Com queda no número de vagas e ainda sem sentir os reflexos da alta do dólar, empresários dos setores têxtil e calçadista se mostram apreensivos com o panorama dos mercados interno e externo. Para evitar ainda mais demissões e se armar contra os efeitos da crise mundial, cortam custos e pedem ajuda ao governo.
Empresas de tecidos e confecções têm fechado postos de trabalho. Segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT), o saldo da geração de empregos no setor têxtil e de confecções no período de janeiro a maio de 2012 foi de 13.262, contra 16.943 no mesmo período de 2011. No acumulado de junho de 2011 a maio deste ano, 15.910 vagas foram fechadas, situação bastante diferente em relação ao acumulado de janeiro de 2010 a maio de 2011, quando o setor gerou 24.779 vagas.
O presidente da ABIT, Alfredo Emílio Bonduki, afirma que os números se devem à queda na produção. “No ano passado, registramos queda de 14% na produção têxtil e de 5% na de confecção, e esse ano a situação se agravou”, diz. Em 2011, de acordo com Bonduki, houve aumento de consumo, mas falta de matéria-prima no mercado, o que obrigou os fabricantes a reduzirem seus estoques e a produção. “Ao mesmo tempo que o varejo cresceu, a importação também cresceu, e o mercado acabou abastecido por produtos de fora, que inclusive substituíram parte da produção nacional. Com esse panorama, foi preciso demitir”, diz.
A situação é parecida no mercado calçadista, que fechou os primeiros cinco meses do ano com queda de 3,7% no número de vagas. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), 351.600 trabalhadores estavam registrados nas empresas do setor – 14 mil a menos do que no mesmo período do ano passado.
O que leva o calçado a essa situação é o aumento das importações da China e a diminuição do número de exportações. Segundo o diretor executivo da Abicalçados, Heitor Klein, o panorama favorável do último ano não se repete em 2012. “Até o final do ano passado, o mercado estava bastante aquecido, e agora estamos em um período de queda no consumo de calçados no Brasil”, diz. Klein explica, porém, que há previsão de melhora nas vendas, principalmente na exportação. “A temporada primavera-verão no hemisfério Norte começa em julho e vai até setembro. Também é preciso esperar a realização desses eventos para perceber qual vai ser o efetivo impacto da alta do dólar. Certamente teremos uma melhora”, prevê.
Brasil não consegue bater produtos chineses
Nos estados que se baseiam na importação de commodities agrícolas e mineirais, o peso dos produtos asiáticos não é sentido com tanta intensidade. “O problema é que, no caso da indústria calçadista e da têxtil, o país enfrenta uma concorrência difícil de ser batida. A mão-de-obra chinesa é mais barata e ainda existem as diferenças tributárias”, diz o economista e especialista em comércio internacional Vitor Galesso. Para o especialista, uma das possíveis saídas para os setores mais prejudicados é buscar mercados alternativos, como a África, e nichos do mercado nacional. “É preciso encontrar rotas de fuga para onde se tenha competitividade”, afirma.
Entre as maiores incertezas dos exportadores, o câmbio ainda não foi responsável por mudanças na situação dos setores de tecidos e calçados. Galesso afirma ser difícil fazer previsões, mas garante que o posicionamento do governo deve manter o dólar estável pelo menos até o final do ano. “Seguindo o panorama do governo de intervenções parciais no mercado, a moeda não deve passar de R$ 1,90, nem estourar R$ 2,10″, diz. Por enquanto, além da redução de custos, os dois setores apostam também no apoio do governo, que pode criar medidas de proteção comercial.
FONTE: PORTAL TERRA
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