O Brasil experimentará forte avanço na produção agrícola nos próximos anos e precisará dispor de mais terra para o cultivo, destaca estudo divulgado hoje pelo governo do Reino Unido. Mas, ao invés de condenar a possibilidade do avanço da fronteira agrícola, os pesquisadores acreditam que o País poderá realizar o chamado "desmatamento bom".
As conclusões fazem parte de um amplo estudo sobre agricultura conduzido por 400 especialistas em mais de 35 países, incluindo o Brasil. O governo britânico quis traçar as perspectivas para a produção de alimentos e os impactos sobre o mundo nos próximos 40 anos. Conforme o estudo, nos próximos 20 anos a produção das principais culturas nacionais avançará para atender o consumo, estimulada também pelo preços das commodities.
A produção de cana-de-açúcar passará de 711,5 milhões de toneladas em 2010 para 1 bilhão de toneladas em 2030. A safra de soja deve sair de 67,7 milhões de t para 100,8 milhões de t, do milho de 55,5 milhões de t para 76,7 milhões de t, do trigo, de 6,0 milhões de t para 7,1 milhões de t, do algodão 3,8 milhões de t para 4,9 milhões de t, e do café de 2,7 milhões de t para 4,2 milhões de t. A produção de carne deve avançar de 9,2 milhões de t para 13,9 milhões de t no período.
O estudo assume que a terra adicional virá principalmente da utilização de áreas hoje reservadas para o pasto. Mas os pesquisadores admitem a possibilidade de que o plantio avance pela floresta. "A possibilidade de que a área adicional necessária para produzir o nível estimado possa também vir do desflorestamento não precisa afetar negativamente o bem-estar da sociedade", diz o estudo. Os pesquisadores descartam a competição entre o plantio de alimentos e o de culturas destinadas à produção de biocombustíveis no Brasil.
Trata-se de uma avaliação bem diferente da divulgada em julho de 2008, quando um estudo divulgado pelo cientista Ed Gallagher, da Agência de Combustíveis Renováveis do Reino Unido, colocou fogo no debate ao atribuir à produção de biocombustíveis o aumento das emissões de CO2. Esse relatório fez o governo britânico desacelerar o uso do etanol, que atualmente importa principalmente do Brasil.
O estudo divulgado hoje mostra que a produção global de alimentos passará por pressões profundas nos próximos 40 anos. A população mundial deve sair dos atuais seis bilhões e atingir nove bilhões até 2050. A competição por terra, água e energia deve se intensificar, juntamente com os efeitos do aquecimento global.
FONTE:
AE |
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