Com a queda das exportações brasileiras para mercados como Argentina e Estados Unidos, o diretor-superintendente da Abit, Fernando Pimentel, aposta, no longo prazo, nos mercados não tradicionais.
Marina Sarruf marina.sarruf@anba.com.br São Paulo – O futuro da indústria têxtil brasileira está na Ásia e no Oriente Médio. A afirmação é do diretor-superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel, que aposta, no longo prazo, nos mercados não tradicionais para aumentar as vendas externas do setor, que apresentaram queda de 37% nos cinco primeiros meses do ano em relação ao mesmo período de 2008, segundo dados divulgados ontem (18) em entrevista coletiva.
De janeiro a maio, as exportações brasileiras do setor têxtil renderam US$ 465 milhões, contra US$ 740 milhões do mesmo período no ano passado. A queda das exportações foi maior do que a das importações, que passaram de US$ 1,5 bilhão para US$ 1,26 bilhão na mesma comparação.
“Essa queda foi superior a das importações porque o nosso principal mercado, a Argentina, colocou uma série de barreiras para a entrada de produtos estrangeiros, e o segundo maior mercado, os Estados Unidos, sofreram um baque tremendo em termos de consumo”, afirmou Pimentel.
De acordo com ele, isso faz com que a indústria têxtil comece a diversificar seus mercados. “Sem dúvida nenhuma o mercado árabe é um mercado importante para o Brasil e que está no radar das ações estratégicas da Apex junto ao programa TexBrasil, no âmbito do desenvolvimento da moda brasileira”, disse o diretor. Ele afirmou ainda que já existem muitas empresas brasileiras participando de eventos no Oriente Médio, “seja porque a região é um hub, que de lá vai para outros mercados, ou seja porque tem um mercado local que puxa a demanda”.
Segundo Pimentel, suprir ou cobrir a lacuna deixada pelos mercados norte-americano, europeu e japonês, que representam juntos 85% das importações de vestuários do mundo, é muito difícil, “mas olhando mais a longo a prazo, o futuro está muito mais na Ásia e no Oriente Médio do que nos mercados tradicionais”, disse.
Além das exportações, a produção do setor também vem demonstrando queda. De janeiro a abril, a produção têxtil caiu 11,6% em relação ao mesmo período do ano passado, e a produção de vestuário teve queda de 14,5%. “Vai ser muito difícil recuperar essa perda até o final do ano”, afirmou o diretor.
No ano passado, a produção brasileira do setor têxtil alcançou 5,5 bilhões de peças, as vendas da indústria somaram US$ 30 bilhões no ano e os investimentos no setor foram recorde, de US$ 1,5 bilhão. De janeiro a abril, os investimentos já somam US$ 216 milhões. “O Brasil tem um grande potencial para exportar, mas temos que recuperar o terreno perdido”, disse Pimentel.
A maior parte das empresas têxteis brasileiras é de micro e pequeno portes. Para facilitar o crescimento dessas empresas no mercado, a Abit vem lutando para diminuir a carga tributária brasileira, aumentando o valor máximo do Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte (Simples), gerando créditos na cadeia produtiva intensiva de mão-de-obra para reduzir custos, entre outras medidas.
“Se o Brasil pretende ser player mundial temos que ter condições favoráveis para competir no exterior”, afirmou o diretor, que também falou do câmbio desfavorável para exportação. A meta da Abit é ampliar em 10% a participação das empresas do setor no mercado externo.
As projeções para este ano, segundo Pimentel, são complicadas. “Se conseguirmos que as vendas equivalham às do ano passado, vai ser uma grande vitória”, afirmou.
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