Fonte: |moda.terra.com.br|
O estilista Giorgio Armani completa neste sábado 75 anos de vida. Destes, 35 são dedicados à marca que leva seu nome e que revolucionou o conceito de vestir não só dos italianos, mas dos homens e das mulheres de todo o mundo.
A fórmula, depois de criada, usada e aprovada, parecia simples. Mas precisou a genialidade desse mestre de pele invariavelmente bronzeada, e hoje com cabelos brancos, para mostrar que o paletó do homem poderia ser desconstruído e reconstruído de forma mais suavizada, mas não menos masculina, com o lançamento da primeira coleção com seu nome, em 1974.
De lá para cá, Armani influenciou várias grifes masculinas, que até hoje mantêm o estilo elegante e moderno de fazer roupas. O estilista liderou, sem levantar bandeiras, o movimento de colocar o conceito de luxo no prêt-à-porter italiano, cuja excelência em tecelagem era mais do que reconhecida. Ou seja, uma peça simples e elegante, mas feita de forma absolutamente refinada e com os fundamentos da boa alfaiataria.
Todo o trabalhado desenvolvido em cima da vestimenta masculina foi transportado para o vestuário feminino. E não dá para falar de anos 1980, por exemplo, sem lembrar dos tailleurs criados por Armani, com suas ombreiras, corte e tecidos tipicamente masculinos usados pelas mulheres. Estilo - ou quase um uniforme - copiado pelo resto do mundo.
Se Yves Saint Laurent já havia criado o smoking feminino em 1966, Armani foi o pai da mulher forte e executiva, que conquistava o mercado de trabalho entre o fim dos anos 1970 e com mais força na década seguinte e nas outras. A vida das empresas e o universo do trabalho estavam intimamente ligados à vida pessoal de todos que quisessem ter sucesso.
E, para as mulheres, nada como uma roupa forte, prática e dinâmica para ganhar espaço num universo dominado pelos homens. Todos os conceitos da roupa masculina/feminina estavam lá. E mantêm-se até hoje. Paletós, calças e camisas nunca mais abandonaram o guarda-roupa do ¿sexo frágil¿. Basta ver os últimos desfiles de moda, inclusive os de alta-costura que terminaram na última semana em Paris.
O começo
O primeiro desfile da coleção feminina de Armani aconteceu em outubro de 1975. Sua irmã Rosanna e as amigas queriam os mesmos blazers masculinos feitos por Armani desde o ano anterior. Pedido atendido. Em julho de 1975 ele e seu amigo e sócio Sergio Galeotti criavam a empresa Giorgio Armani S.p.A - primeiro com as peças masculinas e depois com a femininas. O primeiro desfile Giorgio Armani Uomo ocorreu no mesmo mês e ano da fundação da firma. Com a morte de Galeotti em 1985, o gênio criador passa também a gerir com mão forte e pulso de ferro o império que se transformaria a marca.
Em 1981, já havia sido lançada a Empório Armani, com roupas mais acessíveis. Dez anos depois, surgiu, nos Estados Unidos, as lojas A/X Armani Exchange. Hoje, a empresa mantém, além das citadas, a Giorgio Armani, Armani Privé, Armani Collezioni, Armani Junior e Armani Casa, incluindo design, fabricação, distribuição e venda de todos os produtos de moda e estilo de vida: de roupas luxuosíssimas a jeans, celulares, óculos e cuecas, como a campanha de underwear estrelada desde junho pelo jogador David Beckman.
À margem do movimento de aquisição de marcas por grandes conglomerados, iniciado nos anos 1990, Giorgio Armani, nos últimos cinco anos, por meio de um programa de investimentos estratégicos, investiu mais de 650 milhões de euros gerados dentro de sua própria empresa para verticalizar a produção, ou seja, ser responsável por todo o processo do começo ao fim. Todas as decisões passam por ele, um workholic assumido, que não tira férias e não para de expandir seus negócios.
Logo após o desfile da última terça-feira, em Paris, da luxuosíssima Armani Privé, anunciou o lançamento para setembro de mais um perfume, o Idole d´Armani. Segundo sua assessoria de imprensa, a empresa registra um crescimento anual de 14%. Não à toa, sua marca é uma das mais vestidas por celebridades em todo o mundo. O estilo Armani pode ser adquirido no Brasil em três lojas Empório Armani, duas butiques Giorgio Armani; e cinco unidades A/X Armani Exchange.
Quase médico
E pensar que o estilista, nascido em Piacenza em 1934, no Norte da Itália, assim como seus irmãos Rosanna e Sergio, cursou dois anos de medicina e começou a se questionar sobre a vocação durante a temporada que precisou servir no exército, em meados dos anos 1950. Foi então que resolveu aceitar a função de vitrinista e depois de comprador da loja de departamento La Rinascente, fundada em 1865 em Milão. Seu estilo, que começou a ser formado vendo a forma sóbria de sua mãe, Maria, de se vestir, terminou de ser moldado com os anos trabalhando para a grife Nino Cerruti e depois como estilista freelancer, para marcas como Ungaro e Zegna.
Hoje, um de seus "quartéis-generais" fica no chamado quadrilátero da moda, em Milão, não muito longe de uma das 13 unidades da mesma La Rinascente, que ainda vende roupas e acessórios de grifes famosas e artigos para casa. Longe de bisturis e remédios, Armani realmente fez uma intervenção cirúrgica na moda mundial, mostrando, por meio de linha e tesoura, que a simplicidade e o conforto caminham lado a lado com a elegância. Tanto para homens, que passaram a usar ternos mais suaves; quanto para mulheres, que ganharam uma silhueta mais forte, porém sempre feminina. E tudo na medida certa, sem exageros ou excessos. Simplesmente, o estilo Armani de ser.
Especial para Terra
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