Christopher Bailey no fim do desfile masculino de Inverno 2015 da Burberry ©Getty Images
O Brasil recebe nesta quarta-feira (27.08), pela primeira vez, uma visita fashion para lá de ilustre: o estilista britânico Christopher Bailey. O Chief Creative Officer e CEO da Burberry vem para a abertura da exposição “In Your Face”, do fotógrafo Mario Testino, que será inaugurada nesta quinta no Museu de Arte Brasileira, da Fundação Armando Álvares Penteado (MAB – FAAP), em São Paulo.
Bailey vem se consagrando como um dos mais expressivos (e bem remunerados) nomes da indústria fashion atual graças ao trabalho que tem feito ao longo dos últimos 13 anos no sentido de renovar e reiventar a Burberry, grife com mais de 150 anos de história, tornando-a ainda mais desejada e lucrativa. Um bom exemplo dessa renovação é o próprio trench coat, peça icônica que surgiu há 100 anos, durante a Primeira Guerra Mundial. A Burberry, é claro, ainda é mundialmente famosa pela capa de chuva em sua forma mais tradicional, feita de gabardine cáqui. Mas o designer deu novo fôlego fashion ao casaco ao injetar boa dose de cor e brilho, com tecidos metalizados, lurex e materiais plastificados, por exemplo.
Modelos com o trench coat metalizado no backstage do desfile de Verão 2013 da Burberry ©Reprodução/Facebook
A estratégia digital da Burberry é outro trunfo que leva a assinatura de Bailey. A grife foi uma das pioneiras no investimento em redes sociais, com a transmissão de desfiles ao vivo e ferramentas que permitiam a compra quase que imediata das roupas mostradas na passarela. O reconhecimento do mercado veio logo em 2010, quando o estilista conquistou a primeira edição do prêmio de Inovação Digital concedido pelo British Fashion Council (BFC), conselho de moda do Reino Unido.
O quesito celebridade, fundamental para o sucesso de uma marca, também é preenchido pela marca com louvor. Dona de um estilo fácil, porém arrojado – “uma elegância desarrumada”, como descreveu o próprio estilista em entrevista à “The New Yorker” -, a Burberry está entre as etiquetas queridinhas das it girls britânicas, Kate Moss e Emma Watson entre elas. A atriz Sienna Miller também faz parte do fã clube e já declarou, inclusive, que “poderia viver nas roupas dele [Bailey]”, como reporta a revista “People”.
Elas vestem Burberry: Sienna Miller e Emma Watson (ao lado de Bailey) ©Getty Images
Talvez o segredo do sucesso de Bailey esteja justamente na sua forte conexão com o Reino Unido. Criado em uma família de classe média (seu pai era carpinteiro e, sua mãe, vitrinista da Marks & Spencer) no interior da Inglaterra, ele sempre buscou inspirações para suas coleções em todas as camadas sociais britânicas, de artistas marginais como Sid Vicious até o glamour da família real. “O negócio da Burberry é que ela apela a tipos muito diferentes de pessoas… Nossa filosofia é muito democrática”, contou ele à revista “Details” em 2005.
O primeiro nome de peso do mundo da moda a enxergar o talento de Bailey foi Donna Karan, que o levou para Nova York em 1994 para integrar sua equipe de estilo feminino. Dois anos depois, o britânico se mudou para Milão para trabalhar com Tom Ford na Gucci como designer sênior, posto que ocupou durante cinco anos, até entrar para a Burberry a convite da então CEO Rose Marie Bravo.
De lá para cá, Bailey conquistou diversos prêmios: Designer do Ano em 2005 e 2008, segundo a revista “GQ”; Designer do Ano em 2006 e 2009, na premiação British Fashion Awards; Designer Internacional em 2010, pelo CFDA; apenas para citar alguns. Esse bem sucedido percurso (aliado a um relevante incremento nas vendas e lucros da empresa, é claro) levou o estilista a um acontecimento inédito na indústria fashion: este ano, com a saída de Angela Ahrendts da Burberry, ele se tornou o primeiro estilista a acumular as funções de CEO e de Chief Creative Officer em uma marca.
Toda essa trajetória de sucesso deixa pelo menos uma coisa clara: desde o seu primeiro dia na grife e até hoje, Bailey parece estar em perfeita sintonia com o lema Prorsum da Burberry, que quer dizer “adiante” ou “para frente”, em latim.
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