Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Flávio Rocha, presidente do Grupo Riachuelo: "a reforma tributária precisa preservar os mecanismos dos incentivos fiscais"

Fonte.|tribunadonorte.com.br|

"Os incentivos fiscais devem continuar"

O primeiro seminário do projeto Motores do Desenvolvimento do Rio Grande do Norte, cujo tema será 'Indústria', ocorre nesta segunda-feira (17), no auditório Albano Franco – Casa da Indústria. O evento começa às 8h e contará com a presença das principais lideranças políticas e empresariais do Estado. Uma delas é o presidente do Grupo Riachuelo, Flávio Rocha, que também fará palestra no evento.

Na entrevista que concedeu à TRIBUNA, ele levanta a questão da reforma tributária, alertando que os efeitos das possíveis mudanças não estão sendo avaliados como deveriam. Um dos pontos que Flávio Rocha ataca é o fim dos incentivos fiscais, o que para ele faz com que a “equação não feche”. O Motores do Desenvolvimento é promovido pela TRIBUNA DO NORTE, pela Federação das Indústrias do RN (Fiern), pela Fecomércio e pela RG Salamanca. E é patrocinado pela Eletrobrás, pelo Governo do Estado, pela Assembleia Legislativa e pelo Grupo Riachuelo.

Júnior Santos

Flávio Rocha, presidente do Grupo Riachuelo: "a reforma tributária precisa preservar os mecanismos dos incentivos fiscais"


Que avaliação o senhor faz da indústria potiguar?

A indústria do Nordeste, como um todo, vive um momento de expectativa por conta do desdobramento da reforma tributária. A reforma tributária, do jeito que está, representa um retrocesso à uma era que não deixou saudade nenhuma, que era aquela era do subsídio direto. Época na qual o empreendedor contava uma história para um tecnocrata e conseguia ou não um subsídio direto. Isso gerou enormes distorções. Isso só parou quando se evoluiu para um sistema extremamente inteligente e automático — que é talvez um sistema vencedor em todo país que tem desigualdades regionais — que é o incentivo fiscal. Um sistema pelo qual você produziu, gerou emprego, gerou riqueza, recebe automaticamente a contrapartida. Isso levou realmente à consolidação de empresas vitoriosas.


Aqui no estado o maior incentivo é o Proadi?

Exatamente. Agora, a reforma tributária, do jeito que está aí, vai transformar São Paulo numa megalópole inadministrável. Porque deixa de fazer sentido essas empresas estarem distantes dos centros consumidores e vão voltar a buscar otimizar suas logísticas perto dos centro fornecedores e consumidores.


Por quê?

Porque se criou uma expressão totalmente inapropriada e opinativa chamada 'guerra fiscal', tentando dar maior importância a uma pequena faceta do mecanismo de incentivos, que pode ser corrigido com medidas pontuais. A guerra fiscal tem de ser atacada pontualmente e não destruir por inteiro um mecanismo saudável, necessário, de descentralização dos investimentos. Algo importante para o Nordeste. Por causa de um pequeno detalhe está se querendo destruir o todo.


E qual a sua sugestão para solucionar este problema?
Aumentar os incentivos?

Os incentivos já representaram muito mais do que representam hoje. Como estamos enraizados no Nordeste, mantidas as atuais condições de ICMS e Imposto de Renda, isso justifica a permanência do nosso braço industrial aqui. Mas dificilmente a equação fechará caso a reforma tributária seja aprovada como está sendo proposta. A equação não fecha caso sejam retirados os incentivos relativos a ICMS e Imposto de Renda.


Quer dizer que o Rio Grande do Norte corre riscos de perder os empregos da indústria têxtil caso a Reforma Tributária seja aprovada?

A impressão que eu tenho é que a retirada dos incentivos coloca todas as empresas no vermelho. Estamos falando aí de 500 mil empregos, facilmente.


E o que é que os empresários estão fazendo para evitar isso?

Me surpreende o silêncio em torno de algo tão relevante para o Nordeste. Estou ansioso pela discussão durante o evento sobre essa questão. Acho que o Motores do Desenvolvimento vai estar prestando um ótimo serviço ao levantar este assunto. Até a CNI, que tem um presidente nordestino, parece não estar atentando para a gravidade deste assunto.


Além disso, que outro ponto da reforma o senhor considera problemático?

Eu não vejo onde está o aspecto simplificador da reforma. Na hora que uma fábrica de qualquer estado da federação — que hoje presta contas de ICMS a um ente arrecadatório — passar (com a aprovação da reforma tributária) a prestar contas a 27 entes da federação, 28 com o Imposto sobre Valor Adicionado (IVA) federal, não há simplificação. Então, isso leva a uma enorme complicação de todo processo. Outra questão que já começa com uma bela batalha jurídica, é se o IVA Federal vai incindir sobre o IVA estadual.


Que avaliação o senhor faz do crescimento da indústria têxtil?

Sem dúvida passamos a ter uma participação bastante relevante. A Guararapes saiu de um total de seis mil empregos num passado recente para 14 mil atualmente. Somos a maior fábrica do Brasil em número de funcionários. Pelos nossos portões passam 14 mil pais e mães de família. Em Fortaleza são mais 6.800 colaboradores. Eu imagino que isso é ainda o embrião de um negócio que deve ser tornar algo ainda maior para o Rio Grande do Norte.


Por quê?

Porque o nosso modelo é integrado. Cada loja que abrimos, por exemplo, em Cuiabá, com 200 funcionários, geramos 400 empregos aqui no Rio Grande do Norte. Porque cada emprego no varejo gera pelo menos dois na indústria. O que se prevê para o futuro é uma formalização acelerada do setor. Temos informações de que deverá haver um choque de formalização em vários setores. É sabido que o nosso setor é 50% informal. Isso é muito ruim. Por um lado porque os formais pagam a totalidade da conta. E por outro porque as informais não crescem e não conseguem acesso ao crédito. Ficam as duas bandas impedindo o crescimento uma da outra. Eu vejo isso com otimismo que a atuação mais eficiente das autoridades fiscais, cobrando imposto, torna mais equitativa a concorrência e diminui a iniquidade tributária. E traz um efeito muito positivo em termos de formalização. Eu acredito que na hora que esse setor for predominantemente formal, com apenas três grandes players com market share (cota de mercado) em torno de 1,5%; você abre espaço para produtores com 10, 15% de market share. O setor está pulverizado por conta dessas peculiaridades do mercado brasileiro, cuja informalidade é imensa. Com a formalização a expectativa é um crescimento muito grande. Eu vejo a Guararapes como um embrião de algo muito maior. Este é realmente um filão que o Rio Grande do Norte deve aproveitar.


Qual expectativa que o senhor tem com relação ao seminário Indústria, do projeto Motores do Desenvolvimento, que ocorre amanhã?

Eu acho os temas foram muito bem escolhidos. A organização está de parabéns. A questão da reforma tributária e dos incentivos fiscais tem muita relevância. São assuntos que dizem respeito direto à economia do Rio Grande do Norte e que não vem sendo tratados adequadamente.

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