia para o capital de giro. Com relação à questão do investimento, o ponto crítico está na inviabilidade de fazer investimentos de longo prazo em face das atuais taxas de juros.
Na avaliação do diretor titular do Ciesp de Campinas, Natal Martins, as elevadas taxas de juros desencorajam o investimento. "Para quem produz, a taxa de juros é uma pedra no sapato porque ela inibe investimentos. A taxa preocupa os empresários, pois, para que ele possa pensar em fábricas novas, mercados novos, produtos novos, treinamento e qualificação, ele tem de vislumbrar um horizonte azul. Se qualquer coisa no futuro ele pense que não esteja bem, ele tira o pé do acelerador, podendo adiar e até cancelar", diz.
Para o diretor do Ciesp de Campinas a taxa de juros neste momento tem um aspecto muito negativo em relação à perspectiva do empresário. "A taxa de juros brasileira é muito diferente do que acontece com outros países emergentes, que estão na mesma situação do Brasil, como a Índia, a Rússia e a China, e muito mais diferente ainda dos países já desenvolvidos, que ainda estão passando por um período pós-crise que tem taxas de juros até negativas, então nós estamos indo na contramão do que acontece no resto do mundo e isso se reflete muito negativamente na expectativa e na perspectiva dos nossos empresários", comenta.
O ritmo mais lento da produção industrial em relação ao mesmo período do ano passado, as elevadas taxas de juros projetadas para os próximos 12 meses, assim como incertezas em relação à inflação e ao câmbio já afetam o apetite dos empresários para novos investimentos. Em abril, apenas 16% das empresas respondentes assinalaram que irão aumentar seus investimentos planejados. No ano anterior esse valor era de 21,6%, considerando-se o mesmo período. O número de empresas que disseram manter o investimento também caiu, passando de 56,8% em 2010 para 52% no mesmo período deste ano. Para 6% dos respondentes, sua empresa irá diminuir o investimento planejado nos próximos 12 meses. Em abril de 2010, este número era apenas 2,7%.
O problema é que o arrefecimento da disposição dos empresários em manter ou aumentar os investimentos planejados, verificado em abril, poderá interferir negativamente nas taxas de crescimento da indústria da região no próximo ano. Somente a análise dos resultados da Sondagem dos próximos meses permitirá afirmar se esta queda é pontual ou se faz parte de um processo mais amplo. "Por conta dessa taxa de juros alta, nós temos uma expectativa de que isso não deve mudar, pelo menos em curto prazo; muitos investimentos podem ser adiados ou cancelados por causa disso", conclui Martins.
No mês de abril as exportações somaram US$ 321,8 milhões, e as importações, US$ 291,9 milhões, com saldo positivo de US$ 28,9 milhões. No acumulado de janeiro a abril deste ano a balança comercial registra movimentação de US$ 2,42 bilhões, dos quais US$ 1,23 bilhão em exportações e US$ 1,18 bilhão em importações, com um saldo positivo da balança comercial da ordem de US$ 50 milhões.
A sondagem industrial apontou que, em relação às importações do mês de abril, 42% das empresas adquiriram algum tipo de bem do exterior, em sua maioria matérias-primas, ou seja, 95,2% do total. O restante, 4,8%, foram produtos industrializados. Não foi observada em abril aquisição de máquinas e equipamentos. A crescente importação de matérias-primas faz com que as indústrias da região de Campinas deixem de adquirir seus insumos de empresas nacionais. Este processo, se prolongado, poderá trazer como consequência a descompactação das cadeias produtivas industriais presentes na região.
Fonte:|.dci.com.br|
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