Dmitri Krakovski, Chief Product Officer da Docusign, dá entrevista ao IT Forum e conta detalhes de planos da empresa com tecnologia.
Se os contratos digitais já foram sinônimo de facilidade para empresas, a Inteligência Artificial chegou para automatizar ainda mais o mercado. Os antigos PDFs, muitas vezes longos ou armazenados em locais que nem sempre eram encontrados, agora podem se tornar fontes de resumo e análise automatizadas.
Em entrevista ao IT Forum, Dmitri Krakovski, Chief Product Officer da Docusign, conta detalhes da nova plataforma da empresa, apoiada em IA que promete não só ajudar o jurídico, mas as áreas de negócios a ter mais inteligência e automatização em seus processos.
“Agora, usando IA e outros mecanismos, estamos criando uma estrutura para esses dados e expondo-os de forma que os usuários possam nos fazer perguntas, consultar filtros, classificar, relatar agregados. Desde perguntas mais simples, como quanto dinheiro estou gastando”, exemplifica ele.
Confira os melhores momentos do bate-papo:
IT: Como a Inteligência Artificial está mudando o mercado de contratos digitais?
Dmitri Krakovski: Primeiro, precisamos estabelecer como pensamos sobre os desafios desse mercado. Ao longo dos anos, conforme conversamos com os clientes e os vemos usar nossos produtos, os contratos digitais muitas vezes ficam presos nos vendedores ou não são executados da melhor maneira. As negociações podem levar dias, semanas ou até meses.
Tudo isso resulta em uma gigantesca perda econômica. Acabamos de fazer um estudo com a Deloitte, que estima ser um problema de US $ 2 trilhões por ano. Então, esse tipo de horizonte aberto é, para nós uma oportunidade de facilitar a negociação, aprovação, análise e execução de documentos. Além da condução de todos os processos subsequentes, como entender quais são minhas obrigações para com você, suas obrigações para comigo como contraparte.
Hoje, para entender tudo isso, o profissional tem que buscar um contrato, que não é um arquivo simples, armazenado em algum lugar que, muitas vezes, nem sabem onde. Dentro desse contexto, a IA é obviamente muito importante. Uma das soluções que estamos lançando é o Intelligent Agreement Management (IAM). [A plataforma e suas aplicações conectarão os diferentes componentes do processo de gerenciamento de acordos e utilizarão inteligência artificial para acelerar a criação de documentos, além de aprimorar negociações e fornecer insights estratégicos para que as empresas gerenciem seus portfólios].
Com a plataforma, o cliente pode pesquisar, filtrar, reportar, agregar esses dados. Ou seja, deixa de ser um monte de textos. Eles se tornam estruturados, com datas, números e outras informações. Essa é uma das grandes aplicações de IA para nós.
E, agora, você pode alimentar esses sistemas posteriores, os sistemas de construção, os sistemas de coleta. Você não precisa de humanos olhando o texto dos contratos digitais e redigitando manualmente em algum outro sistema. Você sabe que essa IA extrai esses dados e alimenta nas forças de vendas ou em outros sistemas.
A segunda aplicação está na capacidade do produto, permitindo que os humanos entendam o texto desses longos contratos de uma maneira muito mais fácil. O documento talvez tenha 10, 20 ou 30 páginas. Mas, se você só quer obter uma informação importante, nós fornecemos um rápido resumo para que possa entender o que está no contrato.
Mas, no futuro, ainda teremos outras inovações. Nós anunciamos a aquisição da Lexion, uma empresa com capacidades de IA no espaço jurídico e uma das funções que estamos trabalhando com eles é a negociação automática. Pense assim: geralmente, as empresas definem um conjunto de termos que querem ter em seus contratos. Quando recebem o documento, os advogados têm que analisar o seu manual e ver o que a empresa define como aceitável e, manualmente, dizer o que não aceitam.
A IA compara os contratos digitais que estão chegando, encontra os termos e propõe as mudanças. Com o tempo isso será cada vez mais automatizado. Portanto, estes são apenas alguns dos exemplos, mas haverá muitos mais, especialmente quando olhamos para esse ciclo de vida mais amplo do produto.
IT Forum: Outra característica da plataforma é evitar as armadilhas contratuais. Como isso funciona?
