Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Fornecedor externo dá desconto e preço de importação cai

Fonte:|comexleis.com.br|

Comércio exterior: Queda foi mais intensa nos bens intermediários, mas itens de consumo tiveram leve alta
Marta Watanabe, de São Paulo

Descontos concedidos em renegociação de contratos deram origem a um novo nível de preços nas importações. Segundo dados da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex), o preço médio de importação do segundo trimestre de 2009 teve queda de 4,05% na comparação com o índice dos primeiros três meses do ano.

A nova queda no fim do primeiro semestre é resultado do arranjo de preços nos primeiros três meses do ano, dizem especialistas. Sem perspectivas para o nível de produção ao longo de 2009 e ainda com folga nos estoques, as indústrias brasileiras frearam as compras de insumos durante o início do ano. Ao mesmo tempo, a crise global derrubou os preços das commodities e houve revisão no valor dos bens comercializados no mundo.

Os contratos de compra de bens intermediários foram alvo de intensa renegociação durante o início do ano. “Isso resultou na queda de preços nos desembarques efetivados no segundo trimestre, principalmente nos insumos das indústrias”, diz o economista Júlio Callegari, do JP Morgan. A redução de preços do segundo trimestre em relação aos primeiros três meses do ano foi puxada pelos bens intermediários, cujos preços caíram 5,58% no mesmo período. Nos bens de capital houve queda de 2,87%. Em comparação com o segundo trimestre de 2008, a redução no preço do total das importações foi de 13,98%.

Para Rabih Nasser, professor da GV Law, com um novo patamar de preço negociado no início do ano e mais seguras sobre o nível de produção, as indústrias retomaram as compras, com desembarques que foram efetivados no fim do primeiro semestre. Segundo dados da Funcex, setores tradicionalmente fornecedores de insumos para as indústrias elevaram o volume enviado ao Brasil em relação aos primeiros três meses do ano. Esse aumento ocorreu paralelamente à redução de preços no mesmo período.

Os produtos químicos, por exemplo, ficaram 9,36% mais baratos, enquanto subiu 16,82% o volume importado. Os produtos têxteis tiveram redução de 6% nos preços, com aumento de 3,21% no “quantum” de importações. Segmentos de bens de capital também seguiram a mesma tendência. Equipamentos médico-hospitalares, de automação industrial e de precisão ficaram 4,45% mais baratos e tiveram aumento de 8,5% no volume de importação.

Em sentido inverso a categoria dos bens de consumo não duráveis apresentou um pequeno aumento de preço, de 0,71%, no segundo trimestre em relação ao primeiro. Para Callegari, isso ocorreu porque a freada nas importações no início do ano pela indústria foi maior do que a do comércio. “O efeito do estoque é mais concentrado nos bens intermediários, que são insumos industriais”, diz.

Fernando Pimentel, diretor-superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), explica que o comportamento da importação de insumos e de produtos acabados no setor têxtil apresenta defasagem. A compra de insumos, diz, tem uma reação mais rápida porque envolve contratos de prazos mais curtos, de cerca de três meses. Já no vestuário, com produtos acabados, os contratos variam de seis a nove meses. “Há ainda, para as roupas, um cronograma de importações em função das estações do ano”, explica. Isso contribuiu para uma diferença no comportamento de preços dos desembarques no segundo trimestre. Enquanto os produtos têxteis, que incluem insumos, ficaram 6% mais baratos em relação aos primeiros três meses do ano, o preço de artigos do vestuário e acessórios teve, segundo dados da Funcex, alta de 1,7% no mesmo período. Em relação ao segundo trimestre de 2008, porém, os preços do vestuário caíram 12,17%.

Para Fernando Ribeiro, economista da Funcex, os preços ainda não chegaram ao nível mínimo. Para ele, a tendência de queda de preços, mais acentuada nos bens intermediários durante o primeiro semestre, deverá ter continuidade até o fim de 2009 e deve atingir também os bens de consumo duráveis e não duráveis, em função da baixa demanda no mercado internacional. “Ainda há uma sobreoferta de produtos, o que tende a resultar em novas quedas de preço.”

Júlio Callegari acredita que a sobreoferta e o interesse dos fornecedores em manter a participação de mercado deverá afetar os contratos, mas, para ele, o processo de queda de preços em dólar já se esgotou para bens intermediários e de consumo. “A tendência em relação a bens de consumo é de estabilidade de preços e, para bens intermediários pode haver até mesmo um pequeno crescimento na margem”, analisa. Essa elevação seria ocasionada pela maior demanda da indústria brasileira, em um movimento de retomada de produção e aumento no volume de importação de insumos.

Para Callegari, a sobreoferta no mercado internacional deve afetar mais os bens de capital, com uma “pressão de baixa” nos preços. “Os bens de capital dependem do nível de investimento, que é a última perna do ciclo de retomada”, diz.

Os dois economistas concordam com a tendência de aumento no volume de importações para o segundo semestre em relação ao primeiro, principalmente de bens intermediários. Callegari diz, porém, que será uma elevação na ponta. “No acumulado do ano terminaremos com queda em relação ao ano passado porque temos uma base de comparação muito alta.” Fernando Ribeiro vai na mesma linha. “Nós fechamos o primeiro semestre com uma queda de quantum de 23% nas importações. Não devemos terminar o ano assim. Deve acontecer uma desaceleração na redução de volume.”
Fonte: Valor Econômico

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