Fuga da poupança pode encarecer crédito imobiliário, dizem especialistas
Por InfoMoney
SÃO PAULO – A captação líquida da caderneta de poupança ficou negativa em R$ 3,227 bilhões no primeiro semestre do ano, segundo dados do Banco Central divulgados nesta quarta-feira (6).
Ao mesmo tempo que a captação da poupança tem diminuído, o financiamento de imóveis com recursos desta aplicação está em trajetória de alta. Em abril, foram emprestados R$ 6,16 bilhões de recursos da poupança para financiamentos imobiliários, uma alta de 42% frente ao mesmo período do ano passado, segundo a Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança).
Segundo especialistas, a falta de recursos da caderneta de poupança pode encarecer o financiamento imobiliário, já que os bancos são obrigados a destinar 65% dos depósitos em poupança para o crédito habitacional.
“O crédito com recursos da poupança é o mais barato para o mercado. Se for necessário utilizar outros tipos de recursos, as taxas podem ficar mais altas para o consumidor”, afirma o professor de finanças da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), Fábio Gallo.
Aumento da taxa de juros
O professor de economia da FGV (Fundação Getulio Vargas), Armando Castelar, concorda, mas ressalta que a captação da poupança nos próximos meses vai depender muito da dinâmica dos juros.
“Com os juros altos, os investidores buscam aplicações mais rentáveis, como os títulos do Tesouro Direto e os fundos de renda fixa. Entretanto, a tendência é que os juros entrem em trajetória de queda no médio prazo, com o controle da inflação”, afirma.
Por isso, para o professor, caso a tendência se mantenha e os juros voltem a recuar, é possível que a caderneta de poupança volte a ter captação positiva nos próximos semestres.
“Entretanto, se isso não acontecer e faltar recursos da poupança para o financiamento de imóveis, a tendência é que realmente haja um encarecimento do crédito”, pontua.
Outras fontes de recursos
De acordo com os especialistas, além dos recursos da poupança, as instituições também podem buscar financiamento por meio do mercado de capitais, com o processo de securitização – que transforma bens imobilizados em títulos passíveis de negociação, como o CRI (Certificado de Recebíveis Iobiliários) e as LCI (Letras de Crédito Imobiliário). Ou então, por meio de recursos próprios dos bancos.
"Crédito não faltaria, mas ele se tornaria mais caro", conclui Gallo
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