Dmitri Krakovski: Grande parte da indústria foi digitalizada e automatizada nos últimos anos. Você olha para as finanças, olha para o CRM, olha para o RH, são todos dados digitais. Mas se você olhar no mercado de contratos, ele está digitalizado, mas ainda é como uma grande bolha de texto. É um PDF. As pessoas gostam de imprimir aquele PDF e guardá-lo embaixo da mesa e ele nunca mais vê a luz do dia.
Agora, usando IA e outros mecanismos, estamos criando uma estrutura para esses dados e expondo-os de forma que os usuários possam nos fazer perguntas, consultar filtros, classificar, relatar agregados. Desde perguntas mais simples, como quanto dinheiro estou gastando.
Nos contratos entre empresas, você gera o contrato, negocia os termos de um lado e de outro e depois manda, por exemplo, para o CEO aprovar. O que precisamos é orquestrar tudo isso. Para isso, parte do recurso que estamos lançando é uma ferramenta em que os clientes definem qual processo eles desejam, com base nos componentes que nós provemos.
IT Forum: Quando falamos sobre contratos, há a alguma dificuldade de treinar a IA para que ela saiba termos jurídicos em diferentes idiomas?
Dmitri Krakovski: Primeiro de tudo, os modelos modernos, hoje em dia, não são construídos para linguagem, são geralmente construídos como modelos multilíngues. Então você pega exemplos de linguagens diferentes e coloca tudo nesse modelo, que é capaz de entender várias línguas. Por isso, em geral, trabalhar com diferentes idiomas não é uma limitação da modelagem.
Porém, quando chegamos em diferentes países, há coisas que precisamos fazer. Precisamos entender a estrutura do contrato. E precisamos ser capazes de avaliar esse modelo para entregá-lo aos clientes.
Especificamente sobre a linguagem jurídica, ela é muito específica. Uma vírgula pode mudar o sentido da frase. Nós reconhecemos isso e temos muito cuidado na extração de dados dos contratos. Nós criamos resumos de termos-chave. Não acreditamos em uma linguagem, mas no resumo ou nos termos. Encontramos os termos entre o que a empresa deseja e o que foi recebido e estamos lentamente tentando entrar nesta geração de linguagem para advogados.
IT Forum: Vocês estão usando modelos do mercado ou estão desenvolvendo seu próprio modelo para a plataforma?
Dmitri Krakovski: Ambos. Em geral, nós estamos tentando todos os modelos de terceiros. Sinceramente, acho que é o caso para a maioria da indústria, acaba sendo uma combinação de modelos diferentes.
Nós conseguimos extrair uma precisão muito maior com os modelos que construímos, mas em algumas áreas usamos modelos de terceiros. É uma mistura e combinação de tecnologia. Tudo está evoluindo muito e muito rápido. Todo dia há algo novo. Então, fundamentalmente, a arquitetura é tal que podemos conectar e usar coisas diferentes e combiná-las entre si para fornecer a máxima precisão aos nossos clientes.
IT Forum: No Brasil, a maior parte das empresas são pequenas e médias. As novas funcionalidades também serão viáveis para elas?
Dmitri Krakovski: Qualquer tipo de empresa poderia usar a plataforma. Na verdade, eu diria que as grandes empresas têm uma vantagem distinta: têm muito dinheiro para contratar muitos programadores para escrever muitos códigos especializados. Mas, mesmo que sejam suficientes, é caro para eles.
Mas para uma empresa de médio porte, imagine ter essa funcionalidade sem precisar escrever uma única linha de código. Agora, quando você se torna um negócio muito grande, pode ter um conjunto muito especializado de necessidades e querer usar os dados de determinadas maneiras, seja qual for. E estamos fornecendo ferramentas para que eles façam isso também.
IT Forum: Estas funções de IA já estão disponíveis globalmente?
Dmitri Krakovski: Não. Nós disponibilizaremos em 10 dias na América do Norte, e então temos um roteiro, passando por diferentes países e idiomas diferentes até o final deste ano e início do próximo ano.
Ainda não temos uma data para o Brasil ou a América Latina. Espero que isso aconteça no início do próximo ano, mas acontecerá quando estivermos prontos para uma operação totalmente formal e com bons recursos.
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