Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Expansão e aumento de importados: os planos da Amazon Brasil, segundo seu presidente

Desde 2019, a Amazon expandiu de um para dez o número de centros de distribuição no Brasil, estrutura que deve ser suficiente ao menos até o próximo ano, enquanto analisa onde devem ser erguidas novas estruturas.

Esses movimentos acontecem em meio a uma recuperação extrajudicial nas Casas Bahia (BHIA3) e ainda sob a sombra da crise nas Americanas (AMER3). Apesar disso, para o presidente da Amazon Brasil, o cenário é positivo para o varejo. “As recuperações que aconteceram foram mais uma questão de administração do que sobre endereçar oportunidades”, avalia Daniel Mazini em entrevista ao InfoMoney.Outro tempero é o fortalecimento da presença de gigantes chinesas no Brasil. Além de estreantes como a Temu, a Aliexpress recentemente anunciou sua parceria com a Magalu (MGLU3), para não falar da já estabelecida Shein. “Quanto mais empresas vendendo no e-commerce, para nós é positivo: está aumentando o tamanho desse bolo, botando fermento e crescendo”, diz Mazini, que vê a concorrência com bons olhos.

A própria regulamentação de compras internacionais até R$ 50, sancionada pelo presidente Lula ao final de Junho, é uma má notícia para as chinesas comemorada pela Amazon. Segundo Mazini, “a legislação anterior era muito incerta, muito antiga, que não considerava o e-commerce”; agora, abre-se espaço para maiores investimentos em importações no site da empresa.

Desde 2019, a Amazon expandiu de um para dez o número de centros de distribuição no Brasil, estrutura que deve ser suficiente ao menos até o próximo ano, enquanto analisa onde devem ser erguidas novas estruturas. 

No lugar dos gigantes galpões logísticos, por ora o principal investimento em infraestrutura tem sido nas chamadas estações de entregas, onde a empresa é capaz de avaliar a demanda por armazenagem e eventuais investimentos em capex (despesas com estrutura). Em entrevista ao InfoMoney, Daniel Mazini explicou qual é a estratégia da empresa para o Brasil nos próximos anos.

InfoMoney: A Amazon fez investimentos para uma rápida expansão da sua infraestrutura logística no Brasil desde 2019. A estratégia é seguir nesse ritmo pelos próximos anos?

Daniel Mazini: Hoje temos dez centros de distribuição (CDs) em sete estados. Teremos que expandir no futuro, queremos ficar mais próximos do cliente sempre. O foco tem sido em velocidade, porque já expandimos o suficiente, há uma capacidade instalada para o que precisamos para o dia a dia, pelo menos para o próximo ano. Para acelerar as entregas, estamos usando as estações de entrega. Elas sim estão em um ritmo muito mais acelerado: eram 14 há dois anos atrás e temos 64 agora. Com a entrega cada vez mais rápida, conseguimos entender quais serão os lugares em que a capacidade de armazenagem será maior. 

Nunca fazemos promessas, avisamos normalmente quando fazemos o lançamento, mas devemos abrir mais CDs no Brasil. Quando olhamos para os outros países do mundo que tem presença mais antiga da Amazon, vemos que há mais desses espaços, então devemos continuar expandindo também.

IM: É como uma regressão, partindo da avaliação nas estações de entrega para a definição sobre os centros de distribuição?

DM: Capex é sempre dolorido, então para justificá-lo, fazemos um investimento sempre baseado na demanda. As apostas da Amazon são muito certeiras, nós apostamos baseado em dados, em confirmação de resultados. Então nós começamos a fazer uma coisa mais leve de capex, que são as estações de entrega. Por exemplo, não temos um centro de distribuição na Bahia, mas temos estações de entrega na Bahia. Espírito Santo também. São estados em que não temos centros de distribuição, mas temos estações de entrega, vemos a demanda acelerando – não necessariamente nos dois estados mencionados.

IM: No último mês, o presidente Lula sancionou a Lei do Programa Mover, que incluía a taxação de produtos importados em até US$ 50, antes isentos no Remessa Conforme. Como a Amazon avalia a regra?

