Uma mudança regulatória visando uma maior segurança de produtos de beleza está em curso nos Estados Unidos. Ela acontece por meio de um projeto chamado Personal Care Products Safety Act, uma campanha que tem o apoio de grandes empresas do setor e sociedades médicas. Tais entidades acreditam na necessidade de fechar o cerco contra ingredientes que são potencialmente agressivos ao corpo humano e ao meio ambiente. O movimento que pretende mudar as regras federais americanas de fiscalização é acompanhado e impulsionado também por uma alteração significativa do perfil do consumidor global.
Letras miúdas
Os apaixonados por beleza estão cada vez mais apegados à leitura de rótulos. Eles querem saber se os produtos são orgânicos, biodegradáveis e recicláveis. “A tendência dos cosméticos naturais surge da real necessidade de mantermos um ciclo sustentável para produzir no futuro. O óleo mineral, derivado de petróleo, por exemplo, um dia vai acabar. Melhor utilizarmos óleo vegetal obtido por meio de cultivo sustentável ”, diz Lucas Portilho, consultor e pesquisador em cosmetologia, de Campinas (SP).
Enquanto algumas empresas tentam se adequar à produção segura para o ecossistema, outras fazem o greenwashing (lavagem verde). “Esse termo descreve a movimentação de companhias para disfarçar um cosmético cheio de substâncias sintéticas e de fonte não renovável como sendo natural”, alerta Lucas.
A saída para não cair no truque é buscar informação. “Se por um lado somos a geração mais contaminada de todos os tempos, com poluição vinda dos mais variados meios, por outro somos a mais informada. A pessoa pode fazer contato direto com a empresa para saber mais sobre a fórmula, exigir testes e laudos de qualidade do cosmético. E não basta acreditar na qualidade dos produtos apenas porque eles têm preço alto”, diz Sonia Corazza, engenheira química especializada em cosmetologia. A profissional ainda indica, para saber mais sobre a toxicidade do produto de beleza, acessar plataformas online gratuitas, como o balizador de compra Environmental Working Group (EWG) Skin Deep Cosmetics Database. Por lá, é possível digitar o ingrediente de qualquer fórmula e entender o quanto ele pode ser agressivo ou não.
Outro ponto importante que precisa ser colocado no radar é sobre o quanto produtos naturais são capazes de certas mudanças no visual. “Gostaríamos que o natural fosse capaz de proporcionar todas as transformações de salão de beleza, por exemplo, mas isso ainda não é possível. Não dá para você descolorir de fato um cabelo sem o uso de pós descolorantes. As brasileiras gostam de ser loiras. Então, precisam saber que os produtos envolvidos no processo, atualmente, evoluíram para serem menos agressivos. Mas não existe milagre. Para uma cabelo escuro ficar platinado, é necessário descolorir os fios e a parte química é uma etapa do processo. Cabe a ela ponderar e decidir se quer passar por isso”, diz Lucy Cossenzo, terapeuta capilar do ROM Concept, de São Paulo.
Glossário da beleza mais limpa
Karina Soeiro, mestre em ciências farmacêuticas pela USP, de São Paulo, e Lucas Portilho, consultor e pesquisador em cosmetologia, de Campinas, ensinam a decifrar alguns ingredientes que fazem parte de muitas das fórmulas oferecidas no mercado de beleza atual.
Sulfato: está na fórmula como lauril sulfato de sódio e lauril éter sulfato de sódio. É um componente detergente e surfactante capaz de causar irritações em peles sensíveis, além de ressecamento dos fios de cabelo. Alternativas vegetais foram desenvolvidas, mas a maioria delas ainda é extraída de petroquímicos, nada ecológicos.
Parabenos: estudos indicam que esses conservantes podem alterar o sistema hormonal. E também desequilibrar o ecossistema, poluindo lençóis hídricos. Você pode encontrá-lo na fórmula como paraben, parabeno ou o nome mais algum prefixo, como butilparabeno.
Ftalatos: presentes em fragrâncias. “São disruptores endócrinos e podem, por isso, causar a alteração hormonal. São classificados como possivelmente carcinogênicos para humanos e proibidos em vários países na Europa e nos Estados Unidos”, diz Karina Soeiro. No rótulo, pode estar como phthalate, DEP, DBP, DEHP e fragrance.
Petrolatos: eles estão vistos nos rótulos como “petrolatum”. São extraídos do petróleo, uma fonte não renovável, e estão presentes nas fórmulas como parafina líquida (“paraffinum liquidum”), vaselina líquida e óleo mineral (“mineral oil”).
Fragrâncias sintéticas: segundo o farmacêutico Lucas Portilho, elas contêm vários alergênicos. São identificadas nos rótulos como “parfum”.
Silicones: não são um ingrediente sustentável, já que vêm de fonte não renovável. Nos rótulos, geralmente possuem terminações como cone, siloxane e conol.
por Paula Roschel
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