Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Footwear brasileiro de malas prontas para o exterior

Num mar de indicadores econômicos negativos, há um dado animador para as contas externas brasileiras. Desde março, a balança comercial vem registrando superávits mensais e, no ano, já acumula saldo positivo de US$ 7,3 bilhões.

Desde março, a balança comercial vem registrando superávits mensais e, no ano, já acumula saldo positivo de US$ 7,3 bilhões. - Foto: DR
O problema, segundo os analistas, é que esse bom desempenho decorre principalmente da queda das importações, reflexo direto da recessão econômica. No entanto, ao ser analisada com lupa, a balança comercial sinaliza um movimento promissor: o volume exportado cresceu 6,3% de janeiro a agosto, embora a redução de preços das principais commodities ainda impacte o valor total, que caiu 21,3% até o mês passado.

Com a desvalorização cambial de cerca de 40% neste ano (o dólar se aproxima rapidamente dos R$ 4,00), as oportunidades no exterior se tornaram mais atraentes e encorajaram os produtores nacionais a ampliar seus horizontes.

Um exemplo concreto deste movimento está no setor calçadista que, além de exportar seus produtos, está dando um passo mais ousado em busca do consumidor estrangeiro, abrindo lojas fora do País.

A decisão de encarar o varejo internacional está pautada na perspectiva de manutenção do dólar em patamares elevados. É também uma forma de depender menos do frágil mercado brasileiro.

A loja própria permite à empresa estar mais próxima do cliente lá fora, com um maior potencial de volume e fortalecimento da marca. "Nos últimos meses, clientes que tinham multimarcas viram a demanda de nossos produtos aumentar e requisitaram a abertura de lojas próprias", afirma Tatiana de Oliveira, gerente de exportação da fabricante gaúcha Piccadilly.

Diante de um crescimento de pelo menos 10% nas vendas ao exterior, a marca abriu três unidades no Bahrein, no Oriente Médio, no primeiro semestre. "Graças ao dólar alto, conseguimos estabelecer um preço mais justo."

Para a grife paulista Santa Lolla, o câmbio favorável permitiu resgatar seu desejo antigo de se posicionar no varejo internacional. Com a parceria de um grande cliente paraguaio, a marca escolheu o país vizinho para retomar a abertura de lojas internacionais, o que deve se repetir em outros destinos na América do Sul.

Segundo Rubens Martinez, diretor-executivo da Santa Lolla, a ofensiva no front externo é uma estratégia para renovar o fôlego e atravessar o período mais turbulento no Brasil. "Não sabemos até que ponto a crise vai chegar", diz Martinez. "De qualquer maneira, estamos preparados e esperamos sair ilesos".

A vantagem do calçado brasileiro lá fora ganhará mais ênfase à medida que contratos antigos de outros fornecedores começam a vencer. Por isso, o entusiasmo dos produtores nacionais ainda não se traduz nos números por completo.

Há destaques em alguns mercados, como China e Emirados Árabes, com avanços nas exportações de 26% e 34%, respectivamente. No ano, o resultado ainda é de queda de 10,6%, mas com viés positivo.

"A tendência do mercado interno brasileiro e o dólar só reforçam a inserção internacional como forma de qualificar o produto e a empresa brasileira", diz Heitor Klein, presidente da Associação Brasileira de Fabricantes de Calçados (Abicalçados). "É a oportunidade de fazer a produção nacional crescer, uma vez que o mercado interno tem as suas limitações."

Embora a exportação tenha se tornado um imperativo, nem todas os fabricantes conseguem responder rapidamente à alta do dólar. O diretor do departamento de Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Thomas Zanotto, avalia que o setor de couro e calçados do Brasil é muito competitivo, principalmente nos produtos femininos, o que torna menos árdua a retomada de mercados perdidos nos últimos anos.

Isso, porém, não minimiza seu alerta para que os mesmos erros do passado não sejam repetidos. "O empresário deve conhecer o país onde atuará e elaborar um projeto estruturado, não apenas de um ou dois anos", diz Zanotto.

Fonte: Isto É Dinheiro via Portal Abicalçados

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Comentário de Antonio Silvério Paculdino Ferre em 18 setembro 2015 às 11:04
E que sejam rápidos, porque os insumos importados, subirão também.

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