Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Grupo TKR Vitorian tenta assumir Sulfabril

Fonte: |Valor online|
Vanessa Jurgenfeld, de Florianópolis

Quase dez anos depois do seu pedido de falência, a Sulfabril, indústria de vestuário sediada em Blumenau (SC), ainda tem um futuro incerto. Recentemente, um grupo de investidores mostrou interesse em assumir a empresa, mas o Ministério Público de Santa Catarina ainda levanta dúvidas sobre a capacidade financeira dos interessados. Apesar do longo processo de falência, a empresa continua produzindo e empregando mais de mil funcionários.

A TKR Vitorian Participações, que desde 2007 vem fazendo uma avaliação econômica da Sulfabril, requereu em maio à Justiça a realização de uma assembleia de credores para que eles votassem e aprovassem a transferência da gestão da empresa falida para o seu comando. Esse seria o caminho natural, depois de já ter negociado propostas de renegociação de dívidas com alguns credores. O requerimento, contudo, ainda não foi julgado e desde junho esbarra no Ministério Público de Santa Catarina. A promotora de justiça Monika Pabst, que acompanha o caso desde 2001, até o momento, não deu parecer favorável à realização da assembleia.

Monika afirma que a TKR Vitorian não apresentou até agora documentos suficientes para comprovar sua capacidade financeira para assumir a Sulfabril. Sua preocupação é que a empresa que vier a assumir a massa falida tenha recursos de fato e também garantias reais, voltados ao pagamento dos créditos trabalhistas. "É preciso que não haja dúvidas de quem são e das garantias que possuem para os pagamentos, porque não se pode entregar uma massa falida para um aventureiro qualquer", afirmou.

A TKR Vitorian foi procurada pelo Valor, mas não concedeu entrevista. A empresa surgiu da união do grupo TKR, sediado no Rio Grande do Sul, com a Vitorian, sediada no Paraná. A principal atividade da Vitorian, que é majoritária na sociedade, é compra e venda de bens. A TKR chegou a atuar em refrigeração. Foi dona da Madef, mas depois vendeu o negócio.

"Acho que é uma forma de resolver o problema da Sulfabril. Ela pode ir à leilão ou ser transferida para terceiros. Eles já negociaram com o acionista Gerhard Fritzsche, com alguns credores e agora apresentaram a proposta em juízo", disse o síndico da massa falida da empresa, Celso Zipf, que esteve na última segunda-feira reunido com os investidores.

A Sulfabril chegou a ser, no início dos anos 90, um dos mais importantes grupos têxteis do país, com cerca de 5 mil funcionários. Em setembro de 1999, ela teve a autofalência decretada, ainda na antiga lei de falências. A empresa hoje tem 1,2 mil funcionários. A produção atual é grande, chega a cerca de 500 mil peças por mês em duas unidades - uma em Blumenau e outra em Ascurra, também em Santa catarina.

Nos tempos áureos, contudo, antes da crise do setor no fim dos anos 90, a fabricante era bem maior: fazia o dobro da produção atual. Duas outras fábricas da empresa, a de Gaspar (SC) e a de Rio do Sul (SC), estão desativadas. Atualmente, o faturamento da Sulfabril é de R$ 80 milhões por ano.

De acordo com informações do mercado, diversos fatores contribuíram para a falência da empresa, entre eles, problemas de gestão administrativa e a abertura econômica do mercado no governo Collor (1990 a 1992), que ampliou a concorrência no ramo de vestuário com a entrada maciça de importados a preços baixos no mercado nacional.

Não é a primeira vez, contudo, que um grupo se interessa pela Sulfabril. Outros, segundo Zipf, já tentaram fazer isso no passado, mas não chegaram a um acordo com o acionista Fritzsche. A diferença é que a TKR Vitorian já teria conseguido o apoio de Fritzsche e fechado algumas negociações com credores. O empresário, que tem o controle acionário da Sulfabril, por meio de seu advogado, Paulo Borba, foi procurado pelo Valor, mas não quis se pronunciar.

No primeiro trimestre deste ano, a TKR Vitorian fechou com trabalhadores, que são parte dos credores da Sulfabril, uma proposta de parcelamento do total devido pela Sulfabril em verbas trabalhistas. O Sindicato dos Trabalhadores do Setor Têxtil de Blumenau e região (Sintrafite) realizou uma assembleia e o plano foi aprovado por maioria. Vivian Bertoldi, presidente do Sintrafite, disse que a renegociação envolve pagamentos bimestrais de R$ 600 mil durante 58 meses, priorizando as dívidas menores. No total, são 2,3 mil trabalhadores que são credores da Sulfabril. Depois da aprovação, o Sintrafite encaminhou à Justiça solicitação de assembleia de credores. "Estamos apostando que esse pessoal é sério e vai cumprir com o prometido", afirmou Vivian.

Zipf explica que com 25% dos credores (em valor e não em número de pessoas ou firmas) aceitando a proposta poderá ser requerida uma assembleia. Com dois terços dos credores em assembléia, se poderá, então, decidir ou não pela transferência da empresa para terceiros ou por outra forma de liquidação do ativo. A princípio, de acordo com a promotora, não se cogita em nenhuma das formas de liquidação o retorno do falido (Gerhard, o dono) para a administração da massa.

Além dos trabalhadores, a Sulfabril possui dívidas com bancos e com o fisco (tributos). A TKR Vitorian já iniciou negociações com ambos. No total, o endividamento da empresa é de cerca de R$ 230 milhões. Só de créditos trabalhistas são cerca de R$ 23 milhões.

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Comentário de jose claudio frança em 14 julho 2009 às 8:40
Vamos torcer pela autosuficiencia da TKR e que conduza a Sulfabril crescentemente.

Claudio França

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