DM: A legislação da Remessa Conforme nos permite apostar muito mais no canal de compras internacionais. A legislação anterior era muito incerta, muito antiga, não considerava o e-commerce. Era uma legislação que tratava de pessoas mandando presentes para seus parentes de outro país ou envios de amostras de produtos. Essa legislação atualizada nos permite apostar no longo prazo, investir em sistemas, processos e produtos que façam esse transporte dos Estados Unidos, Europa e China de maneira mais rápida para o Brasil. Hoje em dia nossas vendas internacionais são pequenas, mas com o Remessa Conforme estamos investindo mais na criação de vários canais e de trazer produtos cada vez mais rápido e com um preço melhor.

A escala ajuda muito no preço. Se eu trago dezenas ou centenas de milhares de produtos dos Estados Unidos ou China, posso aumentar escala e melhorar o preço. Nossa visão é positiva, principalmente, por conta da velocidade. Antigamente a velocidade [para importar] era lenta e havia incerteza. Às vezes o produto seria recebido em duas semanas, às vezes em um mês. Com o Remessa Conforme é um canal liberado. Aumenta a velocidade e, consequentemente, o consumo.

IM: É uma visão bem diferente daquela das varejistas chinesas.

DM: Nós não falamos de concorrentes, mas, falando de nós, agora temos um canal canal estabelecido e temos uma visão positiva sobre ele.

IM: Mas, falando sobre mercado, as grandes varejistas chinesas estão olhando cada vez mais para o Brasil. A Temu, por exemplo, acaba de chegar ao país. Como avaliam o cenário de concorrência?

DM: Algo que falo muito, internamente no meu time e externamente com os times internacionais da Amazon, é que o Brasil tem uma competitividade muito alta no e-commerce. Ela é boa porque ainda há uma penetração muito baixa do e-commerce aqui, temos em média, dependendo da fonte, 12% ou 14% do varejo no e-commerce. Isso ainda é muito baixo. China tem 40%, Estados Unidos quase 20%. Então tem um espaço muito grande para crescer. Geralmente a barreira para começar a comprar no e-commerce é experimentar, para criar confiança. Quanto mais empresas vendendo, quanto mais gente comprando, para nós é positivo: está botando fermento e fazendo o bolo crescer.

O nosso papel aqui é oferecer uma experiência cada vez melhor para o cliente, para crescer a nossa fatia. Não vejo de maneira negativa a concorrência maior. Acho que a gente já teve muitas empresas que foram definidas aqui no Brasil como “a maior empresa do e-commerce brasileiro”, isso já mudou pelo menos umas quatro vezes nos últimos dez anos e nós vemos essa competição como uma coisa saudável, que leva a preços melhores, todo mundo querendo entregar mais rápido, cada vez maiores catálogos, mais produtos para serem vendidos. Tudo isso ajuda o cliente, 

IM: E a sua avaliação é de que nos próximos anos deve haver uma consolidação no setor?

DM: Não, tem um papel para cada um fazer. O comércio físico não vai acabar e dificilmente vai ser menos que 50% do varejo. Tem um espaço gigantesco no varejo para ser explorado; com o poder de consumo brasileiro aumentando, o bolo aumenta ainda mais, o  e-commerce aumentando a penetração, faz o bolo crescer mais ainda. Nos Estados Unidos, empresas tradicionais que eram muito fortes no e-commerce acabaram recuando um pouco e estão com o negócio super saudável na parte física, offline, digamos assim. Nós, como um pure player de online, vemos muito potencial. Não vejo consolidação ou alguém precisando sair do mercado. 

IM: Ainda que algumas das brasileiras estejam passando por recuperação judicial? Como avaliaria o mercado daqui alguns anos?

DM: Prefiro não falar diretamente de competidores, mas o mercado daqui a cinco anos vai estar assim como ele é hoje em dia. Vão ter os incumbentes, que são as os varejistas tradicionais, reconhecidos e com lojas na rua, em quem as pessoas confiam e vão estar vendendo super bem, tanto físico quanto no seu papel online. Vão ter também os pure players, que são os e-commerces puros como nós, que vão continuar a fazer um bom trabalho de eficiência e as asiáticas vão continuar fazendo o que fazem. Como no nosso catálogo asiático, que também traz coisas da China e dos Estados Unidos que não se encontra aqui. São produtos diferentes, todos gostam desse tipo de produto. 

As recuperações que aconteceram foram mais uma questão de administração do que sobre endereçar oportunidades. O comércio e o varejo são bons, só que é um segmento de margens bem apertadas, então uma decisão errada acaba custando muito caro para as empresas.

Por Iuri Santos 

Fonte: Infomoney

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