Fonte:|clicrbs.com.br|
Por trás da imagem dos dois peixinhos, uma trajetória que chega aos 130
anos. A Hering, palavra que em alemão significa arenque, um tipo de
peixe parecido com a sardinha, desembarcou em Blumenau quando a cidade
ainda recebia os primeiros imigrantes alemães. Entre eles, dois irmãos
que traziam no sobrenome os dois peixinhos, Hermann e Bruno Hering.
O
primeiro produto foi justamente o que se tornaria mais conhecido, a
camiseta básica. No começo, a peça era usada por baixo das roupas
tradicionais ou como pijama. Com o tempo, foi incorporada ao
guarda-roupa do brasileiro. Até hoje, já foram fabricadas mais de 5
bilhões de camisetas.
Em busca de lucratividade, a empresa
blumenauense precisou se adaptar aos diferentes “Brasis”. E para chegar
aos 130 anos na sua melhor forma, teve que ir além da tradição e se
reinventar. Nas palavras do diretor administrativo da Cia Hering, Carlos
Tavares D’Amaral, o que era uma indústria têxtil hoje é uma empresa de
moda de varejo que tem uma indústria como suporte, um grande diferencial
competitivo. A mudança traz resultados positivos. A expectativa é de
que neste ano a empresa centenária fature, pela primeira vez, mais de R$
1 bilhão.
Desempenho que é reconhecido pelo mercado nacional. A
Hering acaba de ser eleita a empresa do ano na premiação Melhores e
Maiores da revista Exame. Recebeu, também, o título de melhor do setor
têxtil. O prêmio, entregue em julho, é concedido com base nos dados de
mais de 3 mil empresas, analisados pelo Instituto de Pesquisas Contábeis
da Universidade de São Paulo (USP).
Bisneto de Hermann Hering,
D’Amaral está na companhia desde 1975. Começou na área de tecnologia de
informação, na época, chamada apenas de “sistemas”. Desde 2002, é
diretor administrativo. Aos 60 anos, é um dos quatro membros da família
no controle da empresa – os outros são Fábio Hering, presidente; Ivo
Hering, presidente do conselho de administração; e Hans Prayon, membro
do conselho. Ele lembra que o novo ciclo da empresa teve início em 2000.
–
Por alguns anos, andamos de lado para nos fortalecer e, mais para
frente, poder crescer. Fizemos a lição de casa, apertamos o cinto,
retiramos algumas marcas do mercado, deixamos de vender nos canais mais
massivos, onde a margem de lucro é mais estreita, e privilegiamos as
lojas da nossa franquia.
Em 2007, a empresa decidiu não fazer
mais marcas de terceiros e focar apenas nas próprias – Hering, PUC e
dzarm. No mercado internacional, mirou primeiro a América Latina, para
depois tentar alçar voos mais longos.
– E o potencial é de crescer mais ainda nos próximos anos – destaca D’Amaral.
Antes,
instalava suas lojas em cidades com pelo menos 250 mil habitantes.
Agora, está atendendo aquelas a partir de 100 mil. A rede terminou o
semestre com 292 lojas da Hering Store no país – entre próprias e
franquias. A meta é fechar 2010 com 325.
A empresa também adotou o
modelo de produção híbrido – que combina produção própria, terceirizada
e outsourcing (compra de produto acabado). Em 2008 e 2009, focada no
mercado nacional, estava bem estruturada novamente, a ponto de não
sentir impactos significativos da recente crise financeira
internacional. Hoje, da produção média mensal de 4 milhões de peças, 95%
ficam no Brasil e os 5% restantes vão para o exterior.
– A
Hering é uma marca democrática, que transita bem entre diferentes
classes sociais. Mas estávamos nos distanciando das classes B e C. A
ideia foi resgatar um consumidor que tinha deixado de comprar nossos
produtos – conta.
O diretor diz que é difícil apurar o valor da
marca Hering hoje. Mas para dar uma dimensão do crescimento, cita o
ganho em mais de 20 vezes do valor de mercado. Em 2006, o valor de
mercado da Hering era de cerca de R$ 152 milhões. Neste ano, transita na
casa dos R$ 3,5 bilhões. D’Amaral destaca o importante peso da tradição
do nome Hering neste cenário de crescimento.
– Estar no mercado
há 130 anos e sempre com um padrão de qualidade adequado garante
legitimidade para a marca. Todo mundo compra Hering desde sempre –
afirma, brincando com o slogan da empresa.
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